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Biografia Miguel Torga

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Por:   •  8/12/2013  •  1.429 Palavras (6 Páginas)  •  414 Visualizações

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Biografia

Miguel Torga, que é o pseudónimo de Adolfo Correia Rocha. Várias vezes nomeado para o Prémio Nobel da Literatura, tornou-se um dos mais conhecidos autores portugueses do século XX.

Nasceu em S. Martinho de Anta (Trás-os-Montes), em 1907 e teve uma infância dura, durante a qual recebeu do pai que se chamava Francisco Correia Rocha um carácter rígido e inflexível, e da mãe, Maria da Conceição Barros, a sensibilidade que o viria a tornar poeta.

Aos dez anos, foi trabalhar para uma casa apalaçada do Porto, habitada por parentes da família. Mais tarde foi para o Seminário de Lamego, onde estudou Português, Geografia e História, aprendeu latim e ganhou familiaridade com os textos sagrados. Pouco depois comunicou ao pai que não seria padre.

Emigrou para o Brasil com quinze anos, para trabalhar na exploração de café do tio. O tio apercebeu-se da sua inteligência e propôs pagar-lhe os estudos, o que levou ao seu regresso a Portugal, onde estudou na Faculdade de Medicina de Coimbra e onde escreveu o seu primeiro livro de poemas chamado “Ansiedade”. Com 22 anos deu início a uma colaboração com a revista “Presença” com o poema “Altitudes”.

Aos 31 anos começou a exercer a profissão nas terras transmontanas.

Casou-se com Andrée Crabbé, uma estudante belga e o casal teve uma filha chamada Clara Rocha que veio a tornar-se professora universitária tal como a mãe.

Esteve preso durante 3 meses nas cadeias de Leiria e no Aljube e, embora tivesse pensado abandonar o país, não o fez devido ao amor que sentia pela terra-mãe.

Repartiu a sua vida entre a medicina e a escrita, sendo esta última a sua paixão, e morreu em Coimbra em 1995.

A poesia de Miguel Torga apresenta três grandes linhas de rumo: um "desespero humanista", uma problemática religiosa e um sentimento telúrico.

Torga é considerado a voz de Trás-os-Montes e tem todo o ser e toda a sua obra firmados na sua terra-mãe. Mostra-se preocupado com a autenticidade criadora, projectando a sua escrita e as suas preocupações com o ser humano, a sua necessidade de transcendência.

Nas suas obras é visível um sofrimento que se transforma em desassossego, e que tanto permite a esperança como conduz ao desespero.

O telurismo de Torga exprime-se no seu apego à terra, na sua fidelidade ao povo, na sua consciência de ser português.

Nota-se, também, uma inspiração genesíaca a percorrer muitos dos seus poemas, pois para Torga a terra é o lugar da realização do ser humano e da sua ligação ao sagrado.

A nível estilístico, Torga opta pelo uso de estrofes irregulares e deita mão a uma diversidade de recursos que lhe permitem expressar o que realmente lhe vai na alma.

Análise

5

10

REGRESSO

Regresso às fragas de onde me roubaram.

Ah! minha serra, minha dura infância!

Como os rijos carvalhos me acenaram,

Mal eu surgi, cansado, na distância!

Cantava cada fonte à sua porta:

O poeta voltou!

Atrás ia ficando a terra morta

Dos versos que o desterro esfarelou.

Depois o céu abriu-se num sorriso,

E eu deitei-me no colo dos penedos

A contar aventuras e segredos

Aos deuses do meu velho paraíso.

(Diário VI)

No poema “Regresso” o poeta regressa à sua terra natal. Sente-se feliz por voltar e como consequência dá-se a retoma da capacidade criativa.

Os sentimentos dominantes do sujeito poético neste poema são o cansaço mas também a alegria, a felicidade, a satisfação e a euforia.

A relação entre o poeta e natureza é de intimidade e de afectividade.

Donde a importância do campo lexical que se refere à terra:

A quantidade e variedade de vocábulos e expressões que descrevem a terra tornam esse o campo lexical mais importante do texto, quase saturando o discurso poético. Assim:

- as referências directas são "fragas", "minha serra", "terra morta", «colo dos penedos";

- há outras referências: metonímica – "minha dura infância"; metafórica – «meu velho paraíso";

- as referências "rijos carvalhos" e "cada fonte" indicam, por sua vez, realidades indissociáveis da terra.

Donde o simbolismo metafórico dos elementos naturais, como:

- o carvalho (Dic. dos Símbolos), instrumento de comunicação entre a terra (os homens) e o céu (Deus);

- a fonte, símbolo de maternidade, nas culturas tradicionais é a origem da vida, do renascimento, do poder e da felicidade.

Assim sendo, o regresso à terra-mãe equivale à recuperação de forças,

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