Rubem Alves - O que é Religião
Por: Diego Faria • 7/6/2017 • Trabalho acadêmico • 873 Palavras (4 Páginas) • 397 Visualizações
Livro: O Que é Religião – Rubem Alves
1 - Rubem Alves, em seu livro, descreve religião como uma teia de símbolos, rede de desejos, confissão da espera, horizonte dos horizontes, a mais fantástica e pretenciosa tentativa de transubstanciar a natureza. Algo que leva o homem a seguir adiante, que dá a ele um objetivo, mesmo que ele nunca o alcance, é algo que sustenta o ser humano na sua jornada pela vida.
2 - Na concepção de Rubem Alves, a religião surge pelo simples fato do ser humano ter uma certa incompletude em sua vida, o que o torna um ser de desejo, que sempre busca algo para dar sentido a sua vida, mesmo que essa coisa não seja totalmente verdadeira e nem confiável. É assim que as culturas surgem, elas são construídas para dar sentido à vida das pessoas, mas na maioria das vezes elas falham, e a parti daí começa uma busca por algo que substitua essa falta, o que na maioria das vezes vem com as religiões. Formata por símbolos, ela é capaz de trazer um novo objetivo para a vida das pessoas, faz com que elas tenham um caminho a seguir, alto para se manterem a salvos de uma estranha “liberdade”, vista como um mundo desconhecido, em que as elas preferem fugir do que enfrentar.
3 - Segundo Rubem Alves, o símbolo surge como uma forma do homem, um ser de desejos, buscar a realização de suas vontades. Do símbolo surgiriam os fenômenos religiosos, pois quando o próprio individuo não é capaz de concretizar o que anseia, ele buscaria o sagrado para solucionar, como, por exemplo, alguém que reza (símbolo) para alcançar a paz mundial (desejo). Nos fenômenos religiosos, portanto, esses “símbolos da ausência” acabam por se tornar essenciais ao ser, pois é a forma encontrada por ele para seu desejo ser realizado e, por essa razão, é tão essencial ao ser, a ponto de abalá-lo caso seja confrontado. Por meio desses símbolos, as coisas deixam de pertencer ao mundo natural apenas e passam a ter valor divino, como, por exemplo, uma pedra que se torna um símbolo para um altar. Dessa forma, o símbolo é essencial para os fenômenos, pois os tornam presentes na vida dos indivíduos e tratam-se da forma encontrada para o homem realizar desejos que ele próprio não poderia realizar.
4 - O autor inicia o texto citando que “A consciência de Deus é autoconsciência, conhecimento de Deus é autoconhecimento. A religião é o solene desvelar dos tesouros ocultos do homem, a revelação dos seus pensamentos íntimos, a confissão aberta dos seus segredos de amor”. É possível sobre essa ótica estabelecer uma definição semelhante da relação Homem-Religião na relação Homem-Audivisual/PP. Não se vendem produtos para que os animais de estimação comprem, mesmo que sejam eles os usuários, os compradores serão seus donos. Não se contam histórias com a preocupação de que os animais de estimação compreendam, antes chaga-se a dar características humanas aos animais que estrelam produções para que os humanos compreendam e de alguma forma se vejam representados. É sempre sobre o conhecimento do humano, mesmo que tente-se estabelecer um distanciamento, a narrativa tem a necessidade de ser acolhida por humanos, sobre conhecer e explicar melhor essa figura. Seguindo pelo texto, o autor também fala da liberdade de “ter seu corpo” e de serem “inventores de mundos”. Essa capacidade gera uma riqueza em produtos Audivisual/PP e sobre ela que tantos desses produtos estão baseados. Como não há opções de liberdade aos demais seres, o Audivisual/PP são expressões unicamente humanas, para trabalhar com elas é necessário descolar-se do corpo, do real, e pensar em um nível de abstração muito alta, relação muito parecida com a Religião. O desejo é outro aspecto interessante de se relacionar com Religião, Audiovisual e PP de maneira muito simples. Essas três áreas estão relacionadas pelo desejo, desejo por completude, desejo por se identificar com algo e desejo por ter ou ser algo. Dessa forma surgem os símbolos e nessa relação: “Quanto mais deles nos aproximamos, mais fogem de nós […] São o referencial do nosso caminhar.”. Apesar de a priori parecer contraditório, é real, consequente e necessário. Seres humanos precisam continuar caminhando e através da criação desses símbolos empáticos, mesmo que em sua jornada ele nunca chegue ao mesmo posto do símbolo, ele tem um referencial e não desiste de caminhar. Outro ponto interessante de relação é a sacralização de objetos cotidianos. Um pão pode ser um símbolo poderoso de identificação numa narrativa religiosa, um ponto de virada da história em um produto audiovisual ou o produto a ser vendido em uma publicidade. Sacralização pode parecer um termo forte a ser utilizado, mas ao objeto é dado um lugar de destaque e importância que transcende o comum e o diário, cria-se uma narrativa em torno dele e de seu significado, semelhante ao processo de sacralização. Assim como na Religião, o Audiovisual e PP estabelecem um outro nível, além do real, possível aos humanos que tem a capacidade de perceber e raciocinar assim. Seja para entretenimento ou para os negócios, o indivíduo continua sendo o foco e o objeto a se explorar. Em diversas formas as narrativas da Religião, do Audiovisual e de PP se parecem, operarando em um nível muito parecido.
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