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A Narrativa da Ciência

Por:   •  10/11/2020  •  Resenha  •  1.425 Palavras (6 Páginas)  •  127 Visualizações

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21/09/2020


História da Ciência, uma breve narrativa

Síntese dos aspectos abordados em aula

FERNANDA LOPES DE SÁ


Em essência, essa narrativa abrange um período da antiguidade, um período da ciência clássica e um período da ciência moderna. A ciência antiga acreditava no poder supremo da razão para resolver todos os problemas sem a necessidade de experimentos e sua influência durou dois milênios. Seu principal representante é Aristóteles, que considerava que uma pedra grande cai mais rápido do que uma pequena, embora nunca lhe tenha ocorrido prová-lo. Experimentar não estava no espírito da época, que ignorava a verdadeira relação entre a vida humana e a natureza. O suposto esplendor dos tempos antigos era aplicável apenas às classes privilegiadas, mas não às condições de vida do homem comum.

A ciência antiga terminou no século 16, quando Galileu mostrou que se duas pedras desiguais caíssem simultaneamente, elas atingiam o solo ao mesmo tempo. Este experimento foi um momento chave na história humana. Ele abriu uma nova relação entre o homem e a natureza, inaugurando um estágio de mudança na mente humana que foi continuado por muitos outros. O despertar racional da ciência clássica clarificou as relações entre nós e as coisas do mundo visível até que culminou na Revolução Industrial do século XIX que libertou o homem, pelo menos em parte, da miséria.

A ciência moderna começou no início do século passado com descobertas únicas, como a dos raios X, o elétron e a radioatividade. Com a teoria da relatividade ou mecânica quântica, ela desvendou um mundo inteiramente novo, nunca suspeitado, porque nossos sentidos não foram feitos para vê-lo ou senti-lo. Esta nova ciência permitiu-nos compreender o átomo, o sol e as estrelas, e contribuiu com uma ideia da unidade fundamental da natureza. Ela mudou todos os parâmetros que até então dominavam a vida humana: velocidade do cavalo para a luz, combustão para a fusão nuclear, força bruta para projetos poderosos e isolamento geográfico para o desaparecimento das distâncias terrestres. A história da ciência e da humanidade vieram a se fundir na mesma história.

O positivismo, paradigma dominante da ciência moderna, tem suas raízes históricas no Iluminismo (século XVIII), época marcada pela necessidade de unir conhecimento e razão. Mas seus alicerces foram estabelecidos desde o Renascimento (séculos XV e XVI), quando a observação e a experimentação já eram valorizadas como forma de investigação da natureza. Para uma melhor compreensão do nascimento da ideologia positivista, é necessário descrever suas primeiras manifestações.

No século XVI, Nicolau Copernicus rejeitou a teoria geocêntrica de Ptolomeu. Galileo Galilei, com o apoio da matemática e da geometria, no ano de 1610, confirmou o heliocentrismo e reafirmou a teoria de Copérnico. Com a Lei Universal da Gravidade, formulada por Isaac Newton em 1700, o mundo era visto como uma máquina, determinada por leis físicas e matemáticas. Buscando estender tais preceitos às ciências sociais, no início do século XIX Augusto Comte declarou que existia uma ordem natural e imutável das coisas que deveria nortear a produção do conhecimento.

Dessa forma, a partir da busca da verdade e das leis universais que regem o mundo, o positivismo consolidou-se pela racionalidade, objetividade, reducionismo, mecanicismo, previsibilidade, neutralidade e rigor científico. Com a oposição do positivismo e do modelo cartesiano, a visão de um mundo solidamente construído ficou desestruturada e, com a insatisfação com os custos humanos, naturais e sociais do desenvolvimento tecnológico, a ciência passou a ser duramente criticada. Ao mesmo tempo, sua incapacidade de explicar a complexidade do mundo levou ao surgimento de uma discussão epistemológica e ao surgimento de novos paradigmas baseados na pluralidade, na subjetividade e na multiplicidade de modos de compreensão e intervenção.

A mudança de paradigma vem de revoluções científicas onde crises são geradas, acumuladas e aprofundadas em resposta aos problemas daquele momento histórico. A transição vivida inicialmente decorre de mudanças nas ciências naturais, impulsionadas pela física, no século XX, e das críticas impostas à ciência após a Segunda Guerra Mundial. A quebra do paradigma positivista ocorreu por meio dos estudos de Albert Einstein, físico que desenvolveu a Teoria da Relatividade, de Bhor e Helsinberg, que descobriram a mecânica quântica, além dos avanços no conhecimento em microfísica, química e biologia.

Essas descobertas transformaram a matéria em algo fluido e relativo, responderam às certezas das noções newtonianas de tempo e espaço e contribuíram para a transposição de uma visão mecanicista do universo para a visão de um todo dinâmico e indivisível, onde suas partes estão inter-relacionadas. Na catastrófica Segunda Guerra Mundial, a ciência foi criticada por suas novas concepções e usos da tecnologia.

Nas décadas seguintes, movimentos sociais e de contracultura, motivados pelo crescente abismo social e pela degradação do meio ambiente e das relações sociais, nos convidaram a repensar e reestruturar conceitos, além de inovar os fundamentos científicos para que fossem aplicáveis a contemporaneidade.

Dessa forma, tanto os fatores teóricos e sociais, quanto o próprio avanço científico, geraram a perda de confiança nas potencialidades do universo iluminista, o desencanto cultural e o questionamento da suficiência do paradigma moderno. Na pós-modernidade, a objetividade começa a ser questionada, uma vez que as verdades não são mais absolutas e é possível ter diferentes versões da mesma realidade. Assim, esse paradigma anuncia um horizonte de riqueza e complexidade, caracterizado pela diversidade, pluralidade, intersubjetividade e multiplicidade de modos de agir e intervir.

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