A Influência Da Religião Na Prática Educativa: Um Estudo De Caso

Introdução

A religião adotada por uma escola confessional poderá interferir na prática pedagógica diária do professor? Partindo desse questionamento, efetivamos uma pesquisa etnográfica, com abordagem qualitativa, em uma escola da rede privada de Garanhuns, efetivada durante o primeiro semestre de 2013. Objetivávamos conhecer se há ou não interferência nas práticas pedagógicas realizadas em uma sala de aula de Ensino Infantil II, com alunos na faixa etária de 4 a 5 anos. Partimos do pressuposto que o ensino religioso deve abordar as religiões majoritárias como o catolicismo e o protestantismo e também as não majoritárias, como o espiritismo, a umbanda, o candomblé e todas as outras religiões praticadas no Brasil, incluindo o ateísmo e o agnosticismo. Assim, concordamos que “Aos professores da disciplina deve ser vedado todo e qualquer tipo de proselitismo, cabendo a eles tão somente expor a história e os dogmas dessas religiões sem qualquer juízo de valor de qual seria a melhor ou a pior”.(VIANNA, 2012, p. 25).

A dimensão estudada, segundo André (1995) foi a pedagógica, onde se dá o encontro professor-aluno-conhecimento, ambiente propício para a inferências éticas e religiosas. A coleta de dados se deu por meio da observação participante, questionário, com questões abertas e análise de documentos.

Embora a escola em estudo seja declaradamente confessional, a influência da religião não se mostrou de modo enfático nas sequências didáticas observadas, revelando terem consciência sobre as determinações legais a respeito do Ensino Religioso e sua função no currículo da Educação Básica.

Material e Métodos

O desenvolver dessa pesquisa ocorreu de modo a responder o seguinte problema: “Como a doutrina religiosa adotada por uma instituição confessional influencia a metodologia do professor?”. Para responder essa questão resgatamos dados de uma pesquisa anterior sobre a organização, estrutura física e funcionamento de uma instituição de ensino observada, uma escola privada, mantida que é um contexto confessional católico.

Traçamos como objetivo geral: conhecer como a doutrina religiosa adotada pela instituição confessional influencia a metodologia do professor; e por objetivos específicos: caracterizar a prática pedagógica da educadora do infantil II; observar os recursos discursivos adotados no ensino infantil; analisar os recursos didáticos utilizados nas aulas observadas e as produções dos alunos.

Efetuamos uma pesquisa do tipo etnográfica, com abordagem qualitativa (ANDRÉ, 1995) a qual leva em consideração o fenômeno em seu acontecer natural e os dados coletados são interpretados de maneira interpretativa. Como base de contextualização, dividimos o contexto escolar nas dimensões institucional e pedagógica (ANDRÉ, 1995), permitindo abranger as situações de ensino, a relação professor-aluno-conhecimento, como também os materiais didáticos utilizados, os conteúdos e objetivos das aulas observadas e como a comunicação entre professor e alunos era constituída, se havia ou não comandos religiosos nessa produção oral.

As observações participantes foram realizadas através da permanência, na sala de aula, das 13:00 às 17 horas, totalizando 12 horas de observações; questões abertas foram entregues à professora que respondeu-as e nos entregou, posteriormente na sala de aula. Os documentos analisados foram os cedidos pela professora da turma estudada. Como sujeitos participantes da nossa pesquisa, tivemos: de maneira direta, a professora observada e, de forma indireta, os 30 alunos da turma do Infantil II, com 4 a 5 anos de idade.

Resultados e Discussão

A sala de aula onde desenvolvemos o presente estudo possui um espaço físico específico para o funcionamento da Educação Infantil, e comporta crianças desde o Berçário até ao 5º ano. Foi nos disponibilizada a turma do Infantil II (Fig.1 e Fig. 2), que contava com um total de 30 alunos, na faixa etária entre 4 anos e meio até os 5 anos.

A instituição possui uma proposta particular para o Ensino Infantil, onde constatamos a seguinte concepção: “Constituem-se aspectos fundamentais do nosso currículo, atividades que englobam as instâncias do aprender: corpo, organismo, afetividade e cognição.” Mas nas atividades pedagógicas observadas, não presenciamos atividades que pudessem favorecer o desenvolvimento