PROJETANDO O EVANGELHO QUADRANGULAR

        O EVANGELHO QUADRANGULAR

        A Igreja do Evangelho Quadrangular (IEQ) foi o estopim da segunda onda pentecostal, com seus métodos arrojados, forjados precisamente no berço dos modernos meios de comunicação de massa, a Califórnia do entre guerras (ANTONIAZZI, 1996).

        A Internacional Church of The Foursquare Gospel nasceu em Los Angeles, que era a Meca dos grupos religiosos exóticos e o centro da crescente indústria do entretenimento. A fundadora, Aimee Semple McPherson, apresentou o pentecostalismo numa roupagem adequado a essa mistura do que havia de mais moderno e bizarro nos anos 20.

        Foi em 1922, durante um culto na cidade de Oakland, que ela recebeu a visão do evangelho quadrangular, termo que daria nome a igreja por ela fundada em janeiro de 1923, com a inauguração do Angelus Temple, em Los Angeles, Califórnia.

        A Doutrina da Igreja do Evangelho Quadrangular, segundo a pregação de sua fundadora, repousa sobre quatro pilares: Cristo o Salvador, Cristo o Batizador com o Espirito Santo, Cristo o Grande Médico e Cristo o Rei que há de voltar. Dai o nome de Quadrangular para simplificar os quatro ministérios de Cristo. Estas foram as palavras dela na ocasião:

Minha alma curvava-se reverente, meu coração vibrava, pois a história ardente dessa visão celestial parecia encher e permear não só o tabernáculo, mas toda a terra. Nas nuvens do céu que se dobravam e desdobravam em glória chamejante, Ezequiel contemplara o Ser cuja glória mortal nenhum pode descrever. Enquanto fixava a maravilhosa revelação do Onipotente, ele percebeu quatro rostos, de homem, de leão, de boi e de águia. Na face do leão, contemplamos aquele que batiza com o Espírito Santo e com fogo. A face do boi tipifica aquele que carrega os fardos, que levou sobre si as nossas fraquezas e enfermidades, que em seu amor infindo e em sua provisão divina supre cada uma de nossas necessidades. Na face da águia, vemos refletidas as visões arrebatadoras do Rei vindouro, cujo as asas logo abrirão caminho nos céus brilhantes, cuja voz ressoará através do universo nas cadências vibrantes do poder da ressurreição, quando vier buscar sua noiva que o aguarda. E na face do homem contemplamos o Salvador, o homem de dores, que sabe o que é padecer, morrendo na cruz pelos nossos pecados. Este é um evangelho perfeito, completo, para o corpo, a alma, o espírito, e para a eternidade, um evangelho que olha diretamente e ao mesmo tempo em quatro direções [...] Fiquei parada por um instante e escutei, agarrada ao púlpito, quase sacudida por esplendor e alegria. Brotaram então do fogo ardente do meu coração as palavras: ‘Veja... veja, é o Evangelho Quadrangular. O Evangelho Quadrangular!’ No mesmo instante o Espírito deu testemunho. Ondas, vagalhões, oceanos de louvor varreram a audiência, que foi arrebatada pelos ventos mais impetuosos do reavivamento do Espírito Santo. (AIMEE, 1992, p. 165).

Hoje, apesar do tempo de existência e da expansão da denominação, a pergunta continua: “O que é o Evangelho Quadrangular?” Algumas vezes, as pessoas indagam: “O que vocês querem dizer com ‘Quadrangular’?”.

        Diante destas perguntas tomo a prazerosa tarefa de responder a estas indagações de uma forma simples, bíblica e histórica dos fatos que envolvem as origens deste evangelho chamado quadrangular. O movimento existe com o fim de promover a proclamação, experiência e prática da mensagem. O objetivo ou alvo é nada menos que recuperar, para a igreja de hoje, todos os benefícios e bênçãos que coroaram de gloria a igreja dos tempos apostólicos. Cada auditório quadrangular ao redor do globo reflete esta confiança pela apresentação de Hebreus 13:8, como seu lema denominacional: “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e o será para sempre”.

        A expressão “Evangelho Quadrangular” teve origem no reconhecimento de Jesus Cristo como resposta a toda necessidade humana. A irmã McPherson havia proclamado esta mensagem durante cerca de quatorze anos, quando, repentinamente, descobriu o termo “quadrangular” para descrever este evangelho.

        Quando a expressão “Evangelho Quadrangular” nasceu, a irmã McPherson não conhecia a proeminência da palavra “quadrangular” nas Escrituras. Estudo ulterior mostrou que a expressão começa, biblicamente, com a descrição do altar quadrangular no livro de Êxodo, no Antigo Testamento, e termina com a cidade quadrangular no livro de Apocalipse, no Novo Testamento.

        Embora o termo só apareça dez vezes na Sagrada Escritura, a importância de suas associações prova ser quase esmagadora, pois, ele é aplicado, exclusivamente, a elementos que representam a aproximação, a aceitação e a adoração do Deus Todo-Poderoso por parte do homem pecador. Além disto, nas três primeiras vezes em que a palavra aparece na Bíblia, ela é pronunciada pela voz de Jeová. O Senhor deu ordens no Monte Sinai, com respeito ao altar de sacrifício, ao altar de incenso do tabernáculo e sobre o peitoral do sumo sacerdote, para que todos fossem quadrangulares.

Talvez, o resumo bíblico mais simples possível da fé e experiência quadrangular seja o testemunho: “Jesus nos salva, de acordo com João 3:16. Ele nos batiza com o Espírito Santo, de acordo com Atos 2:4. Ele cura nossos corpos, segundo Tiago 5:14-15. E Jesus Cristo vai voltar para receber-nos para Si mesmo, segundo I Tessalonicenses 4:16-17”. Mas, a mensagem é bem mais antiga do que o nome da denominação. Ela é idêntica àquela de Jesus e seus apóstolos no Novo Testamento.

Projetando o Evangelho Quadrangular

        “Tudo o que posso fazer é continuar pregando Jesus... Neste momento estou ocupada pregando os símbolos: a cruz, a pomba, o cálice e a coroa!”.

        Aimee, dirigiu estas palavras a um auditório lotado no Angelus Temple, em 9 de outubro de 1938. Era o dia do seu aniversário e ela estava narrando à história de sua vida. Naquela época uma mulher ser líder religiosa e idealizadora de uma denominação que crescia a cada dia era algo que nem todas as pessoas aceitavam com facilidade e Aimee era alvo de perseguição e falatórios, no entanto ela declarou, enfaticamente, que a perseguição e a oposição nunca precisam deter o progresso e o crescimento da obra e do Reino de Deus. “As pessoas dizem isto e aquilo a meu respeito. Não tenho tempo de negar ou afirmar essas coisas. Tudo o que posso é continuar pregando Jesus. Alguns perguntam: ‘Olhe, porque você nunca se levanta e se defende?’ Talvez, tenha oportunidade para isto um dia. Mas neste momento estou ocupada pregando os símbolos – a cruz de Jesus Cristo; a pomba do batismo ardente do Espírito Santo; o cálice da cura divina e a coroa do segundo advento de Cristo”.