SEMINÁRIO TEOLÓGICO LOGOS SÍNTESE DO NT: ATOS DOS APÓSTOLOS
Por: Bruno Guilherme • 12/5/2016 • Artigo • 2.062 Palavras (9 Páginas) • 613 Visualizações
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SEMINÁRIO TEOLÓGICO LOGOS
SÍNTESE DO NT: ATOS DOS APÓSTOLOS
Profº Danilo Estevo
INTRODUÇÃO
Atos dos Apóstolos, um dos livros mais estudos e citados da Bíblia, é uma narrativa histórica que cobre um período de aproximadamente trinta anos. Esse período trata dos “primeiros dias” da Igreja cristã na face da terra; do seu princípio, tendo como marco inicial do “Dia de Pentecostes” (cap. 2), passando pela evangelização operosa de sinais e milagres por parte dos apóstolos, perseguições e os profícuos ministérios de Pedro (basicamente, para os judeus) e Paulo, chamado de “o apóstolo dos gentios” – este último, com imensurável destaque, terminando sua vida, segundo o livro de Atos dos Apóstolos, em uma prisão domiciliar em Roma e pregando o evangelho (cap. 28).
O nome “Atos” vem do grego πράξεις (práxeis), e significa “atos”; “ações” ou “práticas”. A utilização do termo remonta ao mundo antigo, em que ele era usado para dar título aos livros que descreviam os grandes feitos de um povo ou uma cidade. Portanto, o nome original do livro de “Atos dos Apóstolos” é πράξεις τών ’αποστόλων (práxeis tôn apostólôn). Há quase que um consenso entre os estudiosos e expositores bíblicos de que o nome do livro de Atos bem poderia ser “Atos do Espírito Santo” por intermédio dos apóstolos, mas como se trata de uma narrativa de eventos no estabelecimento da Igreja por intermédio dos apóstolos, o nome do livro que temos hoje não pode ser considerado indevido.
Para a elaboração desta apostila, será foi utilizado como texto base o livro de esboços homiléticos “ATOS DOS APÓSTOLOS – UMA HISTÓRIA SINGULAR”, do teólogo, professor e expositor bíblico brasileiro Itamir Neves de Souza, do qual faremos citações diretas ao longo de todo este material, referenciando-o da forma “SOUZA (p...)”, salvo indicação contrária. Para o enriquecimento desta introdução, segue abaixo a transcrição de parte da Introdução de SOUZA (2011; pp. 31-2):
Atos dos Apóstolos é um livro inspirado por Deus para incentivar e encorajar os seus leitores com as experiências vivenciadas pelos cristãos primitivos.
Em Atos dos Apóstolos percebemos uma preocupação em se descrever os cristãos, organizados em igreja, detalhando o viver primitivo interno e externo deles. O livro nos apresenta o desenvolvimento da igreja, a sua maneira de lidar com o pecado, suas estruturas, suas maneiras de tomar decisões, sua visão estratégica, seu sentido de unidade alcançado depois da primeira década de cristianismo e também a sua maneira de cumprir a vontade de Deus. Mas no livro também encontramos o desenvolvimento externo da igreja, procurando alcançar sua missão de proclamar o evangelho até os confins da terra: em Atos dos Apóstolos, além do impacto inicial de cristianismo, com mais de cinco mil conversões, observamos o desejo de testemunhar, mesmo diante das perseguições; observamos as transposições das barreiras culturais, tornando a igreja “um lugar para todos”; as estratégias missionárias; a persistência na ‘obtenção dos alvos estabelecidos’ e a chegada do evangelho em Roma.
Sobretudo, em Atos dos Apóstolos, encontramos a presença constante e contínua do Senhor Jesus Cristo, o poder de Deus em diversas manifestações sobrenaturais e a direção clara e preciosa do Espírito a guiar os primeiros cristãos a cumprirem os planos e a vontade de Deus.
Entretanto, por ser um livro histórico, os critérios para a interpretação deste livro são diferentes das cartas neotestamentárias. Não devemos extrair dos Atos dos Apóstolos doutrinas, mas sim princípios para a igreja. Exemplificamos esta afirmação ao lermos, por exemplo, sobre a venda e repartição dos bens entre os membros da comunidade primitiva (conf. At 2.44,45; 4.32,34). Não é doutrina repartir os bens. O princípio é a comunhão e a unidade do corpo.1
1. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
1.1. Contexto de Atos dos Apóstolos.
Há o consenso entre a maioria dos estudiosos de que o livro de Atos é a segunda parte do evangelho de Lucas. O livro de Atos começa revelando que seu ator já havia feito um “primeiro tratado” dedicado a Teófilo, que recebeu do autor o prefixo de “excelentíssimo” (1.1; Lc1.3), e provavelmente era o financiador deste projeto literário. Agora, o autor encontra-se escrevendo o segundo tratado. Neste ele pretende apresentar os apóstolos e a Igreja cumprindo as determinações do Senhor ressurreto: “Fiquem em Jerusalém até que sejam revestidos de poder, e sejam-me por testemunhas [...] até os confins da terra” (1.8). Atos apresenta o cumprimento desse mandato.[pic 2]
1 Atos dos Apóstolos – Uma História Singular.
1.2. Autoria de Atos dos Apóstolos.
Sobre a autoria de Atos dos Apóstolos, SOUZA (p. 33)2 escreve que
A partir de passagens em que se empregam os pronomes “nós” e “nos” (16.10-17; 20.5–21.18 e 27.1–28.16), fica evidente que o autor de livro foi um companheiro de Paulo em algumas de suas viagens. E quando essas passagens são estudadas em profundidade, demonstram-nos que nenhum outro companheiro de Paulo poderia ser o seu autor, senão Lucas, “o médico amado” (Cl 4.14 e Fm 24).
De acordo com a Tradição, Lucas era um homem culto. O grego utilizado para a escrita do evangelho que leva o seu nome revela isso. SOUZA (p. 33) ainda afirma que “o uso freqüente de terminologia médica (1.3; 3.7 ss.; 9.18,33; 13.11 e 28.1-10), o entendimento científico das doenças que encontramos nos diversos capítulos do livro [...] leva-nos a identificar a autoria lucana”3. No século IV, alguns estudiosos sugeriram que Lucas é o mesmo “Lúcio, o cireneu”, citado em 13.1.
1.3. Data e local de escrita.
É possível que Lucas tenha terminado a narrativa de Atos dos apóstolos de forma abrupta pelo fato haver cumprido sua intenção de relatar a expansão do evangelho, e consequentemente da Igreja, de Jerusalém, onde tudo começou no Pentecostes (caps. 1 e 2), até Roma, capital do império (cap. 28). De acordo com SOUZA (p. 36), se tal hipótese é verdadeira, então será perfeitamente possível concluir que o local de origem do livro de Atos[pic 3]
2 Op. cit.
3 Ibid.
Foi a cidade de Roma, e a data de sua composição foi a etapa final do aprisionamento de Paulo, pois há ausência de citações sobre o incêndio de Roma, à perseguição que Nero fez aos cristãos, bem como à destruição de Jerusalém.
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