As Estruturas Políticas Contidas no Antigo Testamento
Por: mcgcj • 28/12/2017 • Pesquisas Acadêmicas • 1.271 Palavras (6 Páginas) • 1.440 Visualizações
Cidadania
Estruturas Políticas Contidas no Antigo Testamento
Os primeiros versículos de Gênesis não fornecem informações precisas sobre o universo como fora criado no princípio. O versículo 2 não descreve, por exemplo, aspectos da criação original, mas, a condição caótica de um palco de guerra deformado pelo primeiro conflito de que se tem notícia, onde seres celestiais mediram forças num conflito gerado pela tentativa malograda de Lúcifer em ocupar o lugar de Deus.
É para este universo habitado antes dos eventos da criação que voltaremos nossas vistas com o propósito de identificarmos os elementos de uma política já praticada antes da existência do homem.
A lamentação sobre o rei Tiro no capítulo 28 de Ezequiel descreve, por analogia, a existência de um sistema político no mundo pré-adâmico. Os elementos que ligam o texto à idéia de governo são suficientes para concluirmos que se trata de um discurso político. Termos como: príncipe, cadeira de Deus, rei, ungido, te estabeleci, comércio etc., dão evidência de que o oráculo se refere a um estado político que sofre uma intervenção de Deus, O Soberano.
Um passeio panorâmico pela angeologia nos faria perceber que entre os anjos existe uma estrutura hierárquica composta por querubins, arcanjos, serafins, anjos em si e cujo organograma somente Deus e os anjos podem esquematizar. É lógico que sabemos quem ocupa o lugar mais alto. É sabido também, que estes seres, invisíveis aos homens, cumprem as ordens de Deus e desempenham serviços em benefício dos homens.
Após o conflito, aparentemente, deixou a terra em estado caótico, Deus decidiu restaurar a terra e agiu conforme o relatório de Gênesis 1.1-31. Ao criar o homem, deu-lhe o poder de dominar sobre toda a criação terrestre. Obviamente, não abriu mão do recurso legal, sem o que, nenhuma sociedade é governável. A garantia de um governo bem sucedido está na disposição bem equilibrada entre o ato político e os preceitos que o rege. Assim, o usufruto do Éden, dependeria da observação da lei dada por Deus; deste modo, o Senhor ordenou dizendo “da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17).
Jamais encontraremos qualquer organização, qualquer sociedade, por menor que seja, que não se sirva de leis como garantia de ordem e paz social, mesmo a micro sociedade formada por Deus, Adão e Eva.
A primeira informação bíblica que recebemos acerca da primeira organização urbana encontra-se no capítulo 4 de Gênesis: “E conheceu Caim sua mulher, e ela concebeu, e teve a Enoque: e ele edificou uma cidade, e chamou o nome da cidade pelo nome de seu filho Enoque” (Gn 4.17).
Com a descendência de Caim o mundo se sistematiza definindo setores, no que diz respeito à produção de bens e conseqüentemente o comércio.
A ausência de leis, de uma estrutura política frágil associada a uma moralidade dependente de consciências, falta de padrão produziu uma sociedade perversa cuja maldade levou Deus a destruí-la. O dilúvio foi a demonstração do controle do Pai sobre o conjunto dos atos humanos. Expressa o juízo de um governante zeloso que condena a malvadeza e recompensa a retidão.
De uma das grandes cidades caldéias, Ur, Deus chama a Abraão para, a partir dele, organizar uma grande nação. Inicia-se a dispensação patriarcal. Um homem piedoso é convocado para sair de um sistema urbano bem consolidado para constituir uma nação começando por um sistema tribal nômade.
Sabe-se que a autoridade, tanto civil como religiosa era exercida pelo patriarca e que os direitos e deveres variavam de acordo com a condição do indivíduo (esposa, filho, escravo, concubina, etc.) no clã.
Durante o Êxodo a multidão de ex-escravos precisava de punho firme para transformar-se em cidadãos livres, e mais, adquirir contornos de uma nação.
Neste contexto Moisés figura como o grande líder, Arão como seu auxiliar imediato e, no decorrer do drama, novas funções vão surgindo e instituições criadas. Através de Jetro, sogro de Moisés, surge o primeiro tribunal com Josué e Calebe as primeiras vocações para o serviço militar.
Assim que Israel se instala nas terras de Canaã, as tribos se organizam em uma federação. No entanto, apesar de todos se reunirem em torno de mesmo nome estão longe de constituírem um estado nacional.
Estabelecidos em territórios conquistados, Israel se desorganiza politicamente favorecendo a ação de tribos inimigas que se alternarão em ataques a Israel. Em situações de crise, Deus intervirá levantando líderes, os juízes, que arregimentarão algumas tribos ou toda a nação em torno de suas proezas militares.
Os israelitas exigiram um líder e Saul, o escolhido de Deus, foi o primeiro rei de Israel.
Pelo processo de implantação da monarquia fica notório que um rei deveria ser um escolhido de Deus. O profeta fora consultado e deveria conduzir o assunto à presença de
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