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A Fragmentação Da Ética No Contexto Eclesiológico Contemporâneo

Por:   •  30/5/2023  •  Artigo  •  5.442 Palavras (22 Páginas)  •  58 Visualizações

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             A FRAGMENTAÇÃO DA ÉTICA

 NO CONTEXTO ECLESIOLÓGICO CONTEMPORÂNEO

                                                                 

                                                                                               Danilo Pallar Lemos

       A fragmentação que esta ocorrendo na sociedade em todos os seus segmentos; vindo a essa afetar a compreensão e pratica do Sagrado, causando a dissolução dos valores e dos fundamentos de algumas tradições basilares. A fragmentação tem sido considerada segundo Lacoski: “Fenômeno moderno com sequelas pôs modernas”[1]; por ser no contexto pós-moderno que se manifesta causando segundo Lacoski:                  “A complexificação dos processos e relações”[2].   Esta fragmentação tem alguns sentidos e conotações, que precisamos compreender para entendermos as origens deste fenômeno e suas implicações na sociedade e logo religião, como movimento do Sagrado. Para Rovida é: “A separação das partes que formam a sociedade”[3]. Partindo deste pressuposto a fragmentação se torna uma dissolução dos elementos que fundamenta as estruturas de uma sociedade. Esta dissolução vai implicando no transcurso histórico da sociedade que vai modificando as suas cosmovisões.

       A razão para a origem dessa fragmentação social, no sentido histórico para Habermas, surgiu segundo nos informa Bressiani e Nodari na: “Medida em que ocorreu uma racionalização da cultura”[4]. Porque esta racionalização causou, “uma dissolução das formas de vida tradicionais”[5].  O que esta defendendo Habermas é justamente que as tradições do passado, que regiam a sociedade; proposta pela vida em torno do Sagrado na sociedade contemporânea perdeu o seu valor e sentido. Porque agora o homem sai do contexto dos mitos e ritos, como também se livra dos conceitos que o detinham; para ousar olhar uma nova condição pautada em uma efêmera, mas possível liberdade de expressão. Assim se propõe a priorizar novas possibilidades de compreender o mundo a sua volta, repensando suas perspectivas passadas e compondo novos conceitos e preceitos. Sem censura e com uma liberdade de expressão, se propõe a confrontar o ético, oriundo da Sacralização da religião e das tradições. Na esperança de compor uma nova ordem social em que nada mais detêm os seus sentimentos e manifestações, vindo reescrever uma nova cultura.  

       Além das razões que já apresentei sobre o que causou a fragmentação, e algumas de suas implicâncias; tem outras que temos que abordar e analisar. Como a esfera publica burguês, que ao reger a sociedade imprime nela novos rumos. Habermas vai propor que nessa transição do período medieval para a modernidade surgi se originou: “Um novo sistema de trocas: A troca de mercadorias e de informações”[6]. Com essa condição o comercio vai entrar em novo estágio, gerando a importação e exportação, que ira causou um inter-relacionamento comercial e industrial nas sociedades mundiais. Já as informações foram se ampliando em uma difusão multíplice e multicultural; propondo novas expressões, gestos e reações nas sociedades, em uma intercomunicação sem fronteiras. Resultando novas formas de se compreender, conviver e perceber em meio às sociedades em um novo sistema global. Esse novo sistema de trocas possibilitou novas descobertas, quebrando os paradigmas científicos e artísticos.    

        Uma das grandes desestabilidades que surge na atualidade é causada pela fragmentação das virtudes.  Coimbra e Souza interpretando o pensamento contemporâneo de Mac Intyre falando da instabilidade proporcionada pela   virtude vão dizer: “ Em Mac Intyre há uma precedência da virtude, ou seja, a virtude é a primeira exigência para a construção de boas instituições que, sendo boas, podem constituir uma sociedade sadia”[7].  Seguindo esse pressuposto a virtude tem a condição que manter o equilíbrio social e proporcionar a sustentabilidade saudável das instituições. Mas a grande questão é que quando a virtude vai perdendo sua integralidade, a justiça vai se corrompendo; vindo a causar choques entre a virtude e a lei. Segundo Mac Intyre conforme analisa Coimbra e Souza ocorre: “Um conflito entre as tradições e as instituições, causada pela ausência da virtude, que mantem o equilíbrio entre as tradições e instituições”. Com isso a insuficiência de ações e reações propostas por uma virtude estável, ira causar a corrupção, que deflagra a desordem social.

      Nesta composição da fragmentação da ética na sociedade contemporânea, é a perda das raízes históricas que sustentavam a ética do período clássico. MacIntyre referente a esse aspecto, segundo Coimbra e Souza defende: “Que houve uma cisão entre a ética e a racionalidade”[8].  Com isso, esta defendendo que se precisa retoma a ética Aristotélica, em uma priorização da virtude, para resolução do caos ético contemporâneo. Partindo deste pressuposto, a perda da integralidade da virtude que estava fixa e ressaltada na ética Aristotélica, causando assim uma perda de valores tradicionais e históricos do passado. Uma das razões também dessa valência irá ser uma desordem em teorias e praticas morais, no contexto do pensamento ético contemporâneo. Pode ser considerado que o grande fator, que causou essa mudança e desordem no contexto ético, foi segundo Coimbra citando Habermas a: “Virada linguística do século XX”[9].  Trazendo suas mudanças em diversas expressões e modificando todas as esferas da comunicação verbal.

      Posso considerar saindo um pouco da teorização de Habermas e MacIntyre, que na sociedade atual estamos entre duas esferas retratadas em duas obras; estando entre a Sociedade do Espetáculo e o Hibridismo Cultural. Para Debord em sua obra Sociedade do Espetáculo estamos no: “Tempo realização do homem ou humanização do tempo, que pode ser considerado: Um movimento propriamente histórico, embora ainda escondido, começando na lenta e insensível formação da natureza real do homem”[10].  Propondo através de uma nova técnica e linguagem reger a comunicação social e história; tendo por objetivo perpetuar o tempo presente. Empreendendo novas concepções e cosmovisões sociais, procurando compor um novo mito, que segundo Debord: “É a construção unitária do pensamento, que garante toda a ordem cósmica em volta da ordem que esta sociedade, já realizou de fato dentro de suas fronteiras”[11].  Com isso surge um mapeamento do pensamento em que a comunicação e linguagem, são os elementos que efetivam e projetam os novos espaços, para ultrapassar as suas fronteiras sociais e temporais.

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