GRAÇA E JUSTIFICAÇÃO
Artigo: GRAÇA E JUSTIFICAÇÃO. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: elicassiano • 13/11/2014 • Artigo • 1.819 Palavras (8 Páginas) • 250 Visualizações
A GRAÇA E A JUSTIFICAÇÃO
Resumo: Neste pequeno artigo, nos propomos a fazer uma reflexão sobre a graça e a justificação, baseando-se no ensino do artigo 2, "Graça e Justificação" do Catecismo da Igreja Católica, compreendendo os parágrafos 1987 a 2016.
I – A Justificação
Pela graça de Deus, o Espírito Santo age nos homens purificando-os do pecado e comunicando-lhes a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo e pelo Sacramento batismal que o incorpora ao Corpo de Cisto, a Igreja. Pela ação do Espírito Santo os homens participam da Paixão de Cristo, morrendo para o pecado, e participam também da Ressurreição nascendo para uma vida nova como membros da Igreja, sendo assim enxertados na Videira que é Jesus Cristo.
A primeira obra da graça que é operada pelo Espírito Santo é a conversão que realiza por sua vez a justificação (2), pela ação da graça o homem se volta para Deus se afastando do pecado e acolhendo o perdão e a justiça do alto. Segundo o ensino do Concílio de Trento, "a justificação comporta a remissão dos pecados, a santificação e a renovação do homem interior." (cf. DS 1528; CIC § 1989).
A justificação não é merecimento humano, mas fruto da misericórdia de Deus, que foi merecida aos homens pela Paixão de Cristo, que se ofereceu livremente na cruz como hóstia viva, santa e agradável, cujo sangue foi instrumento de propiciação pelos pecados da humanidade (3). Com a justificação se estabelece a colaboração entre a graça de Deus e a liberdade do homem, ao passo que o homem se aproxima pela fé à palavra de Deus (4), que convida a este à conversão. Santo Agostinho dar a entender que a justificação é a " obra mais excelente do amor de Deus", com o seguinte argumento: "a justificação do ímpio é uma obra maior que a criação dos céus e da terra", pois "os céus e a terra passarão, ao passo que a salvação e a justificação dos eleitos permanecerão para sempre" . (Cf. Sto. Agostinho, in. Johannis Evangelium tractatus, 72,3 apud CIC §1994).
II – A Graça
Uma vez que a justificação do homem é fruto da graça de Deus, cabe perguntamos o que é a graça? E o Catecismo da Igreja Católica responde sem falhas: "A graça é favor, o socorro gratuito que Deus nos dá para responder a seu convite: tomar-nos filhos de Deus, filhos adotivos participantes da natureza divina, da Vida Eterna." (cf. CIC § 1996).
Assim sendo, a graça nada mais é do que o auxílio de Deus para que o homem possa responder positivamente ao Seu chamado. Deve-se ter em conta, que a graça é dom gratuito que Deus concede ao homem pelo Espírito Santo no Sacramento do Batismo, trata-se do que a Igreja denomina de "graça santificante ou deificante", que agindo no homem é a fonte da santificação.
A graça santificante é um dom habitual (uma disposição estável e sobrenatural ) que prepara o homem para viver segundo os desígnios de Deus, é preciso que se distinga a graça habitual (5) das graças atuais (6), que são intervenções divinas na vida do homem, no decorrer da obra de sua santificação.
A própria preparação do homem para acolher a graça de Deus já é obra da graça, dada a necessidade de suscitar e manter a colaboração do homem em sua própria santificação, cooperando com a graça. Por isso ensina Santo Agostinho: "Sem dúvida, operamos também nós, mas o fazemos cooperando com Deus, que opera predispondo-nos com a sua misericórdia. E o faz para nos curar, e nos acompanhará para que, quando já curados, sejamos vivificados; predispõe-nos para que sejamos chamados e acompanha-nos para que sejamos glorificados; predispõe-nos para que vivamos segundo a piedade e segue-nos para que, com Ele, vivamos para todo o sempre, pois sem Ele nada podemos fazer." (cf. Sto. Agostinho in, De natura et gratia, 31,35 apud CIC §2001).
Deus age de forma livre, concedendo a graça, e a resposta do homem também deve ser livre, pois "a alma só pode entrar livremente na comunhão do amor". (CIC § 2002).
Sendo a graça de Deus, dom que nos justifica e santifica, compreende também os dons do Espírito Santo (7) que atuando em na vida do homem o ajuda a colaborar na salvação dos outros homens, bem como com o crescimento da Igreja, Corpo de Cristo. São graças sacramentais, dons próprios de cada Sacramento, dos canais da graça de Deus a atingir o homem por meio da Igreja. Existem também as graças especiais, os carismas, que ás vezes são extraordinários como o dom de línguas, que se ordenam à graça santificante tendo como meta o bem comum da Igreja. Outro exemplo de graças especiais são as graças de estado "que acompanham o exercício das responsabilidades da vida cristã e dos ministérios no seio da Igreja: Tendo, porém, dons diferentes, segundo a graça que nos foi dada, aquele que tem o dom da profecia, que o exerça segundo a proporção de nossa fé; aquele que tem o dom do serviço, que o exerça servindo; quem tem o dom do ensino, ensinando; quem tem o dom da exortação, exortando. Aquele que distribui seus bens, que o faça com simplicidade; aquele que preside, com diligência; aquele que exerce misericórdia, com alegria (Rm 12,6-8)." (cf. CIC § 2004) .
A graça de Deus só pode ser conhecida pela Fé, visto que é de ordem sobrenatural. Dessa forma, não se pode deduzir por sentimentos se "estamos justificados e salvos" (8), isso compete unicamente à Deus, por outro lado, pelos frutos (cf. 7,20) podemos reconhecer que a graça opera em nós, nos impelindo a buscar sempre a progressão na fé, numa atitude de humildade confiante em Deus.
III – O Mérito.
A palavra "mérito" tem sentido de "retribuição devida" . Em termos jurídicos diante de Deus não há mérito da parte do homem, uma vez que a diferença do homem para Deus é infinita. Deus livremente determinou associar o homem à obra de sua graça (9), fazendo com que o homem participasse na vida cristã, com mérito diante de Deus: "A ação paternal de Deus vem em primeiro lugar por seu impulso, e o livre agir do homem, em segundo lugar, colaborando com Ele, de sorte que os méritos das boas obras devem-ser atribuídos à graça de Deus, primeiramente, e só em segundo lugar ao fiel. O próprio mérito do homem cabe, aliás, a Deus pois suas boas ações procedem, em Cristo, das inspirações do auxilio do Espírito Santo." (cf. CIC § 2008).
Dessa forma, o homem ao se tornar filho adotivo de Deus e partícipe por graça da natureza divina, torna-se co-herdeiro de Cristo, e apto para receber a herança prometida da vida eterna (10).
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