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Resenha do livro O Touro Encantado dos Lençóis

Por:   •  11/7/2017  •  Resenha  •  1.093 Palavras (5 Páginas)  •  1.611 Visualizações

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RESENHA

BRAGA, Pedro dos Santos. O Touro Encantado da Ilha dos Lençóis. O sebastianismo no Maranhão. Petrópolis: Vozes, 2001 (Ed. Original, São Luís: IPES, 1983).

Jadi Seguins Pereira

Esta obra, do escritor Pedro Braga, procura demonstrar as raízes da crença no Rei D. Sebastião na ilha dos Lençóis, cerca de 150 km a oeste da Ilha de São Luís, no Maranhão. O rei português, morto na batalha de Alcácer-Quibir, no Marrocos, inspirou no Brasil vários levantes, desde a luta de Antônio Conselheiro na Bahia ao Contestado, no sul do Brasil. Já no Maranhão, a crença no rei está presente desde o bumba-meu-boi aos festejos de São Sebastião, nas ilhas litorâneas. Este livro pretende destrinchar toda a crença e mistério que cerca o rei nos pequenos arquipélagos maranhense. O autor, além de estudar o aspecto político do mito de D. Sebastião em Portugal, analisa-o no sistema de imagens da cultura popular no Brasil esmiuçando os seus elementos e propondo correlações, notadamente as ligadas ao sentimento religioso, para trazer assim, uma compreensão mais abrangente deste fenômeno, que veio de Portugal para o Brasil e se tornou um elemento tão influente no imaginário popular maranhense.

Na introdução, o autor coloca as motivações que o levaram a analisar este mito, que como ele mesmo coloca, “é uma leitura do real”, objetivando as suas matrizes para melhor compreensão da versão da Ilha dos Lençóis, e também coloca a forma que consultou suas fontes, bem como a dificuldade para consegui-las, muito pela falta de fontes escritas, e finalmente, como a sua convivência com os habitantes daquela ilha o fascinou.

No capítulo seguinte, denominado “Raízes históricas do Sebastianismo”, há uma breve explanação da evolução do surto messiânico na Europa, especialmente em Portugal, entre os séculos IV e XVI, que convergiu de três correntes principais, duas de natureza religiosa (cristianismo e judaísmo) e uma de corrente política. E um desses surtos, está ligado justamente ao desaparecimento do jovem rei Dom Sebastião na batalha de Alcácer-Quibir, no Marrocos. Depois de ter sido morto nessa batalha, como já se sabe, houve uma guerra para a sucessão do trono, ganha por Filipe II, que anexa o território de Portugal ao domínio da Espanha. E nesse meio tempo, surge pela gente simples do povo a crença de que Dom Sebastião não estava morto, e que regressaria glorioso, o que foi suficiente para fazer com que surgisse uma ideologia de luta pela restauração da coroa portuguesa. E nessa luta, surgem duas vertentes do sebastianismo, uma de cunho popular muito parecido com o messianismo que antes fora citado, e outra de classes dominantes, que queriam apenas recuperar o controle do país, restaurar a coroa e consolidar seu domínio colonial. E esta crença de cunho popular é a que aparece em algumas manifestações culturais populares no Maranhão, como o Bumba-meu-boi e na lenda do Touro Encantado.

No capítulo de nome “O Touro Encantado da Ilha dos Lençóis”, é contado como se dá a lenda, com detalhes de como Dom Sebastião aparece na ilha, seja na forma de Touro ou de “entidade”, através de relatos dos moradores locais dessa ilha, situada num lugar de difícil acesso, mas que é surrealmente belo, que possui uma certa semelhança com o lugar onde Dom Sebastião desaparecera, e que também se assemelha a um Paraíso Terrestre, um tema que é descrito nos livros da bíblia (Gênesis, Apocalipse e Deuteronômio), e também por teólogos, historiadores e poetas, como Plínio e Homero, como um lugar perfeito (Jardim de Alcino, Ilha Afortunada e Campos Elísios) que marcou a Antiguidade e a Idade Média pela obsessão em alcançá-lo, e depois é mostrado como alguns desses escritos, principalmente os de Fernando Pessoa e Simão Estácio da Silveira, referentes a Portugal e ao Maranhão,

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