O que é o capitalismo?

CATANI, Afrânio Mendes. O que é capitalismo. 34ª. Ed. São Paulo: Brasiliense, 1995.

Afrânio Mendes Catani, bacharel em Administração Pública pela Getúlio Vargas (São Paulo), Mestre e Doutor em Sociologia pela FFLCH/USP. Foi professor na Getúlio Vargas na UNESP, Campus de Araraquara e na UNICAMP. Desde o final de 1986 é professor na Faculdade de Educação da USP.

Publicou artigos e comentários de livros aqui e ali e aos montes: na Revista de Administração de Empresas (RAE), na Folha de S. Paulo, LEIA, MOVIMENTO, em Filme-Cultura, na Sala de Aula, no Cultura e no Caderno 2 (de O Estado de S. Paulo), no Jornal da Tarde, em Isto É, no D. º Leitura, na Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, em Educação Brasileira. Publicou dois outros livros pela Brasiliense: O Que é imperialismo (1981) e A Chanchada no Cinema Brasileiro (1983, com J. Inácio de M. Souza). Escreveu um longo texto sobre o cinema industrial paulista (anos 30, 40 e 50), inserido em Fernão Ramos (Org.) História do Cinema Brasileiro (Art Editora, 1987), o artigo "La chanchada em el cine brasileño", com J. Inácio de Melo Souza, in Silva Oroz (Org.) Cine Latinoamericano: Anos 30-40-50 (México, Univ. Nacional Autônomo de México, 1990), bem como o livro A Educação nas Constituições Estaduais Brasileirs (1993, Cortez Editora, com Romualdo Portela de Oliveira).

Afrânio Mendes Catani teve a colaboração de Adilson Marques Gennari (São Paulo, 1961). Bacharel e Mestre em Ciências Econômicas pela Pontifica Universidade Católica de São Paulo. Doutorado junto ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da UNICAMP. Atualmente é professor do Departamento de Economia da UNESP, Campus de Araraquara.

No primeiro capítulo da obra intitulado O capitalismo em Geral, Afrânio Mendes Catani inicia o seu trabalho falando sobre Marx Weber e o capitalismo.

Após um estudo da obra. A ética protestante e o espírito do capitalismo e história geral da economia de Weber, Afrânio diz que este autor objetivou compreender o capitalismo como a civilização do moderno mundo ocidental, pois somente no ocidente a ciência havia se desenvolvido a ponto de ser considerada como válida e esferas como a arte, o sistema de ensino, a organização política partidária e a instituição do parlamento havia atingido um patamar de racionalidade que não se encontrava em outras civilizações.

Weber mostrou também alguns aspectos do capitalismo que surgiram em outras culturas, mas tentou mostrar, acima de tudo, "um aspecto que particularizasse o capitalismo do ocidente na Idade Moderna". Segundo Weber, não é o "impulso para o ganho" ou a "ânsia de lucro" que irá estabelecer uma diferença entre o capitalismo Ocidental e as outras formas de capitalismo, pois tais sentimentos sempre existiram. Até mesmo a empresa e o empreendimento capitalista já se via a muito tempo e em diferentes lugares. Para Marx, "é na intenção sustentada pelo agente que se deve buscar o elemento diferenciador do capitalismo ocidental". Ele passa então a fazer a análise de dois atributos que, apenas no capitalismo ocidental atingiram níveis acentuados: a formação de um mercado de trabalho formalmente livre e o uso da contabilidade racional.

Segundo Weber, esses dois atributos estão entrelaçados entre si na medida em que na formação do mercado ocorre a separação entre o lugar de trabalho e o de moradia e surge ainda a necessidade de uma contabilidade racional e o cálculo do custo da produção.

Weber irá caracterizar o capitalismo moderno como um vasto complexo de instituições ligadas entre si, trabalhando com base na prática econômica racional, compreendendo empresas que operam com inversão de capitais a longo prazo; oferta voluntária de trabalho, divisão de trabalho planejado na empresa e em uma distribuição das funções de produção em algumas e em outras, de acordo com o funcionamento de uma economia de mercado.

Ao analisar a obra weberniana, a ética protestante e o espírito do capital, Afrânio Mendes Catani esboça o pensamento de Marx Weber, que irá falar sobre o "espírito" do capitalismo, ou seja, vai estudar os princípios éticos que estão na sua base. Ele vai estabelecer uma relação entre os princípios encontrados na teologia protestante, em especial na calvinista, e os encontrados no capitalismo.

Para Weber a vivencia espiritual e a conduta religiosa seguida no protestantismo teria uma afinidade com a ação econômica necessária para a formação do lucro sistemático e racional. Ao contrário da concepção cristã católica, que predominou durante toda a Idade Média, onde o trabalho era considerado