A Linguagem Francisquence
Casos: A Linguagem Francisquence. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: waleskadias • 9/4/2014 • 588 Palavras (3 Páginas) • 297 Visualizações
A LINGUAGEM FRANCISQUENCE
Em poucas linhas quero descrever uma experiência por mim vivenciada que marcou a minha vida e todo o meu modo de ser, e principalmente de falar.
Sou Marcos e aos 14 anos tive que mudar juntamente com meus pais da minha cidade natal (São Mateus – ES), para uma cidadezinha chamada Barra de São Francisco – ES, que sendo no mesmo estado eu nunca tinha ouvido falar.
Não tendo outra solução, pois meu pai tinha recebido uma proposta de emprego irrecusável, deixei todos os meus parentes e amigos para trás e fixamos morada neste município.
Já na primeira semana que espanto para mim. Passei a frequentar uma escola nova, início de um ano letivo, e como todo primeiro dia de aula a professora faz aquele interrogatório para todos os alunos com várias perguntas, e uma delas foi: “onde vocês nasceram?”, e parece que a resposta de todos foi combinada: “Em Mantena – MG” (cidade do estado de Minas Gerais que faz fronteira com Barra de São Francisco). Só com o tempo percebi que aquele sotaque mineiro não era atoa. Estava já enjoado de ouvir toda hora alguém pronunciar “uai”.
Fiz algumas amizades, e foi conversando com alguns francisquenses ou franciscanos – que até hoje eu não descobri como se referir a uma pessoa que nasce em Barra de São Francisco - que detectei algumas expressões ainda mais malucas.
Ao invés de falarem que estão indo embora, dizem que estão “pocando fora”. Sem contar que parece que as pessoas são muito preguiçosas na hora de conversar, pois sempre pronunciam “cê” no lugar de você, “comé” no lugar de “como é”. Eles têm uma mania esquisita de no meio de um diálogo soltar a expressão: “que nada sua boba”. Credo! Chamam a pessoa de boba na cara.
Aqui os jovens geralmente aos domingos à noite, após o culto da igreja, perguntam um ao outro: “Cê vai na rua?” – quando ouvi isto pela primeira vez fiquei pensando o que significaria isto, e só mais tarde compreendi que esta “rua” expressava o ato de irem passear no centro da cidade e encontrar os amigos para conversar e se distrair.
Outro dia perguntei ao meu vizinho onde eu encontraria um lugar que fazia assistência de computadores, e o rapaz respondeu que na rua mineira tinha uma loja que fazia este serviço. Fui procurar esta tal de rua mineira, pedi informação em um estabelecimento e responderam que era ali, andei mais um pouco e perguntei novamente em uma lojinha e ouvi a mesma resposta: é aqui!
Só depois de uns meses morando em Barra de São Francisco, que descobri que “rua mineira”, não era uma rua e que na verdade era um pedaço (área) de um bairro.
Barra de São Francisco também tem suas riquezas, não é atoa que é chamada a “Terra do Granito”, mas não pensem que o calçamento é feito de granito. A cidade tem este apelido pela grande quantidade de pedras de granito.
Nunca vi um povinho tão animado para assistir jogo aos domingos à tarde em campos amadores, localizados em sua maioria na zona rural. Nesta situação os francisquenses “soltam” muito a expressão: “Vamo arrumar um buzão para ir pra pelada”. Quase não me aguento de rir com esse povo.
Apesar de tantos costumes diferentes os francisquenses ou franciscanos, como alguns gostam de ser chamados, são um povo humilde, receptivos,
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