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Montaigne.

Resenha: Montaigne.. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  22/11/2012  •  Resenha  •  775 Palavras (4 Páginas)  •  542 Visualizações

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Quem nunca teve a curiosidade, nem que seja mínima, de saber como é o primeiro segundo após a morte? Nunca ninguém “retornou” para contar. Já se ouviu experiências de pessoas que alegam terem presenciado o momento pós-morte. Mas nada concreto. Para Montaigne[1], a expressão morrer vai muito além de seu sentido natural que normalmente é empregado. Para ele, há duas formas de se deparar (ou ter a experiência) com a morte: o estudo e a contemplação. “Meditar sobre a morte é meditar sobre a liberdade” (Ensaios, XX: Filosofar é aprender a morrer) e é basicamente sobre isso que ele tanto insiste em seus ensaios. E é de alguma forma que este estudo e esta contemplação nos levam a uma experiência extracorpórea.

A morte nos surpreende de várias formas, leva a todos sem distinção de raça, cor, nacionalidade, idade… De Reis e Rainhas ao Papa e ao próprio Jesus Cristo. É a única certeza deste mundo: de que um dia morreremos. E para onde iremos? Ninguém sabe. É por isso que Montaigne compara o fato da morte com o filosofar. “Temo que tenhamos os olhos maiores do que a barriga, e mais curiosidade do que capacidade.”. E assim é o mundo hoje. Se filosofar é raciocinar tirando induções, argumentar, discutir com sutileza, Montaigne vai muito além. Todas as reflexões, argumentações que se observam neste mundo nos levam a um pensar único: não ter medo de morrer. Até mesmo as Sagradas Escrituras revelam que não há a necessidade de se ter medo da morte ou mesmo do que vem antes ou após ela, pois todo o esforço tende à felicidade e o bem viver. “Em Montaigne o Ceticismo convive com uma fé sincera, porque ele é estrutural desconfiança na razão e, justamente por isso, não pode por em causa a fé” (REALE; ANTISERI, 2005).

A vida virtuosa é equiparada a vida feliz, sendo essa virtude tudo aquilo que faz o homem ser bom naquilo que é fazendo ser aquilo que deve ser. Sendo que à luz do pensamento de Montaigne, ele mesmo conclui que um dos principais benefícios da virtude é o menosprezo pela morte. Em seus escritos, Montaigne aponta para o acontecer inevitável e universal da morte e da preparação para a mesma. Não há idade para morrer, nem lugar. E o motivo desta morte pode ser de qualquer forma. A “(…) morte é o objetivo de nossa caminhada, é o objeto necessário de nossa mira (…)”. E há também aqueles que se julgam capazes de não pensar na morte, como contesta Montaigne, contra a tolice de negar este pensamento. Negar a morte tende a aumentar mais o sofrimento, pois quando ela se aproxima e tal pessoa se dá conta de sua aproximação é tomado pela dor e desespero. A virtude está ligada ao aprendizado da morte. Aprender a morrer é aprender a viver.

Pensar na morte nos afasta do terrível sentimento que ela apresenta: o inesperado, o desassossego do desconhecido, o susto. Habituando-se a ela, tendo-a no pensamento, conclui-se que está próxima e que nada pode ser feito. É com tranquilidade que Montaigne almeja se deparar com a própria morte: “Quero (…) que a morte me encontre plantando minhas couves, mas despreocupado dela, e mais ainda de meu jardim imperfeito.”

Montaigne nos apresenta uma íntima relação entre a vida e a morte, impossível se pensar em ambas separadamente. Para o Cristianismo, a morte é o ínicio da vida eterna, por exemplo. Filosofar é aprender a morrer, talvez seja este

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