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A Interpretação Da Bíblia

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Por:   •  13/6/2013  •  Relatório de pesquisa  •  10.231 Palavras (41 Páginas)  •  506 Visualizações

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Bíblia

Há mais de cinco séculos em primeiro lugar na lista dos livros mais impressos, traduzidos, vendidos, lidos e comentados do mundo, a Bíblia, livro sagrado do judaísmo e do cristianismo, inaugurou a invenção da tipografia por Gutenberg, em 1450, e desde então seu texto já foi impresso em mais de 300 idiomas e suscitou a publicação de milhares de obras de divulgação, interpretação ou comentário.

Desde os primeiros textos, escritos em rolos de papiro, até às modernas edições comentadas do século XX -- ao longo de cerca de trinta séculos --, o texto bíblico manteve uma surpreendente vitalidade e alimentou a fé de muitos povos e nações. Essa força decorre do permanente diálogo entre o livro, que interpela a consciência dos homens, e os homens, que o interrogam em busca de respostas a suas indagações transcendentes.

A Bíblia é uma coleção de textos, divididos em duas partes: o Antigo ou Velho Testamento, reunido por etapas nos dez séculos anteriores ao nascimento de Jesus Cristo; e o Novo Testamento, escrito durante o século posterior a sua morte. A palavra "testamento" (testamentum na tradução latina da Vulgata) traduz o grego diatheke, que por sua vez é tradução do termo hebraico berith, "aliança". O uso do termo diatheke -- testamentum nos Evangelhos (p. ex. Lc 20,22) e nas Epístolas (p. ex. Rm 9,1-11; Hb 8 e 9), que aludem a textos como Gn 9 e 15 e Ex 24, 8, estabelece uma unidade espiritual entre os escritos cristãos e a coleção judaica.

A palavra Bíblia corresponde ao plural grego de biblion e significa "os livros". Refere-se aos livros que a compõem, também denominados Sagradas Escrituras, devido a seu caráter canônico, isto é, enquadrados em um cânon, ou padrão, como livros sagrados, diretamente inspirados por Deus. Entretanto, o conjunto não é o mesmo para todas as religiões, pois o critério de canonicidade difere de religião para religião. Assim, no Antigo Testamento só são canônicos, para os judeus, os livros cujo original hebraico foi encontrado, o que exclui Judite, Tobias, I e II Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico e Baruc, que são canônicos para os cristãos; e os livros do Novo Testamento, que testemunham a vida de Jesus Cristo e de seus apóstolos, são canônicos apenas para os cristãos.

Além desses livros, existem outros, que formam a chamada literatura intertestamentária, e englobam: (1) os livros apócrifos -- alguns deuterocanônicos (ou seja, de canonicidade só reconhecida posteriormente) para a Igreja Católica; outros, canônicos para a Igreja Ortodoxa; e ainda outros não-canônicos para o judaísmo e o protestantismo; (2) os pseudepigráficos (erroneamente atribuídos a autores bíblicos), não-canônicos para todas as religiões; e (3) os manuscritos do mar Morto, também considerados não-canônicos, embora ainda em estudo por parte de especialistas de todas essas religiões.

Arqueologia bíblica. Até o século XIX, o estudo da Bíblia sofreu limitações decorrentes da quase total ausência de informações históricas extrabíblicas sobre os fatos narrados na Bíblia. Com as descobertas proporcionadas por escavações arqueológicas, foi possível compor um quadro geral mais nítido de todo o mundo antigo contemporâneo da história de Israel e do cristianismo primitivo, isto é, desde a civilização sumeriana, da qual saiu Abraão, até à época do helenismo e do Império Romano, em que se expandiu o Evangelho.

Vários são os aspectos pesquisados pela arqueologia -- desde a construção de edifícios e confecção de vestuário, até a organização militar, administrativa, política, religiosa e comercial. Os meios de transporte, as armas e utensílios, a educação, o lazer, as profissões e ofícios, os meios de subsistência, a estrutura urbana, sanitária e viária, a escrita e as artes -- tudo concorre para formar esse imenso pano de fundo, contra o qual se pode assistir com maior nitidez ao desenrolar da história relatada nos livros bíblicos.

A partir de escritos preservados em tábuas de pedra e barro, em hieróglifos ou em caracteres cuneiformes, foi possível uma compreensão mais clara de como os judeus e os povos com os quais coexistiram pensavam e agiam, como se vestiam, de que se alimentavam, que deuses cultuavam, quais os seus ritos, sua filosofia, suas artes, como guerreavam ou estabeleciam tratados de paz. Restaurar todos esses elementos, no grau em que foi possível, significou restabelecer todo um conjunto de símbolos, um sistema de significação que permitiu compreender melhor as inúmeras metáforas, a rede de sentidos figurados em que se tece a linguagem da Bíblia.

Várias descobertas desse teor podem ser citadas: as escavações realizadas em Ur, cidade natal de Abraão, que permitiram a descoberta de textos alusivos a uma grande enchente, que se pode correlacionar ao relato do dilúvio; e a localização de restos de uma construção que pode ser ligada à descrição da torre de Babel. Em Nuzi, encontraram-se referências ao sacrifício de crianças -- que Abraão substituiu pelo de animais -- e ao roubo de ídolos, como refere o Gênesis (capítulo 31). No Egito, levantaram-se relatos sobre a invasão dos hicsos, ao tempo de José. Em Susa, na Babilônia, restaurou-se o código de Hamurabi, contemporâneo de Abraão. Numa estela construída por volta do ano 1200 a.C., há citações sobre Israel e Palestina.

Interpretação da Bíblia. Existe uma hermenêutica bíblica, isto é, uma doutrina e um método de interpretação do texto bíblico, com regras gerais e particulares a serem aplicadas na busca e determinação de sentido. A exegese, que é a aplicação prática dessas regras, obedece a certas etapas: estabelecimento do texto original, com base em manuscritos, traduções antigas, documentos etc; configuração do sentido contextual, para resgatar os significados que as palavras e expressões possuíam na época e no meio em que foram formuladas. Além do sentido literal, os pesquisadores buscam sentidos adicionais, baseados em outros princípios hermenêuticos. O principal, e o único legítimo, é o tipológico, que interpreta os fatos, personagens e instituições do Antigo Testamento como "tipos" ou prefigurações das realidades da Nova Aliança (p. ex. Jo 3,14-15, aludindo a Num 21, 8-9; ver também 1Cor 10, 1-11, onde o termo typos é usado duas vezes). Antigamente usava-se também o termo "sentido alegórico", para indicar, na maioria das vezes, o que depois passou-se a chamar de sentido tipológico. Uma interpretação alegórica, porém, que se esmerasse em buscar sentidos mais "altos", mais "profundos", mais " espirituais", sem base no sentido literal entendido pelo autor humano, nem na tipologia, não seria uma verdadeira e legítima interpretação

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