Antonio Gonçalves Dias
Tese: Antonio Gonçalves Dias. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: gabi270599 • 20/3/2014 • Tese • 6.781 Palavras (28 Páginas) • 290 Visualizações
Antônio Gonçalves Dias, filho de um comerciante português e de uma mãe mestiça de índio e negro nasceu em Caxias, 1823, e faleceu nas Costas do Maranhão, 1864. Orgulhava-se de possuir nas veias o sangue das três raças que formavam o povo brasileiro. Foi estudante de Direito em Coimbra, onde assimilou como poucos as idéias românticas que lá contemplou. Sua saudade e a distância da pátria o fizeram escrever obras-primas como “A canção do Exílio”, que o consagraria como o primeiro grande poeta do Romantismo brasileiro. Retornando ao Brasil, vem a publicar em 1846 seu primeiro livro, Primeiros Cantos, que o torna famoso e admirado por gente como Alexandre Herculano e o imperador. Foi professor, funcionário público e crítico literário, além de trabalhar em diversos jornais. Participou de várias viagens ao interior do Brasil, sobretudo no Ceará e na Amazônia, como membro de missões científicas patrocinadas pelo governo brasileiro. Fez também várias viagens à Europa, à procura de novos ares e novos tratamentos que curassem sua já avançada tuberculose. Regressando da França muito doente, foi vítima do naufrágio do navio Ville de Boulogne, nas costas do Maranhão (seu estado natal), no ano de 1864.
Gonçalves Dias foi um dos poucos poetas que soube dar um toque realmente brasileiro na sua poesia romântica, mesmo escrevendo sobre todos os temas mais caros ao Romantismo europeu, como o amor impossível, a religião, a tristeza e a melancolia. Suas paixões são reveladas muitas vezes num tom ingênuo e melancólico, mas muito menos tempestuosas e depressivas que as dos poetas da segunda geração romântica. A morte e a fuga do real não lhe são tão atraentes, principalmente quando esse real inclui as belezas naturais de sua terra tão amada. Suas musas parecem se fundir às belas imagens e fragrâncias da natureza, lembrando várias vezes a própria pátria, que é cantada com toda a sua exuberância e saudade, revigorada pelo seu sentimento nacionalista. A saudade, aliás, é a grande mola propulsora que leva o poeta a escrever em Coimbra o poema que é considerado por muitos a mais bela obra-prima de nossa literatura: A Canção do Exílio.
O nome de Gonçalves Dias está mais ligado, porém, com a poesia indianista. Isso se deve ao fato de ninguém ter conseguido criar versos tão líricos, belos e magníficos quantos os que o poeta maranhense dedicou aos costumes, crenças, tradições dos índios brasileiros, por ele considerados como verdadeiros representantes de nossa cultura nacional. A figura do indígena ganha tons míticos e épicos dentro da poesia, capazes de colocar à tona toda a sua harmonia com a natureza, sua honra, virtude, coragem e sentimentos amorosos, mesmo que isso muitas vezes signifique uma imagem idealizada e exacerbada de sua vida quotidiana. É, apesar de todo esforço nacionalista, o resquício da visão que os povos da Europa tinham do selvagem da América, aliada a uma tentativa de conciliação entre a sua imagem e os ideais e honras do cavaleiro medieval europeu, fartamente cantado no Romantismo.
Mais do que uma vigorosa exaltação nacionalista, alguns dos versos que Gonçalves Dias dedicou aos índios servem e muito para denunciar os três séculos de destruição que os colonizadores impuseram às suas culturas.
ESTILO DE ÉPOCA: Romantismo
O que é o Romantismo? Uma escola, uma tendência, uma forma, um fenômeno histórico, um estado de espírito? Provavelmente tudo isto junto e cada item separado. Ele pode apresentar-se como uma dentre uma série de denominações como Classicismo, Barroco, maneirismo[...], que traduzem as qualidades e estruturas de uma obra de arte. Mas o Romantismo designa também uma emergência histórica, um evento sócio-cultural. Ele não é apenas uma configuração estilística [...]. Mas é também uma escola historicamente definida, que surgiu num dado momento, em condições concretas e com respostas características à situação que se lhe apresentou.
(J. Guinsburg. Romantismo. São Paulo: Perspectiva, 1978)
Primeira Geração Romântica: é conhecida como geração nacionalista ou indianista, pois tomou o índio como representante da nacionalidade brasileira, do passado pré-colonial do país. Vivendo uma fase em que o sentimento nacionalista era muito forte, essa geração também apresenta a exaltação da natureza (principalmente ao reproduzir a “cor local”), o sentimentalismo e a religiosidade como traços principais.
A OBRA MELHORES POEMAS:
É uma coletânea organizada por José Carlos Garbuglio e publicada pela editora Global. Para compô-la o organizador buscou alguns poemas de: “Primeiros cantos” (poesias americanas, diversas e hinos); “Novos Cantos”; “Sextilhas do Frei Antão” (texto com linguagem arcaica, erudita); “Últimos cantos” (poesias americanas e diversas); “Os Timbiras” (apenas a introdução desse poema épico inacabado); e outras poesias.
(adaptados) COMENTÁRIOS DA INTRODUÇÃO DA OBRA FEITOS PELO ORGANIZADOR José Carlos Garbuglio:
Gonçalves Dias é herdeiro do Setecentismo, por isso seus poemas enquadram, por mais de um aspecto, nas tendências neoclássicas. Deixam-se pautar pela harmonia e equilíbrio dos clássicos em que a contensão aparece como elemento central e orientador da própria composição. Dessa filiação decorrem a sobriedade e elegância que o afastam por isso mesmo dos excessos que vieram depois dele no romantismo brasileiro, todos marcados pelos desdobramentos e extravagâncias românticas.
(...) Embora o indianismo constitua a parte mais representativa do nacionalismo é preciso não esquecer que as formas de representação da natureza ocupam parte substancial de sua poesia. (...) Há uma evocação simbólica do espaço e da paisagem brasileiros (“a cor local”).(...) Não se pode, também, ver no índio – em sua obra – o selvagem americano, mas o ser poético elaborado segundo as convenções da lírica ocidental e, principalmente, uma importante contribuição ao enriquecimento do patrimônio cultural recebido.
Ao tratar o índio de acordo com os padrões poéticos conhecidos, Gonçalves Dias dá ênfase aos valores e qualidades simbólicos que lhe permitem traço de generalização mais amplo, mais próprios aos intuitos de heroicização e de engrandecimento do nascente orgulho nacional. (...) O índio que temos diante de nós é um acabado exemplar de atributos e virtudes da cultura branca, de que é herdeiro o poeta, e que se padronizou em esquemas literários. Ou, se se quiser ver de outro ângulo, o poeta exalta qualidades respeitadas pelos padrões da cultura e ética recebidas.
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