O Parque dos Paturis
Por: Thay Ferraz • 14/9/2020 • Pesquisas Acadêmicas • 1.830 Palavras (8 Páginas) • 422 Visualizações
DIAGNÓSTICO
O Parque dos Paturis possui, em sua totalidade, uma área de 189 mil m², com uma lagoa central, vegetação em quase todo o parque e algumas áreas não tratadas em volta da área delimitada. Desde 2018, sua revitalização passou a fazer parte da agenda municipal com incentivo do Governo Estadual. Mesmo assim, o Parque deixa a desejar nesse quesito.
Está localizado na cidade de Carapicúiba (RMSP), é um dos poucos equipamentos de lazer da população da região (que engloba osasco, carapicuíba, barueri), sendo que, a despeito disso, em visita técnica realizada no local, foi possível identificar diversos gargalos e deficiências em sua gestão, acessibilidade e disposição/manejo ambiental.
É interessante ressaltar, primeiramente, alguns aspectos relacionados à imagem do parque e sua gestão. Durante a visita, foram entrevistados alguns frequentadores, todos moradores do entorno ou da região, já demonstrando o baixo uso do equipamento por turistas. Uma certa “má fama” do parque foi confirmada na visita, sendo apontado pelos entrevistados as recorrentes práticas de crime e outras atividades pouco familiares em seus arredores e interior, o que possivelmente causa certa dispersão e afastamento de frequentadores.
Isso nos leva à questão da segurança e vigilância no parque. A fiscalização interna é feita por apenas dois funcionários, o que revela uma desproporção de mão de obra e disponibilidade de serviços administrativos em relação ao tamanho do parque e seus problemas. Tudo isso é agravado pela precariedade de iluminação interna do parque e do entorno, algo, infelizmente, característico de regiões periféricas, o que permite reprodução e dificulta o combate a práticas criminosas.
Do ponto de vista institucional, o parque tem um histórico de negligência em termos de manutenção, reformas e melhorias pelo poder público. Consolidada a atribuição municipal para a gestão do equipamento (após imbróglio administrativo com a COHAB), a Prefeitura de Carapicuíba, historicamente, pouco fez pelo parque, sendo que as reformas e melhorias tiveram pressão direta do Estado (CETESB? GOVERNO DIRETO?) e de obras do entorno, como o Rodoanel.
O entorno do parque é marcado por comércios locais e, no geral, por habitações de pessoas de baixa renda. A dinâmica econômica local poderia ser melhor pelo potencial do parque: Ao se investir em obras de melhoria, infraestrutura e alteração da imagem do equipamento, com ações voltadas para a atração de turistas e mais frequentadores, talvez o impacto no comércio imediato pudesse ser positivo, também com ampliação da utilização econômica interna do parque através de instrumentos de concessão e cessão pelo poder público.
O parque possui próximo outros equipamentos de lazer carapicuibanos: O Parque da aldeia, Parque Gabriel Chucre e Parque do Planalto. Todavia, não foram encontradas placas e uma gestão integrada entre os equipamentos, sendo razoável inferir que isso é um gargalo evidente na integração das rotas de acesso e integração de eventos turísticos e direito ao lazer da população local.
O acesso ao parque é bem razoável. Ele está localizado a 2 minutos de caminhada da Estação General Miguel Costa (CPTM - Linha 8) e 14 minutos da estação Carapicuíba e 10 minutos de Quitaúna (CPTM - Linha 8) sendo paralelo ao Rodoanel, como já ressaltado. Além disso, as avenidas que circundam o parque contemplam linhas de ônibus provenientes do centro do município, assim como das estações de Trem e das regiões mais próximas da capital.
Entretanto, nenhum ônibus tem o letreiro sinalizando que a linha passa pelo parque em seu trajeto. O mesmo acontece no mapa encontrado dentro da estação: não há nenhum informativo demonstrando que o parque está próximo. Por óbvio, esse é um problema de simples solução e que pode culminar numa maior atratividade de pessoas ao parque.
O Paturis também possui um estacionamento grande para os usuários que vão ao parque de carro. Porém, não se consegue enxergar as faixas no chão e os carros acabam estacionando sem cuidado aos limites, ocupando mais espaço que o necessário. No mais, como muitos usuários vão ao parque andar de skate, patins e bicicleta, é razoável inferir que muitos deles também chegam ao Paturis por este meio. Some-se a isso o fato do parque não possuir bicicletário, sendo um entrave ao acesso desses frequentadores específicos.
Isso nos leva à análise da utilização do parque para o lazer da população. A pista de skate do parque também não está conservada, com vários buracos piso irregular, sendo que o mesmo acontece com o espaço para quadras, com traves velhas, sem redes etc.
Aliás, quanto ao futebol, paixão nacional e grande atrativo de parques, é válido citar a presença de dois campos ao lado da área delimitada de utilização do parque que não estão no plano de revitalização, apesar de se encontrarem na área global do Paturis. Apesar disso, os campos são utilizados pela população, uma vez que o espaço de quadra interno do parque está depreciado. É fundamental que se pense na revitalização e estruturação dos campos, com promoção de campeonatos locais, p.ex.
A principal atração do parque talvez seja a lagoa e os espaços de descanso ao ar livre em sua margem. Crianças e alguns adultos a utilizam para se refrescar, brincar e pescar. Essa última pode ser considerada a atração principal de um sábado de sol, como no dia da visita relatada no presente diagnóstico: Grupos de pessoas reunidos na beira da lagoa pescando, fazendo piquenique, ou apenas nadando, a despeito da proibição e do relativo acúmulo de lixo no local.
Entrando no aspecto ambiental, podemos destacar também a ausência de latas de lixo, que fazem do ambiente um depósito a céu aberto. A grama e a vegetação não são bem cuidadas e acumulam entulhos. O espaço que antes seria para confraternização, eventos ou até para montagem de quadras, é um acumulado de galhos e folhas secas.
A queima de entulhos no terreno ao lado do parque também acaba prejudicando a qualidade do ar, tanto para os visitantes quanto para os animais.
DIRETRIZES
- Para acesso, acessibilidade e integração do entorno com parque:
- Diretriz: Planejar a divulgação do acesso mediante transporte público
- Instalação de sinalização no entorno do parque;
- Formação de comitê entre os gestores das empresas de transporte público junto a secretaria de transporte do município;
- Instalação de sinalização na estação de trem e ônibus.
- Diretriz: reformar a infraestrutura do parque
- Adequar os banheiros para que sejam mais acessíveis
- Instalar bebedouros
- Instalar áreas cobertas (para possibilitar o acesso em dias de chuva)
- Organizar ações de pintura coletiva dos muros das antenas
Devido a um recente projeto de reforma do parque por parte da prefeitura, algumas mudanças foram realizadas, como por exemplo, a instalação de uma grade de proteção por toda a extensão do parque, além da instalação de algumas ciclovias pavimentadas na área interna do parque. Esse tipo de mudança na estrutura do parque segundo nossa análise com base em entrevistas com visitantes e comerciantes do parque, pode ter contribuído para a queda de visitação e do fluxo de usuários do parque. Em uma tentativa de reverter esse quadro, sugerimos que houvesse uma melhor divulgação do acesso ao parque principalmente para os visitantes que moram na região e em regiões próximas, além de uma reforma na infraestrutura do parque como um todo, tornando banheiros mais acessíveis, disponibilizando pontos de bebedouro, disponibilizando áreas cobertas para aumentar a frequência de utilização do parque e promovendo a pintura dos muros cinzentos das antenas de energia elétrica que existem na área interna do parque.
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