As Tranças De Bintou

Proposta Curricular: um ponto de partida

Márcia Valéria Reis

Tendo como eixo o Projeto Político Pedagógico da escola, o currículo relaciona princípios e operacionalização, teoria e prática, planejamento e ação. Concepção que deverá está intimamente ligada à educação para todos e à sua concretização. Portanto, a proposta curricular de uma escola é apenas um ponto de partida, uma vez que requer dinamicidade curricular que permita ajustar o fazer pedagógico às necessidades dos alunos.

Veiga (1996) considera que:

(...) o projeto político pedagógico vai além de um simples agrupamento de planos de ensino e de atividades diversas. O projeto não é algo que é construído e em seguida arquivado ou encaminhado às autoridades educacionais como prova do cumprimento de tarefas burocráticas. Ele é vivenciado em todos os momentos, por todos envolvidos com o processo educativo da escola. O projeto busca uma direção. É uma ação intencional, com um sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente. Por isso, todo projeto pedagógico da escola é, também, um projeto político por estar intimamente articulado ao compromisso sociopolítico com os interesses reais coletivos da população majoritária. É político no sentido de compromisso co a formação do cidadão para um tipo de sociedade. (VEIGA 1996, p.12-13)

Nesse sentido, entendemos que o currículo preside as atividades educativas da escola, definindo suas intenções e proporcionando aos professores, responsáveis diretos por sua execução, a orientação de ações adequadas e úteis. Desta forma, o currículo subsidiará informações concretas sobre o que ensinar, quando ensinar, como e o que ensinar, como e quando avaliar .

Vale ressaltar que o currículo, mesmo sendo eixo do Projeto Político Pedagógico da escola, pode e deve ser alterado pelo professor como forma de adequá-lo às aptidões, interesses e características culturais dos seus alunos.

Libâneo e Oliveira (2003, p.363) conceituam os três tipos de currículo. Segundo os autores:

O currículo formal, ou oficial é aquele estabelecido pelos sistemas de ensino, expresso em diretrizes curriculares, nos objetivos e nos conteúdos das áreas ou disciplinas de estudo.

[…] O currículo real é aquele que, de fato, acontece na sala de aula, em decorrência de um projeto pedagógico e dos planos de ensino. É tanto o que sai das ideias e da prática dos professores, da percepção e do uso que eles fazem do currículo formal, como o que fica na percepção dos alunos. […]

O currículo oculto refere-se àquelas influências que afetam a aprendizagem dos alunos e o trabalho dos professores e são provenientes da experiência cultural, dos valores e dos significados trazidos de seu meio social de origem e vivenciados no ambiente escolar – ou seja, das práticas e das e experiências compartilhadas em sala de aula. É chamado de oculto porque não se manifesta claramente, não é prescrito, não aparece no planejamento, embora constitua importante fator de aprendizagem.

Desta forma, o posicionamento de Paro (2007) contribui para o entendimento desses conceitos, ao destacar a importância de que toda a escola esteja envolvida