Recensão Crítica ao research article: “A Typology of Voters: Creating Voters’ Profiles via Clustering”

Recensão Crítica ao research article: “A Typology of Voters: Creating Voters’ Profiles via Clustering”

Elsa Morais de Almeida

Universidade da Beira Interior - Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Chadjipantelis, E. N. (2016). A Typology of Voters: Creating Voters’ Profiles via Clustering. Journal of Political Sciences & Public Affairs, 6.

O artigo em análise, “A Typology of Voters: Creating Voters’ Profiles via Clustering”, dos pesquisadores Evangelia N. Markaki e Theodore Chadjipantelis, foi publicado no “Journal of Political Sciences & Public Affairs” em 2016.  Esse estudo foi feito no ano de 2016, na Grécia, e contou com os dados de 1.103 pessoas que serviram de bases para análise através de ACP e Cluster Classification

O presente texto analisa quais são os fatores que vão influenciar as preferências políticas dos potenciais eleitorais durante a formação das preferências políticas dessa parte da população que se tornará eleitores. Os fatores que virão a intervir na formação política das pessoas são inúmeros, e por isso os autores começam por abordar o que chamam de “esferas” principais que irão moldar e nos direcionar as nossas preferências políticas.

A primeira esfera, é a esfera interpessoal e das relações familiares. A segunda, é a esfera que diz respeito às relações ambiente profissional. E por último, é a esfera da vida social e que conta com os nossos amigos.

O autor acredita que essa rede de relações que as pessoas vão criando ao longo da vida, molda o pensamento e as opiniões formadas, podendo influenciar e ser influenciadas por pessoas que não se conhecem. Ainda nesta linha de pensamento, o comportamento eleitoral pode, sim, ser influenciado pelos partidos políticos. Desde da decisão de um trabalho e até novos amigos. Os pesquisadores dizem que o comportamento eleitoral não é somente pautado pela ideologia e interesses, mas também pelas recompensas ou benefícios dessa decisão política.

Para poder estruturar o pensamento, os autores recorreram ao estudo dos fatores e influencias no comportamento e preferências eleitorais. Como já dito, as variáveis, nas democracias modernas, são inúmeras. Todavia, os autores listam as mais importantes que parecem ser a identificação com o líder do partido, a identificação com o programa do partido e a relação eleitor-eleitorado. Essa última relação pode ser formal ou informal. A informal é considerada de extrema importância, pois é ela quem revela quem realmente é os políticos e o partido, de maneira sutil e sofistica.  Nessa rede, moldam-se o conhecimento, a familiarização com o ambiente político e a formação política.

No local de estudo, Grécia, explora-se a ideia de que as preferências políticas estão associadas com os que os autores chamam de “redenção”, pelo motivo do sistema eleitoral ser caracterizado pelo clientelismo, ou seja, as pessoas são favorecidas ou dependentes do sistema em vigor. Em outros estudos, já foi visto que os eleitores jovens formam, no geral, suas preferências políticas no fim das campanhas pré-eleitorais.

Ainda no caso grego, o antagonismo existente entre “direita-esquerda” diminuiu criando uma alternância dos dois maiores partidos no poder. Essa menor importância dessa disputa entre “direita-esquerda”, mostrou que a identificação política diminui. E agora em vez de uma antítese política, existe um governo de oposição sem uma ideologia bem definida. Somado a este cenário, um fator de agravamento é a crença das pessoas nas raízes das crises, tornando a crise econômica como um reflexo da crise da democracia.

A metodologia utilizada consiste em dois passos fundamentais: a computação dos eixos principais das pesquisas e da recolha de dados, e em seguida, a análise, através de “cluster analysis”

Dessa forma, os autores basicamente encontraram as variáveis, ou seja, os fatores, como por exemplo, ideologia, ambiente familiar, programa político, etc., e caracterizaram esses dados em diferentes níveis de importância, para assim poder investigar os fatores que influenciam nas preferências políticas.

A recolha desses dados foi feita através de um questionário (como já referido o local) na Grécia, em que as pessoas deveriam responder, e em seguida em entrevistas cara-a-cara, em que deveriam responder mais perguntar aos entrevistadores.

Concluída estas etapas, foi possível chegar a alguns resultados. E como já referido anteriormente, a ideologia pessoal é o que mais influência na escolha partidária e eleitoral. Entretanto, hoje isso vem ganhando menos importância, devido ao facto que antes a ideologia era formada pela posição social. Em seguida, o ambiente familiar é um grande formador da opinião. As pessoas, de forma genérica, se inspiram nos pais e mentores para formar sua opinião. E em terceiro lugar, os interesses pessoais são influenciados no comportamento eleitoral, ou seja, as pessoas votam em beneficio ou com interesses próprios, e isso é considerado “clientelismo”.

Com essa pesquisa foi possível analisar uma das possíveis explicações para entender o a mudança e o comportamento eleitoral na Grécia, podendo vir servir de exemplo para os outros países da Europa, senão do mundo.

A criação desse perfil de eleitor na Grécia, revela dados importantes sobre a sociedade e mesmo sobre a qualidade da democracia, que pode estar em perigo, devido a descrença por parte da população em torno dessa realidade.

O conteúdo cientifico somado a uma elaborada pesquisa de inquérito com 1.103 pessoas é um trabalho árduo que foi finalizado com grande complexidade, e que deve, sim, ser valorizado.