PROJETOS E PRÁTICAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Exames: PROJETOS E PRÁTICAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: jorgebpp • 23/3/2015 • 1.754 Palavras (8 Páginas) • 324 Visualizações
O modo de intervenção das equipes técnicas que elaboram as políticas curriculares
não possui um caráter consensual entre os que dela fazem uso, mas advém de um processo
hierárquico que reúne interesses e acordos de alto nível de ação. À medida que um currículo novo
é elaborado por equipes dos órgãos centrais traz implícita uma suposta situação em que a educação
se encontra. A chegada do novo currículo é precedida de uma atividade de sensibilização e
capacitação de professores para a utilização do material (ALVES, 2002, p.34-35). O mediador
desta suposta mudança tem sido o(a) professor(a). Nesta concepção, o conhecimento selecionado
por equipes técnicas, se insere no cotidiano escolar com intuito de controlar as ações dos(as)
professores(as). Cada nova proposta está embasada num novo referencial padronizado, pois trás
implícito o conjunto de valores, de normas ou de imagens de referência em função dos quais são
definidos os critérios de intervenção do Estado, bem como os objetivos da política
considerada(BAUDOIN, citado por PACHECO, 2003, p.115-116).
Por tratar-se de medidas de intervenção, as políticas curriculares são vulneráveis.
Chegam à escola e muitas vezes são contestadas, por terem sido elaboradas por pessoas que
não pertencem àquela realidade e principalmente porque pertencem às macroesferas de decisões
políticas, que organizam os guias curriculares ou currículos sem considerarem os sujeitos e
atores escolares, como protagonistas das novas propostas (PACHECO, 2003, p. 86).
As políticas curriculares, também não têm considerado a escola como lócus de
confronto, por mais que tragam um discurso inovador, acabam por homogeneizar o currículo,
especialmente ao propor um currículo nacional (ARROYO, 2002).
O currículo nacional converte-se, por um lado, em um eficiente mecanismo de
controle político do conhecimento e, por outro, em uma prática de diferenciação social que
legitima a lógica hegemônica do que se aprende na escola (PACHECO, 2003, p. 74).
Nesse sentido, a visão de inovação que as políticas indicam tem considerado a
escola arcaica e os professores como tradicionais, que carecem de tutela1, para inovar. Podemos
dizer que, apesar das inovações oficiais terem um aparato jurídico que as assegure, muitas vezes,
o que está programado se dispersa no cotidiano das práticas pedagógicas.
Ao lado do currículo mediado pelas propostas seguem muitas experiências
protagonizadas pelos diferentes sujeitos, com múltiplos saberes, que fazem o cotidiano das escolas.
Esses sujeitos podem, num caráter reflexivo2, propor e fazer de suas práticas, alternativas
promissoras. Práticas estas que não aparecem no aparato discursivo das propostas oficiais, mas
fazem parte de realidades que os protagonistas do processo educativo constroem no cotidiano de
suas ações, que tornam o currículo alternativo e consistente. Tal consistência se dá no envolvimento
de alunos (as), professores (as) e a realidade que os cerca.
Zeichner (1993) define que todo (a) professor (a) traz para sua prática as teorias
que teve contato. Estas teorias são resgatadas conscientemente em suas ações. Quando se
depara com problemas pedagógicos, levam-no(a) a refletir e a reconhecer quando falha ou obtém
êxito diante da realidade que trabalha. A realidade que o(a) professor(a) encontra na sala de aula
é diversificada, múltipla e desigual. Portanto, poderá refletir ou não sobre as condições sociais de
Projetos e práticas de formação de professores
VIII CONGRESSO ESTADUAL PAULISTA SOBRE FORMAÇÃO DE EDUCADORES - 2005
UNESP - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - PRO-REITORIA DE GRADUAÇÃO
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sua prática. Então, sua postura dependerá das opções políticas que defende e da linha de autonomia
de suas ações. A intenção do professor ao refletir sobre sua prática demonstra seu empenho em
atuar de um modo que diminua os efeitos nocivos das desigualdades que atravessam as nossas
escolas e a nossa sociedade (p.50).
Na escola, muitas vezes, acontece um processo através do qual os praticantes do
currículo ressignificam suas experiências a partir das redes de poderes, saberes e fazeres das
quais participam (ALVES, 2002, p. 41). Os professores(as), quando ressignificam o conhecimento
no currículo escolar por meio de temas ou problemas, poderão ligá-los com o mundo e ao mesmo
tempo integrar o conhecimento, as pessoas e a sociedade (BEANE, 2003). O currículo nessa
ótica cria posições dependentes de colaboração, de reciprocidade, de cumplicidade porque todos
são ouvidos e envolvidos. As situações pessoais se cruzam com problemas sociais mais amplos.
Na realidade das práticas curriculares, os atores curriculares, sobretudo aqueles
que se situam no contexto da escola, são produtores de discursos políticos que legitimam e dão
significado ao cotidiano
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