Eucaristia
Por: ElianeLessa • 5/4/2015 • Resenha • 1.674 Palavras (7 Páginas) • 293 Visualizações
IFAP – CONVÊNIO UNIVERSIDADE SANTA ÚRSULA
MAURÍCIO CORRÊA PONTES
O LIVRO DE JUDITE
Nova Friburgo
Novembro/2005
JUDITE
1- CARACTERIZAÇÃO GERAL
O livro de Judite é um dos chamados livros apócrifos, de acordo com a definição protestante; ou então, um dos livros deuterocanônicos, segundo os conceitos católicos romanos. Seu nome deriva-se da heroína do livro, que à semelhança dos livros de Daniel e éster, celebra o livramento dos judeus da perseguição movida por estrangeiros. Seu propósito era o de infundir encorajadamente através do exemplo excepcional da heroína. A maioria dos eruditos concorda com o fato de que o livro é uma narrativa fictícia, uma espécie de novela religiosa, pseudo-histórica. O propósito do livro, conforme já apresentado, foi o de mostrar um grande exemplo de coragem pessoal, a fim de encorajar os judeus para enfrentarem qualquer período de opressão, por parte de seus inimigos estrangeiros.
2 – CONTEÚDO
Nabucodonozor, rei da Assíria decide invadir os países da Ásia ocidental que se recusam a ajuda-lo na guerra contra os medos, então envia Holofernes, seu general representante com um exército de mil homens para acampar nas proximidades de Betúlia. Os israelitas não se rendem a Holofernes, daí Aquior, amonita, explica a Holofernes que os israelitas não podem ser derrotados caso não tenham pecado contra o seu Deus. Holofernes se ira com as palavras de Aquior e o envia para Betúlia para que morra juntamente com os israelitas quando a cidade for conquistada. Holofernes sitia Betúlia e corta o fornecimento de água. Judite, uma jovem viúva de betúlia fala contra a rendição e conclama a se ter confiança em Deus e promete libertar a cidade, ela ora a Deus e tem um plano. Então entra no acampamento de Holofernes e o agrada, prometendo-lhe a vitória. Holofernes convida Judite para um banquete em sua tenda e depois do banquete, com o general já embriagado, Judite lhe corta a cabeça fora e a leva para Betúnia, para diante de todos os judeus. Aquior se converte ao judaísmo, os israelitas atacam e derrotam os assírios que ficaram sem chefe.
2.1 - AUTORIA
O autor do livro é anônimo, e coisa alguma se sabe a respeito dele. Sem dúvida, foi algum judeu piedoso que encarava a história e todos os lances da vida como envolvidos no relacionamento com Deus que requer obediência e castiga àqueles que não são suficientemente sábios para atenderem a sua vontade. O livro foi originalmente escrito em hebraico, embora tenha sido preservado para nós em suas versões grega, siríaca e latina.
2.2 - DATA
Esse livro tem sido datado com boa variedade de datas: desde o período dos Macabeus, até o tempo do imperador Adriano (130 d.C.)
Apesar das opiniões diferirem muito, a maioria dos estudiosos pensa que o livro de Judite foi escrito no século II a.C., provavelmente inspirado pela vitória de Israel em seu conflito contra Antíoco IV Epifânio e os sírios. O livro transpira de entusiasmo pela ortodoxia judaica, pela invencibilidade dos judeus contra inimigos muito mais poderosos, atitudes essas características do tempo dos Macabeus. O próprio livro propõe-se pertencer à época pouco depois do tempo de Nabucodonozor, rei da Babilônia.
Outros estudiosos pensam que o livro foi escrito já dentro da era cristã. Neste caso, pode ter sido com o objetivo de inspirar os judeus a revoltarem-se contra os dominadores romanos, e, talvez especificamente, da época de Adriano. A segunda revolta dos judeus fracassou, tanto quanto a primeira, ocorrida no ano 70 d.C., pelo que é possível que o livro de Judite tenha sido escrito no período entre esses dois acontecimentos, isto é, 70 e 132 D.C.. também há argumentos em favor de uma data pós- macabéia, embora antes do início da era cristã. Visto que o livro de Judite glorifica a cidade de Siquém, há quem identifique Siquém com Betúlia. No entanto, vale lembrar que João Hircano destruiu o templo do monte Gerizim, em cerca de 120 a.C. E ele também reedificou a cidade de Samaria, em cerca de 109 a.C. A glorificação de Siquém ajusta-se, mais logicamente, dentro do período depois que aquelas destruições já tinham tido lugar. Porém, conjecturas dessa ordem têm de permanecer na dúvida; e, juntamente com elas, a data da composição do livro.
3 - PRINCIPAIS ASSUNTOS REDACIONAIS E TEOLÓGICOS DO LIVRO
3.1 - FORMA LITERÁRIA E CARÁTER HISTÓRICO
O pano de fundo irreal da história faz supor que provavelmente o autor não pretendia registrar fatos históricos. Essa Betúlia, estrategicamente importante, é desconhecida pela história, não podendo ser identificada com nenhuma cidade palestina. Provavelmente trata-se de uma criação literária.
Baseando-se num contexto teológico, talvez a atitude de Judite tenha sido julgada severamente: trata-se de um assassinato e, ainda mais, realizado através de uma clara sedução. Mas, mesmo que Judite não tenha de fato seduzido Holofernes, o narrador deixa no leitor a impressão de que foi devido à misericórdia de Deus, ou seja, Judite estava pronta a fazer tudo o que fosse necessário para alcançar o seu objetivo.
3.2 - JUDITE, A HEROÍNA
O nome dela, no hebraico, significa ‘judia’. O nome era um nome judaico bastante comum, apesar do fato de que os livros canônicos do Antigo Testamento só falam sobre uma Judite, a esposa de Esaú, que não era Judia.
Na história judaica, encontramos poucas heroínas. A posição social da mulher, na antiguidade, não era muito invejável. Todavia, houve algumas notáveis exceções, como no caso da juíza Débora. A heroína do livro de Judite aparece como a viúva de Manasses, um cidadão da fictícia cidade de Betúlia. Quando, de acordo com o livro, o general de Nabucodonozor, Holofernes cercou Betúlia, Judite foi até à tenda do general, armada somente com a sua fé e coragem. Ela foi admitida à tenda dele em face de sua grande beleza física. De fato, ela teria ido até ali a fim de enganar aquele general, como se quisesse oferecer-lhe favores sexuais. Holofernes caiu no logro e, enquanto dormia, Judite decepou a cabeça dele com a própria espada do general. Então, Judite retornou a Betúlia. Os habitantes ficaram entusiasmados diante do ato heróico dela, e, inspirados pelo mesmo, saíram a campo e derrotaram o inimigo.
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