O Príncipe E Marketing Do Poder

O Príncipe e Marketing do Poder

De todos os livros escritos sobre política, até hoje, foi o que provocou mais discussões. Foi ele que garantiu ao seu autor um lugar de honra no panteão do pensamento humano e muito principalmente assegurou sua presença no centro da polêmica universal. O Príncipe é, na verdade, um manual do que hoje denominamos marketing político, talvez o primeiro e certamente o mais completo, mais citado e mais seguido que já se produziu até hoje. É um livro conciso, todo ele tecido em torno do tema que constituiu a mais legítima e também a mais direta de todas as motivações da política: o poder. A ação política, mais que o seu objetivo, é o seu conteúdo essencial. Maquiavel colocou no livro o resultado de sua rica experiência política e do seu grande conhecimento do passado clássico.

Como os seres humanos participam compulsoriamente de disputas pelo poder em diversos níveis sobrepostos, todos praticam no seu dia-a-dia um pouco de marketing político. E todos são envolvidos pelas tentações de mando, que combinam a tendência inata encravada em cada um pela natureza, com fortes imposições ditadas pela complexidade da vida social. O Príncipe é como uma lição de anatomia, que pode ate repugnar os mais sensíveis ou os que não estão acostumados á crueza das coisas reais, mas que tem a forte atração de mostrar o que existe por trás das aparências.

A reação às ideias de Maquiavel já provocou muitos protestos ao longo dos tempos, levando, inclusive, o adjetivo “maquiavélico” a tomar a conotação pejorativa que mantém até hoje. Essa oposição violenta se origina do rude realismo que ele utiliza no livro, de não fazer nenhuma concessão às utopias e especialmente da decisiva ruptura que assume em relação ao discurso ético que durante toda a Idade Média acobertou os rigores da disputa lítica.

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