Resenha Do Livro O Nobre Deputado

O NOBRE DEPUTADO

REIS, Marlon; O Nobre Deputado relato chocante e (verdadeiro) de como nasce, cresce e se perpetua um corrupto na política brasileira; Rio de Janeiro: Léia, 2014.

Resenha Critica

O livro foi escrito pelo Juiz de Direito Márlon Reis o qual apresenta os resultados de uma pesquisa inédita: conseguiu ouvir pessoas que participam dos meandros da política sobre como se define a eleição de um deputado federal ou estadual. Para que isso fosse possível, foi necessário lhes assegurar o mais absoluto anonimato. Nesta obra é possível notar como o dinheiro do povo “jorra” pelo “ralo” de forma simples e fácil. A história foi construída com um personagem fictício, chamado de Cândido Peçanha. Um de seus entrevistados esteve preso por dois anos acusado de homicídio e envolvimento no narcotráfico e quando saiu da cadeia já era presidente do diretório de um partido político. O autor mostra as várias fontes de como arrecadar dinheiro para campanhas políticas, entre as quais, as emendas parlamentares que geralmente um Deputado arrecada em torno de 20 a 50% ou até 100% dependendo da emenda aprovada também através de convênios, tanto estadual, como federal, bem como dinheiro que vem das empreiteiras.

Segundo o Autor a melhor forma que os políticos acham pra fazer campanha política é através das empreiteiras, estas são as que colocam dinheiro nas campanhas, mas vinculam isso à administração. Se o cara ganhar a eleição, as obras naquele governo todas terão que ser feitas pela empreiteira que emprestou o dinheiro. Na verdade não é um empréstimo, é uma espécie de um investimento que fazem. Muitas destas empreiteiras dizem que doam dinheiro para campanhas, mas que na verdade elas antecipam um dinheiro que será depois obtido e multiplicado por muitas vezes através de contratos dirigidos e direcionados, explica Reis. Tudo jogo de interesse.

A fiscalização não é suficiente para acompanhar os acontecimentos no setor publico e muitas vezes até venda os olhos para que a verdade não chegue à sociedade. Uma das formas mais fáceis de obter dinheiro publico se chama licitação. A maioria das licitações são organizadas pelas próprias empresas que participam. Lá o participante sabe quanto é que vai custar, quanto é que vai ter que sobrar, e quem é que vai ganhar. Perante a burocracia esta tudo dentro do esperado, tudo colocado de forma “legal”, mas como não existe uma fiscalização rigorosa, ou mesmo que exista talvez possa estar sendo corrompida também, eles usam e abusam do poder. É acertado entre eles o valor que vai ser a licitação e antes de entrar para participar, já sabem quais são as empresas que vão participar, qual é a forma de pagamento, e de como o dinheiro vai voltar para suprir as necessidades do parlamentar ou de quem quer que seja.

Na maioria destas licitações já existe a carta marcada que vai ser contemplada, porque hoje o meio de licitação nesse país, está provado através de tantas denuncias que vemos em TV, jornais, etc. que a fraude existe e isso tudo já é acertado antes com as pessoas que estão contratando o serviço, de fazer um esquema já programado para a justiça não descobrir a fraude.

Outro fator importante para se obter dinheiro para campanhas políticas principalmente em prefeituras é através da agiotagem isso ocorre normalmente com candidatos que estão na frente das corridas e com chances reais de ganhar, mas não têm dinheiro para comprar os votos. Então eles recorrem aos agiotas. Estes emprestam o dinheiro, mas com o compromisso de receber quando o cara estiver na prefeitura, muitas vezes um negocio perigoso porque esse tipo de gente nunca perde e alem de tudo cobram juros exorbitantes. Então o cara passa quatro anos pagando somente os juros e nem consegue pagar o principal. Quando sai da prefeitura ele tem de se desfazer de bens para pagar ao agiota.

Como o prefeito esta refém desses “parasitas”, quem começa a sofrer as consequências é a população porque o dinheiro que vem

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