A Relação Entre Estados Unidos e União Soviética Durante a Guerra Fria Retratada em Superman
Por: fernando21silva • 12/11/2017 • Artigo • 3.260 Palavras (14 Páginas) • 520 Visualizações
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A relação entre Estados Unidos e União Soviética durante a Guerra Fria retratada em "Superman - Entre a foice e o martelo"
Fernando Galvão Silva1 e João Carlos Hass2
Fundamentos Técnicos do Conhecimento Histórico - Georgiane Vázquez
Resumo:
O presente artigo irá tratar do modo como a relação entre as duas maiores potências mundiais (e politicamente antagônicas) durante a Guerra Fria foi retratada na história em quadrinhos "Superman - Entre a foice e o martelo", escrita por Mike Millar: de um lado, os Estados Unidos e o capitalismo; do outro lado, a União Soviética e o socialismo. O artigo também pretende mostrar a identidade do personagem Super-Homem, um dos maiores ícones da cultura pop estadunidense, e as alterações que ela sofreu ao ser inserido em um contexto totalmente diferente da história original.
Palavras-Chave: Guerra Fria, Histórias em Quadrinhos, Super-Homem, Identidade.
Abstract:
The article will be about like is a relation between two big world political powers (and political antagonistic) during the cold war was portrayed in comic "Red Son" developed by Mike Millar: in one side, the United States of America and the capitalism; and in the other side, the Soviet Union and the socialism. The article also intend to show the identity of Superman, one of the most culture icon of America, and the alterations that it suffered when it was inserted at one context totally different of original history.
Keywords: Cold War, Comics, Superman, Identity.
Introdução
Primeiramente, gostaríamos de explicar a metodologia utilizada para montar este artigo. Como fonte histórica, optamos por usar uma história em quadrinhos do Superman, da editora DC Comics. Esse tipo de fonte histórica
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- Graduando do primeiro ano do curso de História Bacharelado da Universidade Estadual de Ponta Grossa. E-mail: fernando21silva@hotmail.com
- Graduando do primeiro ano do curso de História Bacharelado da Universidade Estadual de Ponta Grossa. E-mail: jooaoohass@gmail.com
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não é tão comumente utilizada para fins acadêmicos, pelo fato de que as HQs muitas vezes são consideradas "leitura para o público infantil".
A partir do século XX, a maneira de encarar as fontes históricas sofreu uma revolução. Contrariando o Positivismo3, que aceitava como fonte somente documentos oficiais da Igreja e do Estado, a Escola dos Annales4 surge, e com ela, muitos documentos anteriormente rejeitados passam a ser considerados objetos-fonte: jornais, revistas, diários, documentos pessoais, etc.
São, dessa forma, as histórias em quadrinhos, fontes que atendem aos novos apelos de uma historiografia crítica que tem por ponto de partida as inquietudes da Escola dos Annales diante de novos questionamen-tos que as fontes tradicionais não conseguiriam suprir em respostas. (LIMA, 2014, p. 1816)
Segundo Lima (2014), as histórias em quadrinhos são objetos de realidades sociais, carregados de redes de discursos, abraçando ou negando um específico imaginário, representando o mundo através dos pontos de vistas temporais e locais de seus produtores, pensado para ser consumido em acordo com poucas interferências.
O fato de as histórias em quadrinhos terem sido por tanto tempo taxadas de infantis, não tira delas o fato de serem objetos-fonte tão esclarecedoras quanto qualquer outra fonte impressa. Tendo isso posto, damos continuidade à introdução.
Esse trabalho tem como finalidade mostrar o lado histórico que se encontra nas HQ nomeada "Superman - Red son" do autor Mark Millar, escocês nascido em Coatbridge. Mark Millar começou a desenvolver a obra em meados da década de 1970 que teve a colaboração do artista Dave Johnson que fez a parte artística. Porém a HQ foi publicada apenas em abril de 2003, pela DC Comics e foi dividida em três edições, que no caso iremos trabalhar só
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3 Teoria elaborada por Augusto Comte, no século XIX. Acreditava que a verdadeira e indiscutível história seria escrita através de estudos em documentos governamentais, que nunca estariam errados
- Corrente historiográfica nascida na França, criada por Marc Bloch e Lucien Febvre. Contrária ao Positivismo, ela se destaca por incorporar métodos das Ciências Sociais à História, aumentando a compreensão do que podem ser consideradas fontes historiográficas.
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uma dessas três, pois se fossemos trabalhar todas, a pesquisa iria ficar muito espessa. A história tem como contexto a Guerra Fria.
A Guerra Fria teve início após a Segunda Guerra Mundial, onde duas potências tinham sistemas políticos totalmente opostos um ao outro, o sistema socialista, baseada na economia planificada, e o sistema capitalista que visava a propriedade privada e o lucro no mercado. Também teve disputas entre os países no quesito “corrida espacial” onde ambos corriam para tenta alcançar objetivos nessa área, para mostrar para o mundo qual era o sistema mais avançado. Ao fim dos anos 1950,
a Guerra Fria entrou na que foi talvez a sua fase mais perigosa, o momento no qual a ameaça de uma guerra nuclear generalizada chegou ao ponto máximo. Uma sucessão de crises, que culminaram em 1962 com a confrontação entre Washington e Moscou devida à presença de mísseis soviéticos em Cuba, aproximou perigosamente o mundo a uma conflagração nuclear. (McMAHON, 2003, p. 133)
Ao final da década de 1980, o socialismo na União Soviética começava a dar sinais de fracasso.
Manifestações populares se espalharam por vários países pertencentes à União Soviética. Eram os primeiros sinais de fracasso do sistema socialista. As pessoas estavam insatisfeitas com a falta de liberdade de expressão, e com o domínio político dos Partidos Comunistas de cada país, além de vários outros fatores que levaram a protestos e, posteriormente, a abertura econômica da União Soviética.5
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