As Minas De Prata
Casos: As Minas De Prata. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: marjoripires • 17/11/2014 • 1.375 Palavras (6 Páginas) • 304 Visualizações
As Minas de Prata, de José de Alencar, é uma espécie de modelo de romance histórico tal como esse tipo de romance é imaginado pelos ficcionistas. Foi publicado sete anos depois de O guarani. Foi dividido em dois volumes. O primeiro volume foi publicado pela primeira vez em 1865, e o segundo, em 1866.
A ação passa-se no século XVIII, uma época marcada pelo espírito aventureiro. É considerado o melhor romance histórico do autor.
Sua composição é apoiada por estrutura narrativa coesa; a trama, habilmente conduzida, ordena-se criando uma ambiência variada e riquíssima. O estilo é largo e primoroso, e o claro domínio sobre o desenvolvimento da narrativa impede que a trama avance ou recue em demasia por conta de suas voltas e reviravoltas. Constitui referência fundamental para a história da literatura romanesca.
A história é simples e comandada, direta e indiretamente, por três personagens: porque é graças a elas que boa parte das ações irá se desenvolver. O assunto do livro é o famoso roteiro das minas de prata, cuja descoberta se atribui a um aventureiro, Robério Dias. É em torno de uma incansável busca pelo roteiro das minas que todas as páginas do romance, que é ação do princípio ao fim, gravitarão.
Estácio, o herói do romance é filho de Robério Dias. Jovem metido em pobreza pecuniária, mas abastado de grande coragem e honra cavalheirescas, tem pela frente dois desafios: reabilitar a memória do pai, livrando-o da acusação de "falso" e "embusteiro" (quer dizer, de ter inventado a existência das minas), e superar o preconceito social para casar-se com Inês de Aguilar, que é "princesa inacessível", já que é nobre e rica. Para tanto, faz-se mister a recuperação do valioso roteiro.
Temos também a figura cadavérica do licenciado Vaz Caminha, "o mais sábio letrado da cidade do Salvador". Representa, no caso, o pólo positivo do drama. Tutor, "pai espiritual e amigo" de Estácio, devota-lhe total desvelo ao amparo e educação. É também o "homem que sabia viver", penetrando o meio social à cata de alguns favores fundamentais. Mas há nele, em contrapartida, o "advogado seco e dogmático", cuja "necessidade de ganhar os meios de subsistência tinha criado essa personalidade, que, sendo a menos verdadeira, era a que a todos se manifestava". Vaz Caminha articula com o narrador o conteúdo dos documentos e manuscritos aos testemunhos e as lendas, no poderoso jogo de forças de herói e vilão conhece as armas e fornece os elementos da vitória ao herói, seu filho intelectual. Vaz Caminha age, põe, dispõe, cria ardis, persuade, pressiona em nome dos ideais de uma história com nobreza de princípios, de honradez, da linhagem e da tradição que acredita e defende
Vemos ainda em plano oposto a inteligência fina do padre Gusmão de Molina, o "visitador" da Companhia de Jesus. É velhaco e talvez uma das figuras mais interessantes de todo o repertório alencarino; denota o lado malvado da intriga e seu ponto alto. Este, em nome da Ordem que representa e da glória pessoal, busca, de todas as maneiras, apossar-se do manuscrito de Robério; aliás, o senso prático que tem das coisas o faz previdente, ainda que na pele do arrogante Vilarzito: "O futuro é de Deus, o passado dos mortos. O presente é a vida".
Essas três personagens, que consideramos as principais, parece que "atraem" aquelas cuja importância na trama é relativa: Cristóvão, Dulce, Gil, João Fogaça, Joaninha. Pois os lances que a podem decidir têm sua origem nas três primeiras: em Caminha e no padre Molina, sendo Estácio a "ponta da ação".
A estória do roteiro das minas de prata é uma ficção, criada pelo romancista, na mesma proporção em que a história de seu país engendrada na obra também o é. Contraditoriamente, ao fechar o livro o leitor guarda uma saudade de imagens criadas e justapostas, pelo entrelaçamento de ficções, no imaginário cultural. O retrato de família a figurar na sala dos leitores, por muito tempo será o mesmo exposto na sala de Dom Diogo de Mariz, agora personagem de As minas de prata, em franca intersecção com O Guarani:
Os retratos de seus pais, de Cecília e Isabel, pendiam das paredes; e em frente à papeleira onde escrevia, um pintor do tempo imaginara sob as indicações do fidalgo uma cópia muito semelhante da casa do Paquequer assentada sobre o rochedo à margem do rio. A um lado via-se uma palhoça, e encaminhando-se a ela um índio que figurava Peri; no terreiro D. Antonio passeando com um mancebo fidalgo que representava Álvaro de Sá. Mais longe, perto do casarão dos aventureiros, a desengonçada figura de Aires Gomes. Dona Laureana e as moças apareciam sentadas nos degraus da escada, trabalhando em obras de agulha e debuxo.
O romance As Minas de Prata mostra o Brasil na época, como colônia de Portugal. Anos em que havia grande interesse europeu em em terras brasileiras para a exploração do pau-brasil, madeira que existia com relativa abundância em largas faixas da costa brasileira.
Neste período, o Brasil, vivia sob constantes ameaças holandesas,
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