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APROXIMAÇÃO HISTÓRICA DA ESTETICA DE RECEPÇÃO E TEORIA ESTÉTICA

Projeto de pesquisa: APROXIMAÇÃO HISTÓRICA DA ESTETICA DE RECEPÇÃO E TEORIA ESTÉTICA. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  21/10/2014  •  Projeto de pesquisa  •  11.341 Palavras (46 Páginas)  •  422 Visualizações

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ABORDAGEM HISTÓRICA DA ESTÉTICA DA RECEPÇÃO E DA TEORIA DO EFEITO ESTÉTICO

INTRODUÇÃO

Olá! Vamos iniciar uma nova disciplina que terá como tema A literatura e o leitor. Abordaremos a Estética da Recepção e a Teoria do Efeito de Wolfgang Iser. Daremos uma enfoque histórico sobre a teoria da Recepção de Hans Robert Jauss e da teoria do Efeito estético de Wolfgang Iser. Indagaremos sobre a recepção dos textos pelos leitores bem como os seus efeitos. Estão preparados para a aula? Vamos, então, às nossas reflexões?

Para início de conversa, o que e que entendemos por texto literário? O conceito de texto literário como puro fenômeno, abordado pela corrente fenomenológica, implica a presença do leitor como o sujeito que apreende, em sua consciência, a essência da criação literária. Tal aspecto, nesse contexto, justifica a influência da Fenomenologia sobre os estudos da recepção. Martin Heidegger (1889-1976), discípulo de Husserl, desenvolveu as discussões de seu mestre ao sugerir um modelo filosófico baseado na hermenêutica, e, a partir do qual a teoria literária se fundamente “em questões de interpretação histórica e não na consciência transcendental”. (EAGLETON, 1997, p. 90).

Conforme Eagleton (1997), a hermenêutica de Heidegger teve outro enfoque por meio dos estudos do filósofo Hans Georg Gadamer (1900-2002), o qual expandiu o espaço do leitor ao afirmar que, ao interpretar uma obra do passado, há a probabilidade de insurgir um novo significado para o texto, o que vai depender da posição histórica do leitor e da sua capacidade de dialogar com o texto: “Quando a obra passa de um contexto histórico para outro, novos significados podem ser dela extraídos”. (EAGLETON, 1997, p. 98). Isso só ocorre por meio do cruzamento dos horizontes de expectativa da obra com o do leitor, no momento da leitura.

Dessa forma, ao considerar a posição histórica e experiências prévias de leitura, o leitor vai conquistando, aos poucos, seu papel como produtor de sentidos. Então, Ler é criar o texto. Nesse sentido podemos afirmar que as raízes da Estética da Recepção norteiam-se em princípios da fenomenologia e que as vertentes desta teoria são uma espécie de Fenomenologia direcionada para o autor. Vários são os autores que focalizam a literatura sob o enfoque da recepção: Roman Ingarden, em A obra de arte literária, (1931); Roland Barthes, em O prazer do texto (1937); Hans Robert Jauss, com A história da literatura como desafio à teoria literária (1967); Umberto Eco, em Leitura do texto literário (1979); Wolfgang Iser, com O ato da leitura uma teoria do efeito estético (1976); Stanley Fish, com Is there a text in this class? (1980), entre outros. Neste trabalho apresentaremos os estudos desenvolvidos pelos alemães Hans Robert Jauss e Wolfgang Iser, integrantes da vertente teórica da Estética da Recepção.

Feita essa introdução, abordaremos o conteúdo específico da primeira unidade, a saber: A Estética da Recepção de Hans Robert Jauss

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1 A Estética da Recepção de Hans Robert Jauss

Passaremos a compreender a partir de agora, a Estética da Recepção de Hans Robert Jauss . Informamos que os primeiros estudos sobre A Estética da Recepção surgem a partir das considerações teóricas discutidas por Hans Robert Jauss (1921 – 1997) em aula inaugural, em 1967, na Universidade de Constança, na Alemanha. Na palestra, com o título de O que é e com que fim se estuda a história da literatura? Jauss faz uma crítica à maneira pela qual a teoria literária vinha abordando a história da literatura, considerando os métodos de ensino, até então, tradicionais e propondo reflexões acerca dos mesmos. A conferência de Jauss é publicada, em 1969, com o título de A história da literatura como provocação à teoria literária, após a ampliação de algumas ideias pelo autor.

Nesse livro, Jauss aborda várias considerações sobre a teoria literária e a historiografia literária. Devemos saber, caríssimo aluno(a) que, embora seja uma forma de história, a historiografia literária na opinião de Jauss ,não consegue abranger o aspecto historiográfico, ou seja, diferentemente de um mero encadeamento cronológico de obras e autores. Voltando a ideia inicial, quais são os detalhes que Jauss julga importantes publicados na obra?

Percorramos com mais minúcias para compreendermos as considerações feitas por Jauss. Ele analisa dois modelos: o primeiro apresentava-se através da organização do material literário, segundo tendências gerais, gêneros e "outras categorias", não conseguindo, entretanto, distanciar-se de uma enumeração cronológica. Seu uso dirigia-se principalmente para a literatura moderna e contemporânea. O segundo, mais utilizado para os autores da Antiguidade Clássica, valorizava o projeto "vida e obra", ordenando-os numa sucessão temporal. Dito de outra forma, Jauss considera que as histórias da literatura em geral, nas suas formas mais rotineiras , embora tentem fugir desse encadeamento cronológico de autores e obras, sempre acabam limitando o aspecto histórico à cronologia. (JAUSS,1994,p.8). Na opinião do teórico, muitos desses projetos historiográficos eram disfarçados, pois tentavam aparentar o dado cronológico, pressuposto como histórico, através de outras justificativas para o encadeamento de obras e autores. Esse aspecto pode ser confirmado no excerto abaixo:

A biografia dos autores e a apreciação do conjunto de sua obra surgem aí em passagens aleatórias e digressivas, à maneira de um elefante branco. Ou, então, o historiador da literatura - os autores menores ficam aí a ver navios( são inseridos nos intervalos entre os grandes), e o próprio desenvolvimento dos gêneros vê-se, assim , inevitavelmente fracionado.( JAUSS,1994,p.6)

Para maior entendimento, uma dessas tentativas de disfarçar o aspecto cronológico foi considerar como ponto comum para a reunião dos textos, ora elegendo a identidade nacional, ora a continuidade da herança da Antiguidade (a semelhança com os clássicos), numa tentativa de buscar sempre aquilo que, nos textos literários, não se modificava. Para Jauss, mesmo levando-se em consideração uns ou outros aspectos, o que permanecia nesses modelos historiográficos ainda era a ordenação cronológica, avaliada

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