A Filosofia Cristã Medieval
Por: João Luiz • 26/10/2017 • Resenha • 1.056 Palavras (5 Páginas) • 333 Visualizações
FILOSOFIA MEDIEVAL
João Luiz Barbosa Neto[1]
1.SANTO AGOSTINHO
Aurélio Agostinho, posteriormente nomeado Santo Agostinho, nasceu em 13 de novembro de 354 em Tagaste, Numídia; filho de pai pagão e mãe cristã fervorosa, de quem recebeu grande influência religiosa. Mudou-se para Cartago para continuar os estudos que começara em sua pátria; em Cartago aderiu ao maniqueísmo (religião que confere realidade substancial tanto ao bem quanto ao mal). Após anos de estudo, abandonou o maniqueísmo e abraçou a filosofia neoplatônica e uma concepção cristã da vida, quando se converteu absolutamente em 386; na Páscoa de 387. Retorna para Tagaste, onde vende todos os seus bens, distribui o dinheiro entre os pobres e funda um mosteiro; é ordenado padre em 391 e consagrado bispo em 395. Liderou a igreja de Hipona até a sua morte em 28 de agosto de 430, quando tinha 75 anos. Dentre suas principais obras podemos citar: Contra os acadêmicos, Da vida beata, Da ordem, Os solilóquios, Sobre a imortalidade da alma, Sobre a quantidade da alma, Sobre o mestre, Sobre a música, Sobre os costumes, Do livre arbítrio, Sobre as duas almas, Da natureza do bem, Da Verdadeira Religião, As Confissões, A Cidade de Deus, Da Trindade e Da Mentira.
Santo Agostinho recebeu clara influência do pensamento de Platão e é considerado o principal nome dos pensadores da corrente filosófica da patrística.
De maneira platônica, Agostinho distingue o conhecimento sensível do intelectual, de modo a desvalorizar o primeiro em relação ao segundo. Para ele, do mesmo modo que a luz física é necessária para que possamos enxergar as coisas sensíveis, é necessária a “luz espiritual” para alcançarmos o conhecimento intelectual e esta luz advém de Deus, seria o Verbo de Deus, onde estão localizadas as verdades imutáveis, absolutas, o conhecimento real; portanto é fundamental para o conhecimento intelectual humano, além da força espiritual, a iluminação divina.
Há uma diferença fundamental no pensamento agostiniano em relação ao pensamento clássico grego: neste último existe uma dualidade metafísica, já no primeiro não há um dualismo metafísico e sim moral. A moral em Agostinho é essencialmente cristã e, portanto, metafísica; assim, a vontade é livre e precede tudo, pois pode querer o mal (agir imoralmente, de forma desordenada, contra a vontade divina) ou pode querer o intelecto (a verdade iluminada por Deus). O mal é, pois, a privação da própria criatura do bem e não têm por si só natureza metafísica: o pecado tem como pena a intrínseca desordem da criatura, pois não podendo fazer mal a Deus, a criatura lesa a si mesma ao pecar e violar a sua própria natureza. Fica, pois, evidente que o mal tem um papel importante na pesquisa agostiniana, talvez ainda sob influência do pensamento maniqueísta; Agostinho explica a existência de três males: o metafísico, que na verdade inexiste e é a ausência do bem; o físico que é a harmonia dos contrastes; e o moral que é resultante da vontade má dos homens.
A dualidade platônica é observada ainda nas definições agostinianas de cidade de Deus e cidade terrena, para o filósofo cristão os homens são livres para escolher a cidade terrena (regida pelo conhecimento sensível, falho e privativo do bem), também chamada apenas de mundo e a cidade de Deus (regida pelo intelecto, pela verdade divina e essencialmente boa). Vale destacar que a política para Santo Agostinho tem um caráter negativo, pois considera que o Estado só existe por conta do pecado original: se os homens fossem justos, o Estado seria inútil.
2.SÃO TOMÁS DE AQUINO
Tomás de Aquino nasceu em 1225, no castelo de Roccasecca, na Campânia. Iniciou seus estudos no mosteiro de Montecassino; posteriormente estudou na Universidade de Nápoles; em seguida entrou na ordem dominicana onde dedicou seus estudos à teologia e teve como mestre Alberto Magno na Universidade de Paris e em Colônia, sendo seu mestre que o iniciou no aristotelismo. Aquino ensinou na Universidade de Paris entre 1252 e 1260, lecionou em Nápoles entre 1272 e 1274, quando morreu com apenas 49 anos de idade. Dentre as principais obras de Aquino podemos citar: os Comentários à lógica, à física, à metafísica e à ética de Aristóteles; o Comentário à Sagrada Escritura; a Suma Contra os Gentios; a Suma Teológica; Da verdade; Da alma; Do mal; Da Unidade do Intelecto Contra os Averroístas; Da Eternidade do Mundo; etc.
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