Chico Buarque
Casos: Chico Buarque. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: juuuuuuhh • 8/9/2013 • 1.007 Palavras (5 Páginas) • 591 Visualizações
A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
Reafirmando a cada verso a sua consciência poética e social, observa-se que a poesia de Chico se opõe à ganância, ao consumismo, à mentira, à alienação:
O homem sério
que contava dinheiro, parou
O faroleiro
Que contava vantagem, parou
A namorada que contava estrelas
Parou para ver, ouvir
E dar passagem
A poesia é o percurso. Deve ser o caminho de todos, de acordo com seu caráter universalizante. Poesia é satisfação, prazer, alegria, acima de tudo participação vital:
A moça triste
Que vivia calada, sorriu
E a meninada toda se assanhou
A arte, a música, a banda, tudo isso é força, vigor, capaz de transformar o procedimento do homem. Ela é uma forma de despertar, de fazer acordar. E também é beleza:
O velho fraco
Se esqueceu do cansaço e pensou
Que ainda era moço
Pra sair no terraço
E cantou
A moça feia debruçou na janela
Pensando que a banda
Tocava pra ela
A arte está no coletivo ou deve ser feita para o povo. Banda, poeta e povo se associam numa perfeita integração. Nesse sentido, é instrumento da verdade, trazendo consigo a luz, a claridade, o que significa conhecimento, entendimento. Assim, a luz da natureza (“lua cheia”) comunga dos mesmos ideais do poeta e da poesia:
A marcha alegre
Se espalhou na avenida, insistiu
A lua cheia
Que vivia escondida, surgiu
E a cidade toda se enfeitou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
O motivo maior da postura poética e social de Chico é a poesia (“banda”), conduzida por decisiva razão, que é sinônimo de poesia; o amor. Que é união, integração, formando a grande corrente da humanidade. Para um mundo melhor, menos egoísta, opressor e prepotente, é necessário que a “banda” continue a “passar”, com toda a sua força. É preciso que ela prossiga “cantando coisas de amor”.
A “banda” simboliza algo muito mais criativo que uma banda. Ela é poesia, participação, amor, vida. A “banda” une poeta e povo, natureza e poesia. Reúne velhos e moços, coisas e objetos, tudo isso num processo de recriação. Imagens como “A minha gente sofrida / despediu-se da dor” e “A rosa triste / que vivia fechada se abriu” e a renovação e atualização de “o que era doce acabou” confirmam a poeticidade de A Banda, sem deixar de lado a crítica social.
AMÉLIA
Eu nunca vi fazer tanta exigência
E nem fazer o que você me faz.
Você não sabe o que é consciência
Não vê que eu sou um pobre rapaz.
Você só pensa em luxo e riqueza
Tudo o que você vê você quer.
Ah, meu Deus, que saudade da Amélia
Aquilo sim é que era mulher.
Às vezes passava fome ao meu lado
E achava bonito não ter o que comer.
E quando me via contrariado
Dizia, meu filho, o que se há de fazer ?
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia que era mulher de verdade.
Amélia é, acima de tudo, um símbolo de verdade, liberdade e amor. Portanto, significa muito mais que uma mulher. Vai muito além. Por trás desse nome, Mário Lago constrói um mundo de fraternidade, autenticidade, configurando um universo de ideais, de anseios de humanidade e entendimento que, sem dúvida, são os ideais de Mário Lago.
Os seis primeiros versos focalizam o presente, o que se constata pelo emprego dos verbos: “faz”, “sabe”, “é”, “sou”, “pensa”. Mesmo o “vi”, do primeiro verso, tem o seu sentido voltado para o presente. Trata-se de um recurso muito usado na linguagem oral, aqui absorvido pela poesia. Entre outros aspectos, esse é um dado que garante o caráter popular de Amélia, samba que ocupa os espaços mais diversos na sociedade brasileira.
Esse presente se
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