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A Análise Aurélia

Por:   •  9/7/2019  •  Dissertação  •  426 Palavras (2 Páginas)  •  263 Visualizações

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Aurélia Camargo é a personagem principal da obra Senhora de José de Alencar. Uma moça bela, pobre, apaixonada por Fernando Seixas, que tem sua atmosfera amorosa desiludida. Após receber uma fortuna se transforma na estrela dos salões fluminenses, se tornando uma mulher fria e vingativa, porém não consegue esconder seu verdadeiro sentimento por Fernando Seixas.

Alencar classifica a obra dentro de seus “perfis de mulher”, já que concentra na mulher o papel mais importante dentro da sociedade de seu tempo. Aurélia é uma jovem mulher dividida entre o amor e o ódio, o desejo e o desprezo pelo homem que ama. Essa personalidade dividida apresenta um desvio psíquico ocasionado a partir do rompimento do noivo, Fernando Seixas, e que causou um certo caso de esquizofrenia na personagem.

A presença do dinheiro provocou desequilíbrios, interferindo na vida afetiva das personagens e conduzindo a dois desfechos: a realização dos ideais românticos e a desilusão numa sociedade onde ter valia mais do que ser. Havia em Alencar uma incoerência, própria de nossas elites do século XIX, demonstrada na personagem Aurélia, que cultivava uma postura contra o poder alienador do dinheiro, mas não abandonou o luxo nem o serviço dos escravos.

Após a herança, Aurélia foi a única personagem feminina de Alencar que assumiu o controle do capital sem a figura do marido.

Aurélia se torna outra pessoa. Tem uma expressão altiva, cheia de desdém, provocação, sarcasmo e ironia. Aurélia podia escolher a quem quisesse como seu noivo, poderia pagar o dote que bem oferecesse ao noivo do seu gosto, e, portanto, pede que seu tio, Lemos, seu tutor, que a auxiliasse a arranjar seu casamento com Fernando Seixas, o qual acontece cerca de meses após a contratação do negócio.

Não se deve pensar na personagem como uma representante do período romântico no Brasil, mesmo ela pertencendo a uma obra desse período.

Aurélia rompe com todos os propósitos da mulher que era dependente e submissa. Ela se mostra forte, autoritária e independente em relação ao contexto da época.

José de Alencar, ao criar essa personagem, procurou aproximá-la o mais perto possível da realidade, evidenciando cada vez mais, características humanas. Deu-lhe vida, proporcionou que sentisse amor, raiva, ódio, paixão e todas as sensações boas e ruins próprias dos seres humanos. Alencar fez de Aurélia, enquanto personagem de um romance, um ser pensante, ousado, complexamente esférico, tal qual o ser humano.

Em vista de todo o contexto e explanação, percebe-se que a Literatura é realmente a transformação da realidade, e que é constantemente modificada e transfigurada ao gosto do autor, ou do leitor que a lê, e a interpreta.

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