A Educação e Tecnologias no Brasil
Por: Railane Costa • 22/5/2018 • Resenha • 1.529 Palavras (7 Páginas) • 333 Visualizações
RESENHA
NÚCLEO DE INFORMAÇÃO E COORDENAÇÃO DO PONTO BR – NIC.br. Educação e Tecnologias no Brasil: um estudo de caso longitudinal sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação em 12 escolas públicas. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2016, 109 p.
Por Railane Costa Santos[1]
APRESENTAÇÃO DO LIVRO
O livro Educação e Tecnologias no Brasil: um estudo de caso longitudinal sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação em 12 escolas públicas, foi desenvolvido a partir da coleta de dados em escolas públicas de diferentes regiões do Brasil, nos anos de 2010 a 2013. Trata-se de uma pesquisa de abordagem quali-quantivativa, teve sua “coleta e sistematização de dados sob a responsabilidade do IBOPE Inteligências e foram apoiadas por equipes ligadas a universidades localizadas em cada Unidade Federativa.”
A pesquisa que deu origem ao livro objetivou analisar questões relevantes quanto ao uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) no ambiente escolar a fim de identificar fatores que motivam ou restringem a adoção das TIC nas escolas públicas brasileiras. A obra foi organizada em quatro seções, de linguagem clara e fácil de ser lida.
RESUMO DA OBRA
O primeiro tópico da primeira seção, Notas Metodológicas, apresenta os objetivos gerais e específicos da pesquisa, os critérios utilizados para a seleção das escolas participantes e para a coleta de dados. A título de ilustração apresento aqui o objetivo geral da pesquisa: “acompanhar e identificar as possíveis mudanças na rotina escolar e nos processos pedagógicos e administrativos decorrentes do uso das TIC, ocorridas em escolas selecionadas e ao longo de quatro anos consecutivos”.
Já no segundo tópico da mesma seção, o NIC.br faz um breve levantamento do que vem sendo discutido sobre o uso das tecnologias na Educação, que tratam da a infraestrutura das escolas, dos movimentos restritivos no ambiente escolar quanto ao uso das redes sem fio pelos alunos, da qualificação dos professores e também de crenças, valores que os professores têm sobre o uso das tecnologias e dos efeitos das TIC no aprendizado. É importante ressaltar, que nesse último elemento, são apresentados posicionamentos de autores que ressaltam outros quesitos que devem ser considerados no processo de aprendizagem, enfatizando que a tecnologia por si só não deve ser fator determinante para uma melhoria.
O terceiro e último ponto abordado nesta seção apresenta o histórico das políticas públicas de TIC e Educação no Brasil, desde as primeiras ações, nos anos 60, até os dias atuais.
A seção seguinte, denominada Infraestrutura TIC, aponta a infraestrutura das escolas que participaram da pesquisa, bem como as mudanças identificadas de 2010 a 2013. O texto aponta que apesar de ter havido um aumento do estoque de TIC nas escolas pesquisadas, de 2011 a 2013, principalmente após a implantação do programa Um Computador por Aluno (UCA) ou modelo 1:1. No entanto, muitas dificuldades foram encontradas desde a instalação dos equipamentos nas escolas até o uso em sala de aula. Tais como falhas na elaboração dos programas oficiais do governo, como o fato de serem pré-definidos e não considerarem as especificidades de cada escola, como por exemplo o fato de a escola oferecer ou não estrutura elétrica necessária para receber os equipamentos.
Além disso, o texto relata barreiras encontradas em cada escola, que em geral são descritas como como falta de habilidade dos professores para usar os equipamentos, número insuficiente de computadores por aluno, regras de gestão que limita o acesso às tecnologias, problemas com a conexão de internet, equipamentos obsoletos e falta de técnicos para manutenção.
Diante de tais barreiras, o capítulo se encerra com uma pergunta para reflexão: “como operar a vinculação de iniciativas governamentais de implantação da TIC com o projeto político-pedagógico das escolas?”
A seção “Uso para gestão escolar e atividades pedagógicas” relata que apesar dos programas do governo, como o modelo 1:1, serem criados como incentivo de uso das TIC pelos alunos e professores como ferramenta de ensino e aprendizagem, há um uso mais intenso nas atividades de gestão do que no campo pedagógico.
Concomitantemente a esse cenário, o número de atividades desenvolvidas pelos alunos como forma de produção de conhecimento é ainda menor, acontecendo apenas alguns fatos isolados nas escolas pesquisadas. Nesse sentido, os autores afirmam que “as TIC tendem a ser tratadas como suporte às atividades desenvolvidas pelo professor, assumindo uma função ilustrativa”.
A pesquisa mostrou que em 2010 as tecnologias não ocupavam uma posição de centralidade no projeto político-pedagógico das escolas investigadas. Isso se dá ao fato de que existe grande divergência quanto ao uso das TIC entre os gestores, isto é, em uma mesma escola existe quem seja a favor e contra. Desse modo, os autores afirmam que “a visão e a postura individuais do professor, somadas às suas habilidades e confiança para utilizar equipamentos, podem fazer a diferença, superando até as deficiências de infraestrutura”.
A educação digital foi outra questão importante tratada na seção, pois algumas escolas proibiam que os alunos acessassem a internet no ambiente escolar, no entanto, a partir do ano de 2011 o assunto passou a ser discutido por diversas escolas que promovia o uso consciente e seguro da internet.
A pesquisa indica que, nas escolas observadas, as tecnologias não estavam transformando o processo de ensino e aprendizagem, uma vez que as práticas continuam centradas no professor ao invés dos alunos e, além disso, faz a consideração sobre “o efeito de pressões de natureza curricular e da ausência de uma estratégia específica no nível das escolas para fortalecer a incorporação das TIC e a transformação das práticas educativas.”
A seção “Habilidades e capacitação” trata a questão da formação de professores e alunos para o uso das tecnologias. O estudo mostra, principalmente, a falta de preparo da comunidade escolar para o uso das TIC como ferramenta pedagógica. Nesse sentido, alguns possíveis motivos foram identificados durante a pesquisa: falta de curso de capacitação, falta de formação inicial ou continuada, falta de tempo para realização dos cursos fora do horário de trabalho ou ainda, alguns relatos de que, os cursos ofertados não direcionavam para práticas pedagógicas.
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