As cores do amor

AS CORES DO AMOR

AUTORA: SÔNIA SANTORO

LUIZINHO DE TUDO RECLAMAVA.

ERA TRISTE, NÃO TINHA ALEGRIA.

POR TUDO ELE SE REVOLTAVA.

E QUANTAS BOBAGENS FAZIA!

COM OUTROS ERA SEMPRE DURO.

AMIGOS, QUASE NÃO TINHA;

MAS PARA PICHAR UM MURO

SEMPRE ENCONTRAVA COMPANHIA.

MAS O QUE É QUE LHE FALTAVA,

PARA UM BOM MENINO ELE SER?

SUA MÃE TODO CARINHO LHE DAVA.

SEU PAI ERA O QUE TODOS QUERIAM TER.

E LUIZINHO NÃO PERCEBIA

 O QUE DE BOM A VIDA LHE DAVA.

SÓ O LADO RUIM ELE VIA,

DE TUDO O QUE OBSERVAVA.

UM DIA, SUA MÃE, DOCEMENTE,

APÓS LÁPIS DE COR LHE DAR,

PEDE-LHE QUE INVENTE UM QUADRO BONITO PARA PINTAR.

LUIZINHO RISCA  A PAREDE,

RISCA O ARMÁRIO E O CHÃO.

DEPOIS, SE DEITA NA REDE

E DORME COM OS LÁPIS NA MÃO.

E EIS QUE, EM SONHO, ELE VÊ,

DA CAIXA, OS LÁPIS SAINDO.

VÃO ESCREVENDO, E ELE LÊ,

O QUE TODOS LHE FALAM, SORRINDO:

- VAMOS JUNTAR NOSSAS CORES

E ENSINAR LUIZINHO A VIVER,

MOSTRANDO A BELEZA DAS FLORES,

COM AS CORES QUE SÓ O AMOR PODE TER.

E É O LÁPIS CINZA QUEM DIZ:

- COBRINDO DO CÉU O AZUL,

VOCÊ VIU O QUE FOI QUE EU FIZ?

FEIO CÉU, DE NORTE A SUL!

NO ENTANTO, SE O BRILHO DO AMOR

EU PONHO NAQUILO QUE FAÇO,

TRANSFORMO O CINZA QUE FOR

NA PRATA QUE BRILHA NO ESPAÇO.

E VEJA SÓ QUANTAS ESTRELAS

DE PRATA EU VOU FAZER!

VOCÊ SE ENCANTARÁ, AO VÊ-LAS,

COM O BRILHO QUE HÃO DE TER.

O LÁPIS PRETO VEIO, ENTÃO,

TRAZER, TAMBÉM, SEU RECADO

E FALOU, COM EMOÇÃO,

AO GAROTINHO LEVADO:

- POSSO FAZER A NOITE MUITO ESCURA.

POSSO PINTAR AS TREVAS, ENFIM.

MAS TAMBÉM POSSO, COM DOÇURA,

TRANSFORMAR O BREU EM MARFIM.

POSSO, ASSIM, A NOITE AVELUDAR,

PARA AS ESTRELAS BRILHAREM MAIS

E A LUA MELHOR SE MOSTRAR.

VIU COMO TAMBÉM SOU CAPAZ?

AI, CHEGOU O AMARELO

E, COM GRAÇA, RISCOU O SOL.

O QUADRO ERA MUITO BELO:

O ASTRO-REI EM LUMINOSO ARREBOL!

OUTROS LÁPIS VIERAM FALAR,

CADA UM DO SEU NOBRE PAPEL:

O VERDE A BELEZA PINTARIA DO MAR.

O AZUL, TODO O ESPLENDOR DO CÉU!

POR ÚLTIMO, FALOU O VERMELHO:

PICHADO NO MURO, SOU FEIO  E FÚTIL.

ENTÃO, ME OLHO NO ESPELHO

E ME VEJO BONITO SENDO ÚTIL.

POSSO COLORIR TAMBÉM A TERRA,

COM O SANGUE DE TANTA GENTE.

POSSO SER A COR DA GUERRA

E DA DOR QUE O CORAÇÃO SENTE.

MAS PREFIRO UM JARDIM ENFEITAR,

COLORINDO AS ROSAS – AH! QUANTA BELEZA!