COMO LIDAR COM A INFLUÊNCIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO TV E INTERNET

COMO LIDAR COM A INFLUÊNCIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO TV E INTERNET

Os meios de comunicação, em especial a televisão e a internet, fazem parte do dia a dia de crianças, jovens e adultos. As importantes ferramentas não se prestam apenas a lazer e passatempo, mas são instrumentos atuais inseridos no contexto educacional, profissional e de formação moral das pessoas. Como se trata de canais abertos e de fácil acessibilidade, muitas vezes os pais têm certa dificuldade em estabelecer regras para aqueles que vivem sob sua tutela e que têm toda facilidade de acesso a esses meios.

Deusa Samú, mãe de três filhos, psicóloga clínica hospitalar na capital paulista e autora dos livros Almas no Divã e Casos Pensados, é pós-graduada em Tanatologia (educação para a morte) pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Membro da Associação Médico-Espírita de São Paulo e vinculada a diversas atividades na área de infância e juventude da Instituição Seara Bendita, ela nos ajuda, nesta entrevista, a entender um pouco mais esse universo.

Folha Espírita – Os meios de comunicação têm ajudado positivamente na formação das crianças?

Deusa Samú – Sim, sem dúvida. Nossa cognição se traduz pela capacidade de apreendermos os estímulos do ambiente, retê-los, transformá-los e devolvê-los, de preferência com algum grau de refinação para os vários cenários da vida. Porém, para que façamos isso com maestria, é necessário nos reportarmos à pergunta 208 de O Livro dos Espíritos, na qual o Espírito de Verdade responde que os pais influenciam de maneira decisiva o espírito dos filhos e que devem fazer isso através do exemplo. Nesse sentido, é papel dos pais escolher que tipo de material querem passar para seus filhos.

208. Nenhuma influência exercem os Espíritos dos pais

sobre o filho depois do nascimento deste?

“Ao contrário: bem grande influência exercem. Conforme

já dissemos, os Espíritos têm que contribuir para o

progresso uns dos outros. Pois bem, os Espíritos dos pais

têm por missão desenvolver os de seus filhos pela educação.

Constitui-lhes isso uma tarefa. Tornar-se-ão culpados,

se vierem a falir no seu desempenho.”

FE – Dentre eles, há algum que mereça mais vigilância por parte dos pais?

Deusa – Não. Porque a vigilância maior está exatamente na escala de valores que se passa todos os dias e em todas as oportunidades para eles. Assim, iremos ajudá-los a desenvolver autonomia e responsabilidade para fazer escolhas e ainda colaborar para a evolução deles no campo intelectual e principalmente no campo moral. Faz-se necessário falar abertamente as razões porque queremos ou não determinado produto fazendo parte das nossas vidas. Os adolescentes teimam em questionar e comparar os seus com os pais dos amigos, mas é preciso que deixemos claro que os amamos e que nossa tarefa é encaminhá-los apontando a direção, conforme nos indica O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 14, item 9. É importante citarmos os conceitos da nossa Doutrina porque somos espíritas. Do ponto de vista da Psicologia do Desenvolvimento, qualquer compêndio consultado nos orientará dentro desses parâmetros.

FE – É preciso estabelecer limites para programas de televisão, internet e material escrito?

Deusa – Sim. Mas, como disse anteriormente, se esses limites sempre foram estabelecidos, isso fará parte da vida deles como algo natural e escolhido com convicção de que é o melhor. Se os pais tiverem dificuldades, terão de barganhar e dizer o porquê da barganha. Ou seja, dizer: “Amo você. Se não obedecer, não irá ao cinema com seu amigo. É uma troca, e ainda que você me odeie momentaneamente, no futuro, com certeza, entenderá.”

FE – Como fazer esse controle quando estão fora de casa?

Deusa – Não quero me tornar repetitiva, porém, se for estabelecido algum contrato/combinado com regras, deverá ser cumprido independentemente da presença dos pais. Se o combinado não se mantém, as punições virão conforme previamente estabelecidas, e sempre deverão ser explicadas para não subestimar a capacidade de entendimento dos filhos, evitando frases do tipo: “É assim porque tem de ser.”

FE – No caso da internet, acha viável fazer bloqueio de sites e estabelecer uma lista em comum acordo com os filhos?

Deusa – Sim, sem dúvida. E sempre explicando as reais razões pelas quais considera inviável qualquer prática nesse campo. Dessa forma, o filho perceberá que tem tempo adequado para tudo.

FE