As Teorias Éticas Abordagem Cronológica
Por: Gloriaestephe • 19/11/2020 • Trabalho acadêmico • 6.430 Palavras (26 Páginas) • 3.435 Visualizações
CAPITULO 16 RESUMO
Teorias éticas: abordagem cronológica
Diversidade de teorias éticas
Por que estudar as diferentes teorias éticas? Tal- vez voce se pergunte qual é o interesse em saber o que um grego de 2,5 mil anos atrás pensou sobre a felicidade, se hoje a mundo é autro, muito diferente do que era naquele tempo. Ao estudá-las, porém, percebemos que a discus- são sobre ética é muito mais rica e complexa do que suspeitamos. Nossas argumentações alcançariam rigor maior se recorréssemos aos pensadores que nos antecederam, não para segui-los cegamente, mas para refletirmos com mais propriedade e autonomia.
A reflexão ética grega
Na Grécia antiga, a ética estava intrinsecamente ligada à politica, ou seja, à administração da pólis. Tratava-se, no entanto, de um campo reservado apenas aos homens livres. Enquanto isso, na vida privada prevaleciam a desi- gualdade e a auséncia de fiberdade, já que mulheres e escravos estavam destinados a manter a subsis- téncia da vida humana em atividades relacionadas ao corpo: a mulher pela procriação eo escravo pelo trabalho manual. Assim diz a filosofa Hannah Arendt (1906-1975):
Platão: ética e sabedoria
Em inürmeros diaiogos. Platão (e. 428-347 a.C.) descreve as discussões de Socrates a respeito das virtudes e da natureza do bem, nos quais ressalta a convicção de que a virtude se identifica com sabedoria, e o vicio, com a ignoräncia. A virtude, portanto, pode ser aprendida. Na célebre passagem de A Repüblica em que Pla tao descreve a alegoria da caverma, reaparece essa ideia: o sábio é o único capaz de se soltar das amarras que o abrigavam a ver apenas sombras e, ao dirigir-se
para fora, pode contemplar o Sol, que representa a delo do bem. Portanto, "aicançar o bem" depende da capacidade de "compreender bem".
Aristóteles: a virtude
Aristöteles (c. 384-322 a.C) aprofundou a dis- cussao a respeito das questões éticas. Na obra Ética a Nicomaco, refletiu sobre o fim último de todas as atividades hurnanas, uma vez que tudo o que fazemos visa alcançar umbem-ouo que nos parece ser um bern. Ao examinar os bens desejaveis, como os prazeres, a riqueza, a honra, a fama, o filásofo observa que estes não são fruidos por si mesmos, mas visam sempre a outra coisa. Pergunta-se, então, qual seria o sumo bem, aquele que è um fim em simesmo, e não um meio para o que quer que seja, e encontra a resposta no conceito de "boa vida", de "vida feliz" (em grego, eudavnonia). Por isso, a filosofia moral de Aristóteles é uma eudemonia. Mesmo que reservasse ao filósofo o exercicio mais complexo da racionalidade, Aristoteles reco- nhecia que as pessoas comuns também aspiram ao saber e se deleitam com ele, satisfeitas por esclare- cer duvidas ou compreender melhor algo que antes Ihes parecia confuso. A vida hurnana, porém, não se resume ao intelecto e encontra sua expressão na ação, em uma ativida- de bem realizada. Para Aristóteles, o bem é a ação exercida de acordo com sua excelėncia ou virtude. A função própria de um homem é a atividade de Sua alma em conformidade corn um principio racianal. Aristóteles dá os exemplos de um tocador de lira e de um bom tecador de lira: embora genericamente ambos desempenhem a mesma função, um bom tocador de lira realiza sua atividade com exceléncia. E continua
É por isso que a vida moral não se resume a um só ato moral, mas a repetição do agir moral. Em outras palavras, o agir virtuoso não é ocasional e fortuito, mas um habito, fundado no desejo e na capacidade de perseverar no bem. Do mesmo modo, a felicidade pres- supõe uma vida inteira enão sereduza um so momento.
O Justo meio
A moral não é uma ciência exata, pois depende de elementos iracionais da alma, como os afetos fortes das paixões humanas, a fim de submeté-los a ordern da razão, A propósito, Aristóteles desemvolveu teoria da mediania-ou justo meio-, pela qual toda virtude é boa quando é controlada no seu excesso e na sua falta. Em outras palavras, agir virtuosamente é encontrar a mediania entre dois extremos, que são chamados "vicios". Veja alguns exemplos * A virtude da coragem torna-se excessiva quando é temeridade (audácia excessival, e deficiente quando é covardia. • "Gastar dinheiro" pode significar a virtude da generosidade, da prodigalidade, enquanto seus extremos sào a dissipação ou a avareza · A virtude da temperança é o melo-termo entre voluptuosidade e insensibilidade • No trato com os outras, a virtude é a afabilidade. enquanto seus extremos são a subserviencia e a grosseria. Aristóteles conclui que a virtude é uma espécie de mediania, ja que ela visa aomeio-termo:
Ao se referir "principio racional próprio do reforça o papel relevante de cada um ao definir o que é excesso e o que é falta em uma virtude, por- que "ás vezes devemos inclinar-nos para o excesso e outras vezes para a deficiência". Por exemplo, a irascībilidade (ira, irritação) pode não ser avaliada como excesso em ocasioes nas quais não convém a apatia ou a tolerância. Por sua vez, alguém que costuma agir de modo temerario talvez classifique a prudència de um corajoso como covardia.
Justiça e amizade
De acordo cam Aristoteles, a justiça é uma virtude completa:
É completa porque aquele que a possul pode exercer sua virtude não só sobre si mesmo, mas também sobre o seu próximo. L. Por essa mesma razão se diz que somente a justiça, entre todas as vir tudes, éo "berm de um outro", visto que se relaciona com o nosso proximo, fazendo o que é vantajoso a um outro, seja um govermante, seja um associado.
Dependendo do caso, a justiça pode ser uma virtude moral (quando se refere às relações entre as pessoas) ou politica (quando se refere ås relações en- tre os individuoseo governo, estabelecidas em leis). Aristoteles explica a justiça em temos de proporçdo e igualdade. Tratar as pessoas com justiça consiste em distribuir os bens em sua dovida proporção, o que nos remete à teoria do justo meio: não se deve dar ås pes- soas nem demasiado nem de menos. Deve haver, por- tanto, a justa proporção entre o bem atribuido (oupie mio) eomérito dernonstrado. Du ainda, caso se trate de uma sanção, uma proporção entre o crime e sua pena, A justiça deve ser tambem distributiva, quando são consideradas as diferenças entre as pessoas. Nesse caso, a justa distribuição de bens, direitos e responsabilidades está em conformidade com as necessidades e capacidades de cada individuo. Por fim, para Aristóteles, a amizade e a coroação da vida virtuosa, possivel apenas entre os prudentes e justos, já que a amizade pressupòe a justiça, a generosidade, a benevolência, a reciprocidade dos sentimentos. Amar a si e aos amigos de maneira generosa e desinteressada é, para Aristóteles, o que há de mais necessario para viver.
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