O Comunismo e Anticomunismo durante a Guerra Fria Apontamentos
Por: Bruna Muniz • 1/9/2020 • Resenha • 1.154 Palavras (5 Páginas) • 301 Visualizações
UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA - Campus de Tubarão
Curso: Relações Internacionais
Unidade de Aprendizagem: História das Relações Internacionais
Professor: Luciano Daudt
Acadêmicos: Fernanda Thomaz, Bruna Muniz, Louise Kuchenbecker e Sarah Koch
Tubarão, 18 de junho de 2020.
Referência Bibliográfica: MUNHOZ, Sidnei J. Imperialismo e Anti-imperialismo, Comunismo e Anticomunismo durante a Guerra Fria. Revista Esboços, Florianópolis, v. 23, n. 36, p. 452-469, fev. 2017.
O texto tem como objetivo demonstrar que os conflitos ocorridos durante a Guerra Fria são mais complexos do que a análise centrada num mundo bipolar pode abarcar. Para tanto, expõe como variáveis relevantes as rivalidades existentes dentro dos blocos, as disputas pelas hegemonias regionais, as tensões sociais dentro dos países e o surgimento de novas nações a partir das lutas coloniais. Está dividido em uma introdução, um tópico que trata das lutas anticoloniais durante a Guerra Fria e um tópico que expõe os diferentes projetos modernizadores existentes no período.
Na introdução, o autor comenta que as democracias capitalistas e o socialismo soviético se uniram durante a 2ª Guerra Mundial, mas, após o fim do conflito, divergências quanto à construção da nova ordem internacional levaram a novas tensões. A URSS acreditava que a estratégia dos EUA e da Inglaterra ao final da guerra, fora deixar que o país socialista e a Alemanha se esgotassem mutuamente, destruindo assim dois inimigos de uma só vez. Por outro lado, o bloco ocidental possuía desconfianças com relação ao caráter do regime soviético na URSS. Durante o governo Truman, a URSS temia que o Ocidente buscasse limitar sua influência na Europa Ocidental e restringiu o processo democrático em toda a região. Em 1947 foi lançada a Doutrina Truman e em 1948 o Plano Marshall, visto pelos soviéticos como uma estratégia imperialista para subordinar a Europa aos interesses dos EUA. Aumentou a perseguição ideológica dos dois lados. A Guerra Fria levou ao alargamento de conflitos em escala global, mas também levou a um sistema equilibrado de padrões toleráveis e previsíveis de confronto. As duas potências se enfrentavam por meio de países satélites para evitar o embate direto, o que não impediu a emergência de conflitos regionais de extensão controlada. Apesar da imagem do mundo bipolarizado, os países associados aos blocos tinham interesses diferentes, não agiam de forma homogênea, e tinham até mesmo alguma possibilidade de autonomia, ainda que frágil, pois levava a intervenções por parte das potências. Havia grupos internos que se identificavam com a ideologia contrária e que muitas vezes se organizavam para derrubar seus governos. Tal confronto era apresentado a população como uma disputa entre o bem e o mal.
No tópico que trata da Guerra Fria e as lutas anticoloniais, o autor coloca que os movimentos nacionalistas que contribuíram na luta contra o Eixo durante a 2ª Guerra passaram, ao final dela, a pressionar pelo fim da dominação colonial. A questão das colônias não era tema pacífico entre os Aliados. O presidente Roosevelt defendia a autodeterminação dos povos, esperando com isso conquistar novos mercados para o seu país, mas não expunha isso de forma clara, para não causar conflitos, em especial com a Grã-Bretanha. O autor cita a existência de historiadores que dizem que Stalin buscava expandir a influência soviética sem confrontar diretamente Roosevelt, e por isso desestimulou movimentos socialistas em algumas áreas do planeta. Alguns motivos para isso seriam o foco soviético em reconstruir o país e a necessidade de usar os recursos para esse fim. Apesar disso, a URSS concordou com a invasão da Coreia do Sul pela Coreia do Norte, o que contribuiu para a escalada dos conflitos na Ásia. Os EUA, em 1946, mudaram a política de apoio a regimes democráticos e passaram a defender regimes fortes que pudessem conter a suposta ameaça comunista. Isso se refletiu na América Latina, que passou por uma fase de democratização e guinada em direção à esquerda nacionalista (de 1944 a 1946), seguida por uma fase de governos de perfil autoritário (de 1945 a 1947). Na Ásia, o foco dos EUA foi limitar o aumento da influência soviética, e alguns autores veem as bombas de Hiroshima e Nagasaki como uma forma de os EUA acabarem rápido com a 2ª Guerra e evitarem a partilha da Ásia com a URSS. A questão primordial para os Estados Unidos era promover o desenvolvimento e a qualidade de vida no Japão para que ele não tendesse à esquerda e, para isso, precisava que países como Indonésia, Malásia e Filipinas servissem de sustentação. O Vietnã foi incluído no perímetro de defesa posteriormente, pois a vitória do comunismo lá poderia incentivar outras rebeliões. O próprio interesse dos Estados Unidos na Guerra da Coreia estava ligado à necessidade de manter a periferia asiática aberta ao mercado japonês. O prolongamento dessa guerra justificou a militarização da política externa dos EUA. A Guerra do Vietnã teve motivações semelhantes e esperava-se que, ao vencê-la, fosse possível inclusive trazer a China de volta à influência capitalista. Outros fatores influenciaram a política externa dos EUA, como os interesses do complexo industrial militar na expansão da máquina militar e a deturpação dos movimentos anticoloniais, caracterizados como ameaça comunista. É citado um autor que considera Ho Chi Minh mais como um nacionalista do que um comunista e comenta que o líder vietnamita teve recusada pelos EUA, a ajuda para lutar contra o colonialismo francês, o que o levou a buscar ajuda da URSS e da China.
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