A Escatologia Teológica

Escatologia: Aula 1

INTRODUÇÃO

O que é Escatologia

A palavra Escatologia (do grego: escato = último + logia = estudo) é derivada do grego e significa o estudo das ultimas coisas. Na teologia sistemática, Escatologia é a matéria que se detém em estudar a doutrina dos últimos eventos do mundo e do ser humano. Popularmente a Escatologia é o estudo sobre o “fim da história”, como a conhecemos. Do ponto de vista bíblico, a Escatologia é a revelação do cumprimento cabal dos planos de Deus. Assim como ao estudar o Criacionismo, enxergamos o inicio do plano divino, em Escatologia descortinamos a conclusão desse plano. Plano tal que é concluído com o cumprimento de todas as promessas bíblicas e o total triunfo de Deus e seu Cristo.

Dentro do cristianismo a Escatologia é um olhar de esperança. Tanto a revelação profética na Palavra, quanto o entendimento e fé dos autores e primeiros interlocutores, registram essa esperança. A grande esperança revelada na Escatologia Cristã é o total trinfo do Senhor e a justa punição do mal. A Escatologia Cristã nasce na bendita esperança da Vinda do Senhor. Dentro dessa Vinda se condensam todas as esperanças do Mundo Vindouro. Portanto, a Vinda do Senhor é o centro de toda a Escatologia Cristã. Dentro dessa Vinda se concretiza todas as esperanças de vitória divina e de sua justiça.

O termo Escatologia só passou a ser usado a partir de meados do século XIX. Porém, seus conceitos sempre foram alvos do ensino doutrinário da igreja. O surgimento das doutrinas Bíblicas, entre elas a da Escatologia, se deve a dois fatores históricos. O primeiro fator é o “Deposito da fé”, aqui surge à teologia básica, com o objetivo de transmitir de modo simples as doutrina apostólicas para a igreja. Lembrando que no inicio do evangelho as fileiras da igreja eram preenchidas em sua maioria por pessoas simples e incultas. O segundo fator que temos é a apologia da fé. Entende-se por Apologia a defesa das doutrinas contra os ensinos heréticos. A teologia advinda da Apologia é muito mais complexa, porque seu objetivo não é mais informar os simples, e sim combater hereges cultos. O que caracterizou esse fator é a necessidade de defesas mais complexas e sistemáticas, para combater heresias cada vez mais elaboradas.

Talvez a doutrina que gerou menos controvérsia seja a Escatológica. Por esse motivo não temos a sistematização ou mesmo o aprofundamento dessa doutrina durante os primeiros séculos da igreja. Houve um entendimento geral da igreja que a Vinda do Senhor reunia em si todas as esperanças Escatológicas. A sistematização da Escatologia ocorreu bem mais tarde, somente em meados do século XVIII. A primeira forma sistemática da Escatologia surgiu no sistema Dispensacionalista Pré-Tribulacionista. A partir dessa inovação teológica, achou-se necessidade de sistematizar a doutrina escatológica dos pais da igreja e também outras correntes.  

Como dito, a Escatologia é área do conhecimento teológico que estuda “as ultimas coisas”. Dentro das áreas de estudos que integram a doutrina da Escatológica temos:

A: Escatologia Pessoal: que inclui a morte e o destino final dos seres humanos.

B: Escatologia Geral: que inclui a Tribulação, a Vinda de Cristo, os Eventos Finais e a Eternidade.

Principais Métodos de Interpretação da Escatologia.

Todos aqueles que se propõe a estudar a Escatologia de modo acadêmico, se deparará com varias formas de entendimento dessa doutrina. Isso se deve ao fato de que durante a história varias Escolas Teológicas utilizaram métodos diversos de interpretação. Entende-se por método interpretativo um conjunto de regras que visa padronizar um entendimento textual. As aplicações de diferentes métodos de intepretação geraram entendimentos Escatológicos distintos. Essa diversidade de pensamento Teológico acaba criando uma mixórdia na mente do estudante.

Cada uma dessas escolas interpretativas normalmente postula para si status de “único método assertivo”. O que um estudante acadêmico é fato que em questões interpretativas não existem verdades absolutas e nem uma única maneira de interpretar. O interprete acadêmico deve tem a mente aberta para dialogar com todos os métodos interpretativos. Assim como a natureza humana dos autores e a comunicação textual apresentam dinamismos, o interprete também deve ser abrangente. É um erro acadêmico aplicar um único método inflexível de interpretação. O estudante deve estar preparado para aplicar de forma flexível todos os métodos pertinentes ao texto.

Faz-se necessário estudarmos de forma separada cada um dos principais métodos interpretativos escatológicos. Ao aprendermos as premissas e o conjunto de regras de cada método, teremos uma visão mais aprofundada sobre a interpretação escatológica.  

 

O Método Literal:

Entende-se por método literal de interpretação, o entendimento que cada palavra e frase significam apenas seu sentido básico e exato aplicado normalmente.  O método literal de intepretação é aquele que procura no texto seus significados que podem ser percebidos literalmente através da leitura. Esse método infere que os verdadeiros significados e objetivos do texto são aqueles que claramente podem ser enxergados e seu sentido literal. Onde o teor verdadeiro da comunicação recai no sentido literal, não possuindo mais nenhum sentido escondido. Isto não significa que esse método exclua as intepretações poéticas e figuradas. Mas que apenas as interpretam de modo natural em seu significado literário. A premissa desse método é tentar entender o que os autores registraram na Escritura. De forma Hermenêutica é a tentativa de resgate da mensagem original dos autores. Esse método parte do entendimento que os autores bíblicos registram a revelação de Deus com objetivo de que todos a entendessem.

Em Escatologia esse método é aplicado no entendimento que os eventos descritos devem ser entendidos de forma literal. Portanto, os conflitos apresentados são figurações de algo real, que ocorreu ou ocorrerá historicamente. Essa visão também enxerga a Vinda do Senhor, como literal e histórico. Aonde Jesus virá para implementar um reino de Deus literal. Esse método também infere que a era milenar se iniciará somente após a Vinda do Senhor. E o milênio ocorrerá subsequentemente como os elementos textuais de Apocalipse 19 afirmam. Porém, se o milênio será um período literal de mil anos ou apenas figura de um tempo extenso de reinado do Senhor, esse método não vaticina.