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Por:   •  20/3/2013  •  4.890 Palavras (20 Páginas)  •  841 Visualizações

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A avaliação e o fracasso escolar

Charles Hadji (novaescola@atleitor.com.br)

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O autor Doutor em Letras e Ciências Humanas, é professor emérito do Laboratório de Ciências da Educação da Universidade Pierre Mendès-France (UPMF), na França. Áreas de estudoAvaliação e práticas avaliativas. Contato

O insucesso na escola é sempre vivenciado com dor. Não só por aqueles a quem atinge mas também pela sociedade como um todo, já que é percebido como um fracasso do sistema, o que é lamentável. No entanto, o insucesso poderia ter uma função oculta - por exemplo, contribuir para a reprodução de um tipo de estratificação social.

Ademais, o fracasso nada mais é que o oposto do êxito. Mas o que vem a ser êxito? Pode-se vislumbrar pelo menos três tipos: o meramente escolar (concluir, na instituição, o percurso valorizado pela sociedade e obter o diploma), o social (alcançar um cargo, uma posição social lucrativa e valorizada) e, por fim, o pessoal (atingir a autorrealização que proporciona qualidade de vida e traz felicidade, como ser um bom profissional, útil aos seus contemporâneos). Esses três planos estão sempre interligados. Entretanto, faremos um esforço para abordar aqui a questão do fracasso sob o ângulo meramente escolar, tendo em vista que é um mal a ser combatido.

Assim sendo, é possível se considerar a avaliação como um instrumento útil e eficaz nessa batalha? Responderemos que sim, mas com uma grande condição: a de que a avaliação seja analisada sob a ótica da pedagogia do sucesso.

Ficamos tentados a dizer que ela se inscreve em uma ótica de democratização do ensino. Mas isso poderia levar-nos à impressão de estar misturando pedagogia e política. Seria possível então responder que discorrer sobre a democratização nos levaria a falar do sucesso para todos! Almejar a democratização da Educação é desejar que todos os alunos (ou ao menos a maioria) possam concluir com êxito o percurso tido pela instituição como o percurso do sucesso.

Por certo, uma grande ambiguidade cerca essa noção. Há diferentes caminhos possíveis como regra de igual valor. Mas alguns deles, ainda que a instituição não admita, são mais valorizados em termos de oportunidades profissionais e sociais que outros!

Um exemplo é o que ocorre na França, onde o caminho percorrido - por meio das disciplinas científicas e das escolas de Ensino Médio mais prestigiadas das grandes cidades - conduz os alunos às classes preparatórias para as grandes escolas e, posteriormente, às famosas Polytechnique e Ecole Normale Supérieure. A preocupação com a democratização ou com a oportunidade de sucesso para todos fará com que, em primeiro lugar, determinados estudantes não sejam afastados do caminho que a sociedade considera como sendo de excelência e que constitui o caminho de ouro rumo ao sucesso social. Afinal, por esse caminho, a seleção se dá pela eliminação. O combate a ser travado é claro: é necessário lutar contra uma seleção muito precoce, massificante e discriminatória, já que atinge aqueles que, além de tudo, são mais fracos e mais pobres também.

Naturalmente, nem todas as crianças de uma geração vão ingressar em escolas renomadas. A maioria vai se contentar com um percurso de sucesso (como conseguir um diploma do Ensino Médio) e nada mais. No entanto, sem ser capaz de fazer milagres, a avaliação tem um primeiro mecanismo de ação: recusa-se a ser reduzida ao papel de ferramenta destinada à seleção das elites. Na prática, isso pode se traduzir na negação daquilo que André Antibi (2003) chamou de constante macabra: independentemente da turma e do nível, os professores se sentem obrigados a dar um grande número de notas baixas, como se a credibilidade deles dependesse disso. Como se a curva de Gauss, ou curva normal, exprimisse uma lei natural que rege todos os fenômenos submetidos à avaliação. Como se fosse necessário identificar candidatos naturais à eliminação.

Sob tais condições, o fracasso é um artefato real, produzido pelo exercício da avaliação em si, que faz uma classificação predeterminada e nada mais é que a antecâmara da eliminação. O que podemos pensar de um médico que sempre se contenta em ver 25% de seus pacientes morrerem? Um educador tampouco é técnico de um time de futebol. Ele não deve simplesmente convocar os 11 melhores, mas obter 100% de aprovação daqueles que lhe são confiados. É exatamente esse o princípio básico da pedagogia voltada ao bom desempenho: sob as condições apropriadas, quase todos os alunos conseguem dominar os conteúdos dados. Condições essas que dizem respeito à organização pedagógica em geral e também à avaliação (Huberman, 1988).

Escola e disciplina: uma abordagem foucaultiana

Juliano Luis Borges

Resumo

O objetivo fundamental da escola não é mais qualidade de ensino ou elaboração de meios que facilitem o aprendizado. Esse fato acarreta indagações e incertezas sobre o funcionamento da instituição escolar. Para esclarecer essas questões e fornecer os elementos para uma análise dessa realidade Michel Foucault se apresenta como a principal referência teórica, possibilitando a compreensão das relações presentes no cotidiano escolar. Nas relações de poder contidas nesse ambiente, o “poder disciplinar” demonstra toda sua eficácia. Os mecanismos componentes desse poder são os responsáveis pela afirmação de um sistema punitivo que move toda “engrenagem” educacional.

Palavras-chave: escola, poder, disciplina, vigilância, punição.

Abstract

The school’s basic purpose is not the teaching quality or the elaboration of means which facilitate learning. This fact causes questionings and uncertainties on the functioning of the school. In order to clear these questions up and provide elements for an analysis of this reality, Michel Foucault is presented as the main theoretical reference, enabling the understanding of the relations present in the daily activities of the school. In the power relations that belong to this environment, the “disciplinary power” demonstrates all its efficacy. The component mechanisms of this power are responsible for the confirmation

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