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Uma Breve História Da Psiquiatria

Por:   •  9/3/2023  •  Trabalho acadêmico  •  972 Palavras (4 Páginas)  •  73 Visualizações

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4. BREVE HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA

Até o fim do século XVIII não existia o termo “psiquiatria”. Apesar de alguns médicos terem se ocupado do tratamento de pessoas consideradas “loucas” e terem escrito manuais sobre o assunto, a psiquiatria não existia como uma disciplina a ser estudada por esses profissionais. No entanto, a sociedade sempre teve de se familiarizar com transtornos mentais e encontrar uma maneira de conviver com eles.

4.1.Antiguidade

Antes da cultura grega, os homens primitivos atribuíam doenças mentais a forças externas, sobrenaturais, e seus tratamentos eram feitos por meio de rituais tribais. Nesses rituais, há indícios de que os povos utilizavam uma técnica chamada trepanação, que consiste na abertura de um ou mais buracos no crânio. Essa talvez seja a forma mais antiga de cirurgia de cérebro conhecida. Em caso de insucesso, o sujeito era abandonado e descartado. Os gregos também defendiam inicialmente que as crises de agitação eram resultado de possessões demoníacas.

O Grego Hipócrates (460-380 a.C.), conhecido como o pai da medicina, foi o primeiro a rejeitar a ideia de que problemas mentais eram causados por intervenções sobrenaturais, tentando liberar a medicina dos ritos mágicos. Para ele, o cérebro era a sede de sentimentos e de ideias, classificando as doenças como desequilíbrio de “humores”. Com ele, surgem três categorias de distúrbios: mania, melancolia e frenesi, e era possível perceber em qual o paciente se encaixava pela cor da bile. Reconhecia também a epilepsia e a histeria, esta última somente presente nas mulheres e tendo como solução o estímulo da atividade sexual. Essas ideias serão combatidas posteriormente por Asclepíades (124-96 a.C.), que prescrevia banhos reconfortantes como fonte de terapia. Aproximadamente em 42 a.C. um estudo foi realizado por Scribonius Largus, médico farmacologista do exército romano, que afirmava que as dores de cabeça deveriam ser tratadas com a aplicação de peixes elétricos vivos no local da dor, até que a área afetada ficasse dormente. Isso influenciou o emprego dessa eletroterapia não convulsiva como método para melhorar sintomas.

Na Idade Média à Idade Moderna

Com a difusão do Cristianismo, ampliou-se a superstição de que problemas psicológicos eram causados pela ira divina. Os doentes mentais eram chamados de “lunáticos”, pois acreditava-se também que suas mentes eram influenciadas pela fase da lua, e considerados pecadores. A Igreja se oferecia para abrigar, alimentar e educar moralmente aqueles que buscassem auxílio, contanto que apresentassem graus leves de transtorno. Em casos mais graves, as soluções terapêuticas consistiam em exorcismo, jejuns prolongados e, em alguns casos, cremação.

Na época da Renascença, foram construídos os primeiros hospitais psiquiátricos, sendo o primeiro deles fundado em Valência, na Espanha, em 1410. Esses “asilos” que surgiram, no entanto, não se restringiam somente a doentes mentais, mas englobavam todas as pessoas que a sociedade queria esconder, segregar. Sendo assim, é criado um ambiente no qual se encontravam pobres, delinquentes, prostitutas, presidiários e pessoas com transtornos psicológicos; todos submetidos às mesmas normas de vigilância e repressão. Muitas vezes, essas casas de assistência e reclusão tomavam lugar nos antigos leprosários (instituições utilizadas para isolar física e socialmente os pacientes leprosos), considerados “espaços malditos”, ou seja, os pacientes encaminhados para essas facilidades não seriam tratados, mas sim isolados e disciplinadosv . Em meados do século XVIII, pode-se observar uma maior credibilidade aos princípios racionalistas, devido ao declínio da influência da Igreja. Após diversas revoluções no mundo científico, pôde-se prosseguir com explorações anatômicas. Nesse contexto, tem-se o nascimento da psiquiatria.

Idade Contemporânea

 A Revolução Francesa, com seus ideais humanistas, provocou protestos contra as internações de doentes mentais junto a marginais e começou uma luta contra a degradante concepção das doenças mentais. Esse fato pode se verificar com o francês, médico e diretor de dois hospitais nos arredores de Paris, Philippe Pinel (1745-1826), que, impressionado pelas condições sub-humanas, conseguiu que seus pacientes fossem liberados de sangrias, de vômitos induzidos, das cadeias e dos grilhões a que eram submetidos para receberem um tratamento psicologicamente orientado. Suas teorias acabaram por se mostrar muito avançadas para a época, porém, apesar de seus esforços e da publicação de seus estudos, era comum encontrar instituições que tratavam os “loucos” como criminosos e endemoniados. No século XIX, através de diversas investigações a respeito das enfermidades, seus fatores e como tratá-las, conseguiu-se identificar a esquizofrenia e investigar os efeitos de drogas na mudança de comportamento. Também Jean-Martin Charcot, um dos pais da neurologia clínica moderna colaborou com a análise de traumas através da hipnose. No século XX, tentaram-se novos tratamentos que abriram os horizontes para a cura de doentes mentais. Dentre eles se destacam a malarioterapia, que consistia na transmissão da malária a pacientes portadores de paralisia geral ou esquizofrenia, e a eletroconvulsoterapia. Em 1935, foi realizada a primeira lobotomia, técnica utilizada naqueles que não respondiam a outras medidas terapêuticas. Na década de 50, diversos medicamentos passaram a ser utilizados como tratamentos. Entre eles o lítio, para combater episódios maníacos; a imipramina, com efeito antidepressivo; e a clorpromazina no tratamento da esquizofrenia. Assim, a partir do século XX, começaram a ser introduzidos novos medicamentos e exames laboratoriais, que provocaram uma revolução no mundo psiquiátrico, que chegou aos grandes avanços dos dias atuais.

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