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Inclusao Social

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Por:   •  29/11/2013  •  5.505 Palavras (23 Páginas)  •  290 Visualizações

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Os Desafios da Inclusão Escolar no Cotidiano da Escola Regular

Rede SACI

08/08/2005

"Traçar um plano de inclusão é algo que precisa ser pensado e planejado, bem como desenvolver políticas claras de que demanda um processo complexo e, sobretudo, fundamental no espaço educacional"

Janilcélia de Fátima Neves

O presente artigo aborda o cotidiano de uma escola regular da rede municipal de ensino que desenvolve o processo de inclusão, implementado a partir da matrícula de uma criança com síndrome de Down. A partir do relato do dia a dia e dos procedimentos vivenciados, apresenta uma análise do processo de planejamento das aulas, avaliação, currículo e do projeto pedagógico existente, bem como das crenças e resistências dos profissionais envolvidos. A escuta desse cotidiano permitiu a constatação da necessidade de discussão do verdadeiro significado da inclusão em sua dimensão teórica e prática. Indica, também, que a construção de uma efetiva Escola Inclusiva precisa acontecer a partir de transformações nos diferentes segmentos analisados, garantindo um processo de qualidade para todas as crianças.

Introdução

A escola regular como espaço educacional de todos vem a cada dia sendo mais questionada pelas suas práticas cotidianas. A discussão sobre a inclusão de todos neste ambiente, tem, recentemente, exigido propostas político pedagógicas inovadoras que estimulem as diferenças individuais e assegurem oportunidades iguais aos alunos. Sobretudo, a resistência à mudança de paradigma tem levado essa ambiência a selecionar uma parcela da população que se adapte bem às demandas que esse modelo educacional determina.

Através desse ponto de vista foi lançada a tarefa de pesquisar a escola regular de todos, na intenção de observar e refletir se este espaço proporciona a igualdade de oportunidades e respeita as diferenças no seu interior.

Para tanto, o cenário escolhido para realizar este trabalho de investigação foi uma escola da rede regular de ensino da rede municipal da cidade de Arcos, durante o período de novembro de 2003 a abril de 2004. A escolha dessa escola ocorreu pelo fato da mesma ter implementado um projeto de inclusão a partir da matrícula de uma criança com deficiência.

Para realizar a pesquisa ficou traçado como objetivo principal, analisar a escola regular nas instâncias da elaboração do projeto político pedagógico, do desenvolvimento da prática pedagógica, do currículo, da avaliação e das crenças e resistências dos profissionais da escola e como estava desenvolvendo seu trabalho de inclusão de todos.

A metodologia desse trabalho se baseou numa pesquisa de natureza qualitativa, onde foram realizadas observações diretas na escola e na sala de aula de educação infantil onde se encontrava matriculada uma criança com síndrome de Down. Nesse contexto, também, foram realizadas as entrevistas semi-estruturadas com a diretora, a supervisora pedagógica e a professora da referida classe. Na oportunidade, foi feita uma análise do projeto político pedagógico da escola para uma leitura detalhada de seus elementos constitutivos.

Para maior clareza de como essa escola regular desenvolvia o processo de inclusão no seu interior, tornou-se necessário, também, desvendar os significados culturais de seus profissionais com relação ao processo de inclusão escolar, com o intuito de identificar se os visíveis discursos sobre a inclusão estavam coerentes com a prática cotidiana.

O dia a dia na escola com proposta inclusiva

A descrição de algumas situações rotineiras na sala de aula mostra bem a realidade de inclusão que a escola acreditava estar desenvolvendo: a primeira visita na sala de aula ocorreu numa terça-feira em novembro de 2003. A professora e os alunos foram acolhedores. Foi percebido no comportamento da professora um certo nervosismo quando falava com os alunos, pois gaguejava um pouco. De repente, a professora chamou os alunos para sentarem-se em rodinha no chão. No momento em que estiveram presentes na atividade, os alunos foram estimulados a cantar. A seguir, a professora trabalhou com a leitura do alfabeto e dos nomes dos alunos. Ela insistia, várias vezes, na participação do aluno com síndrome de Down: o Rafael. O olhar dela buscava a direção da pesquisadora enquanto desenvolvia a atividade.

Depois desse momento, a professora solicitou que todos os alunos fossem se sentar nas carteiras. Neste instante, Rafael saiu correndo e foi se esconder debaixo da mesa do colega. A professora o chamou por várias vezes, mas ele não a atendeu, então, ela o buscou e levou até a sua carteira.

A seguir, a professora distribuiu uma atividade mimeografada com o desenho de um cão para que o mesmo fosse pintado com tinta. Os alunos estavam agrupados de quatro em quatro. Cada aluno iniciou sua tarefa. No entanto, Rafael aguardou a presença da professora que minutos depois foi até a sua carteira e o auxiliou na tarefa mostrando que era para pintar dentro do limite, escolhendo a cor e pegando na sua mão. Neste momento, justificou que ele precisava de ajuda.

Diante dessa justificativa, há de se imaginar que tal procedimento satisfaz às exigências da escola regular que prioriza o resultado quantitativo do conhecimento. Mantoan (2003) ressalta que é necessário ensinar os alunos nas suas diferenças, não diferenciando o ensino para cada um, pois cada educando pode aprender no seu tempo e do seu jeito próprio.

Neste mesmo dia, no momento do intervalo para o lanche e recreio, os alunos foram em fila para o banheiro e o Rafael foi guiado pela mão da professora. No momento do lanche, a maioria dos alunos lanchava juntos, assentados no chão, porém, Rafael se encontrava merendando sozinho em um canto do refeitório. Neste momento, a professora se retirou para seu descanso. Mas, em poucos minutos retornou e levou os alunos para o pátio onde era o local das brincadeiras de corda, boliche, toquinhos de madeira, quebra-cabeças. O Rafael e mais dois colegas ficaram sentados próximos à porta da sala de aula e não brincavam.

Ao terminar o recreio, a professora e os alunos se dirigiram para a sala de aula. Todos foram para as suas carteiras e a professora leu uma história sobre um caracol. Nem todos os alunos ficaram atentos. Terminada a leitura, a professora fez uma interpretação oral da mesma e novamente priorizou a participação do Rafael para que respondesse às suas perguntas e ele pareceu desinteressado da atividade,

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