O Misterio

Como Professor da disciplina Matrimônio procuro levar o seminarista a confrontar a sua vocação sacerdotal com a vocação ao matrimônio, e como toda vocação é provada, o seminarista ao descobrir as riquezas do matrimônio acaba se encantando. Ao mesmo tempo ele pode confrontar a grandiosidade da vida matrimonial e a atitude de se tornar celibatário, uma profunda renúncia pessoal que é possível com a ajuda da graça santificante de Cristo. Mas o sacerdote precisa ser mestre em matrimônio, pois na sua vida pastoral sempre terá que se defrontar com pessoas que precisam de ajuda e acompanhamento no matrimônio.

Como formação para os seminaristas cito neste texto abaixo algumas características antropológicas da vida matrimonial, onde todos os mistérios da pessoa humana entram em jogo de forma privilegiada.

No matrimônio se deve valorizar e aceitar o outro não só em sua dimensão corporal ou espiritual, mas na sua totalidade corpórea-espiritual, sem exaltações nem reduções. A pessoa humana é individual e singular, irredutível, por isso o matrimônio deve basear-se na aceitação dessa mútua singularidade, na descoberta, conhecimento e reconhecimento de sua riqueza e de sua miséria, sem pretender violentar ou reduzir o outro.

Todo matrimônio deve ser um ato que parte da própria interioridade, do próprio centro-eu, com a consciência de quem sabe que nesse ato compromete totalidade de seu ser. A pessoa é livre, mas no matrimônio, como realidade interpessoal isto só é possível se comprometida diante do outro e diante dos outros, se comprometendo com a liberdade do outro. Fazendo alguém livre cria-se espaços para sua realização na liberdade.

O matrimônio é uma necessidade natural e uma vocação da pessoa humana para sua realização plena, por isso a grandeza da renúncia disto feita pelos sacerdotes.

Deus os abençoe. Diácono Paulo Lourenço.

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