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Religiao X Ciencia

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Por:   •  9/9/2014  •  6.870 Palavras (28 Páginas)  •  507 Visualizações

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Visão geral[editar | editar código-fonte]

Historicamente, a ciência tem tido uma relação complexa com a religião; doutrinas religiosas por vezes influenciaram o desenvolvimento científico, enquanto o conhecimento científico tem surtido efeitos sobre crenças religiosas. A visão do ser humano sobre os deuses influencia a visão dele sobre natureza e vice-versa, já que o ser humano é um ser integral. Um ponto de vista descrito por Stephen Jay Gould como magistérios não-sobrepostos (ou não interferentes) - em inglês Non-Overlapping Magisteria (NOMA) - é que a ciência e a religião lidam com aspectos fundamentalmente distintos da experiência humana, e desta forma, quando cada uma delas permanece em seu próprio domínio, elas coexistem de maneira pacífica.3 Outra visão conhecida como a tese do conflito, afirma que a religião e a ciência inevitavelmente competem pela autoridade sobre a natureza da realidade, de forma que a religião está gradualmente perdendo a guerra contra a ciência ao passo que as explicações científicas tornam-se mais poderosas e gerais.4 Esta visão foi popularizada no século XIX por John William Draper e Andrew Dickson White.

Ciências e religiões: construções humanas[editar | editar código-fonte]

A religião e a ciência são construções humanas, que variam com o tempo. Dentro de qualquer religião há uma variedade de posicionamentos, ramificações, segundo as diversas interpretações que fazem das escrituras que consideram sagradas, inspiradas por deus ou deuses, e geralmente tidas como revelações diretas deste(s) ao homem. Há uma multiplicidade muito grande de pareceres teológicos dentro de cada religião, acompanhando assim a variedade de formas com que o ser humano vê as questões que envolvem os deuses e o homem. Assim também na ciência, há diversas visões sobre sua epistemologia, ou seja, há concepções distintas sobre como o conhecimento científico é gerado e sobre a natureza e autoridade da ciência. Alguns cientistas entendem a ciência como instrumento para se achegar a Verdade Absoluta, outros a veêm limitada e restrita às limitações racionais e experimentais humanas. Alguns crêem que é possível verificar algo, outros entendem que só é possível excluir possibilidades e outros acham que as infinidades de possibilidades e conjecturas da mente, as formas de pensar humanas não esgotam todas as variáveis do problema, que os experimentos criados são limitados pelas pré-suposições de como é a natureza e que as próprias percepções, medições e sensibilidade aos fatos são limitados. Assim, há uma grande variedade de concepções epistemológicas da ciência e da religião (de como os conhecimentos religiosos e científicos são adquiridos) e das relações entre a ciência e a religião (historicamente e na atualidade), variando do antagonismo e separação até a colaboração próxima.5 6 7 8

Relações entre Ciências e Religiões ao longo da história[editar | editar código-fonte]

As relações entre ciência e religião mudam ao longo da história e envolvem uma gama muito grande e complexa de aspectos, como politicos, sociais, econômicos e aqueles que envolvem as relações de autoridade e poder, visões epistemológicas das épocas, forma das práticas científicas em cada época, relação ciência e sociedade, choques entre culturas distintas, etc.9 10

Antiguidade[editar | editar código-fonte]

Em todos os tempos, o ser humano sempre buscou conhecer o sobrenatural - os deuses - e a natureza. Na Antiguidade, havia diversas formas de buscar conhecer a natureza, mas algumas delas estavam vinculadas a cultos de natureza espiritual, cultos a divindades e rituais místicos, e mitologia.11 A idolatria babilônica, suméria, egípcia e posteriormente a grega consistiam em adorar coisas da natureza, invocando-as como deuses para que elas provessem o que necessitavam ou desejavam. Assim, a adoração ao deus sol, por exemplo, consistia em invocação de espíritos, acompanhada de oferendas para que se obtivesse a condição climática favorável para uma colheita aprazível. Na idolatria, a manifestação de espíritos sobre aquele elemento da natureza propiciava a benção desejada pelo adorador. Trata-se de uma visão animista, onde as coisas da natureza ganham "vida" através da invocação da divindade e manifestação de espíritos.12

O conhecimento, na Antiguidade, desenvolveu-se em função da agricultura, que era administrada por sacerdotes que efetuavam os cultos aos ídolos, que eram, muitas vezes elementos da natureza. Observar resultados da natureza estava, portanto, muito vinculado à prática da idolatria. Essa forma de conhecer a natureza era associada a invocação de espíritos, com exceção da civilização hebraica, a única que adorava um único deus criador e confiava nele para suas provisões, não adorando as coisas criadas.13

Ao lado da idolatria grega, surgiram pensadores na Antiguidade grega que queriam estudar a natureza sem evocar espíritos. Esses buscavam se restringir à razão como principal instrumento para o conhecimento. A dialética e o discurso ganharam muita força nessa época onde as verdades instituídas eram ganhas com base no raciocínio lógico, indução, dedução e na capacidade de persuasão do estudioso. Diversas escolas racionalistas gregas surgiram, das quais as mais famosas são atribuídas a Platão e a Aristóteles. O racionalismo é um movimento filosófico que crê que a razão é instrumento para se achegar a Verdade Absoluta. Ganhou força com as visões platônicas (Platão) de que o mundo das ideias seria um mundo perfeito onde encontra-se a realidade.14 15

Idade Média[editar | editar código-fonte]

Ver artigos principais: Religião na Idade Média, Ciência medieval e Tecnologia medieval

Durante toda a Idade Média, houve uma luta pelo poder entre a Igreja Católica e os pensadores da natureza. A Igreja queria impor que ela era a instituição que definiria o que é verdade sobre todos os assuntos, inclusive sobre a natureza. Essa atitude impedia a liberdade investigativa da natureza. Inicialmente o conhecimento grego era banido e a partir do século XII, com Tomás de Aquino e outros "pais da Igreja", algumas visões filosóficas da natureza dos gregos foram incorporadas na Teologia Católica e impostas à sociedade. Dessa forma, a Igreja Católica concentrava-se em si mesma a autoridade para assuntos religiosos e da natureza, autoridade a qual todos deviam se submeter, sob ameaças de terríveis punições.16

No século XVI,

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