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Questões De Literatura E Estética: A Teoria Do Romance

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Por:   •  6/4/2014  •  1.199 Palavras (5 Páginas)  •  861 Visualizações

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Segundo os estudos de Mikhail Bakhtin (1993), o romance é um gênero que data desde a Antiguidade Clássica, e se diferencia dos demais gêneros por incorporar gêneros da comunicação cotidiana na tessitura enunciativa, o que denominou paródia. Com isso, a fala do narrador do romance é plurilíngüe por excelência, uma vez que se imbrica a fala do outro ao mesmo tempo em que reflete e faz o leitor refletir sobre a enunciação literária. O romance é o único gênero por se constituir, e ainda inacabado. A epopéia é considerada como um gênero já profundamente envelhecido, criado há muito tempo, só o romance é mais jovem do que a escritura e os livros, e só ele está organicamente adaptado às novas formas da percepção silenciosa, ou seja, à leitura. Ele é o único gênero nascido e alimentado pela era moderna da história mundial, tornando-se o principal personagem do drama da evolução literária na era moderna.

O romance, em suas diversas vertentes, é, atualmente, tanto como no Brasil, como noutras partes do mundo, o gênero mais popular de todos. Se era em outras épocas desprezado, hoje, ocupa o primeiro lugar no gosto do público quando o assunto é literatura. Com uma forma literária pertencente ao gênero narrativo, vem sofrendo, durante os últimos três séculos, uma forte evolução no âmbito histórico e estrutural, contemplando a Literatura com diversas obras clássicas ao longo do tempo.

Por conseguinte, ainda com o Romantismo, a narrativa romanesca afirma-se decisivamente como uma importante forma literária, pronta para expressar não só aspectos pertencentes ao homem, mas também aspectos pertencentes ao mundo, seja em forma de romance histórico, psicológico, poético ou simbólico, não importa. O fato é que o romance assimilou com perfeição diversos gêneros literários e provou ser capaz de representar tanto aspectos da vida cotidiana quanto aspectos de uma atmosfera poética, e até mesmo a análise de uma ideologia, tornando-se uma das formas literárias mais importantes de sua época e transformando o século XIX no período mais brilhante de sua história.

Bakhtin nos mostra o estudo do romance enquanto gênero, que ainda tem muitas complicações particulares, e que o romance é o único gênero, que de fato ainda está inacabado. Para o autor o trabalho de muitos pensadores ainda não foi suficiente consolidar o gênero com moldes rígidos para a fusão prática e artística acabada. Bakhtin ressalta que a teoria do romance deveria ter, em principio, um objeto de estudo totalmente diferente da teoria dos outros gêneros, justo porque, trata-se do único gênero que está se evoluindo com o tempo no meio de gêneros que já foram definidos e de uns que já não existem, sendo que o gênero romance não é basicamente mais um gênero ao lado de outros tantos, mas que ainda está se constituindo. Assim Bakhtin nos apresenta três dessas particularidades fundamentais que distinguem o romance de todos os gêneros restantes:

1. A tridimensão estilística do romance ligada à consciência plurilíngue que se realiza nele;

2. A transformação radical das coordenadas temporais das representações literárias no romance;

Uma nova área de estruturação da imagem literária no romance, justamente a área de contato máximo com o presente (contemporaneidade) no seu aspecto inacabado. Todos estes três tipos de particularidades do romance estão ligados organicamente entre si, e todos eles estão condicionados por uma determinada crise histórica da sociedade europeia: sua saída das condições às novas condições de relação internacionais e de ligações interlinguísticas. A nova consciência cultural e criadora dos textos literários vive em um mundo ativamente plurilinguístico, que se tornou irremediavelmente assim de uma vez por todas.

Percebemos que o romance é o único gênero por se constituir, e ainda inacabado, o romance é como estudo de línguas vivas, principalmente as jovens que se estabelece como gênero predominante. Tornam-se mais livres e mais soltas, sua linguagem se renova por conta do plurilinguísmo extraliterário e por conta dos estratos “romanescos” da língua literária, o romance introduz uma problemática, que não se pode explicar o fenômeno da “romancização” somente pela influência direta e espontânea do próprio romance em si. O romance tornou-se o principal personagem do drama da evolução literária na era moderna, sendo que romance é um gênero de muitos planos. Apresentando-se direta e conscientemente como gênero crítico e autocrítico. O confronto do romance com o epos (e a oposição deles) apresenta-se, por um lado como um aspecto da crítica de outros gêneros literários

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