Comunicações

Telecomunicações

por José Eduardo Pessini

A área de telecomunicações tem sido objeto de profundas transformações desde meados dos anos 70, quando o avanço da microeletrônica já prenunciava a convergência tecnológica entre as áreas de informática e de telecomunicações. Nos anos 80, comprovou-se que a evolução não era apenas tecnológica, mas também de mercados, ou seja, as indústrias de informática e de telecomunicações não apenas passavam a usar crescentemente os componentes da microeletrônica como, sobretudo, apresentavam serviços e aplicações conjuntas que viabilizaram o surgimento de mercados novos e muito dinâmicos.

Este segundo aspecto da convergência entre as duas áreas é muito mais amplo e, não obstante continue em marcha a evolução nos equipamentos e sistemas, é o surgimento desses novos mercados e aplicações que têm revolucionado as próprias bases das telecomunicações na década dos 90. Por sua vez, nota-se que as características centrais que prevaleceram na organização dos sistemas de telecomunicações em todo o mundo, como o monopólio público e o serviço universal, estão sendo revistas ou repensadas em muitos casos. Isto significa que a revolução já não é exclusivamente uma questão tecnológica, mas também uma questão institucional, econômica e da própria organização da indústria e dos mercados.

Do ponto de vista tecnológico, a evolução pode ser visualizada na utilização de novos meios de transmissão e comutação - centrais digitais, satélites, fibras ópticas, novo aproveitamento do espectro de radiofreqüências entre outros - e no desenvolvimento de novos serviços para o usuário - fax, telefone móvel, PCS (personal comunications service), videoconferência e uma ampla gama de aplicações on-line e comércio eletrônico, culminando com a recente explosão dos serviços viabilizados pela Internet.

Faz parte também desta evolução um grande crescimento das redes corporativas de diferentes amplitudes - LAN (Local Area Networks), MAN (Metropolitan Area Networks), WAN (Wide Area Networks). Muitas dessas redes são privadas e caracterizam-se pelo atendimento de necessidades específicas - custom-made dos usuários / proprietários - embora utilizem intensamente, na maioria das vezes, os meios e serviços fornecidos pelas redes públicas de telecomunicações.

Do ponto de vista econômico, as modificações decorrem do fato de que a evolução tecnológica, via disponibilidade e barateamento de novos meios para a "produção" de serviços, reduz fortemente as barreiras à entrada de novos operadores.

Ainda nesse sentido, a reorganização da área de telecomunicações exige a viabilização de fortes investimentos não apenas para a construção de uma grande e moderna infra-estrutura, mas, sobretudo, para o direcionamento desta e dos respectivos serviços para os usuários.

Para situar o Brasil nesta perspectiva de evolução, devemos mencionar alguns importantes resultados ou ações em andamento:

- o cabeamento nacional por fibras ópticas está em execução entre as principais capitais estaduais e regionalmente, entre cidades de maior tráfego intra-estadual;recentemente o cabeamento óptico também vem sendo implementado nas áreas urbanas de São Paulo (avenida Paulista, avenida Eng. Luiz Carlos Berrini e rua Iguatemi) e do Rio de Janeiro (Centro), onde estão concentradas empresas financeiras e usuários intensivos de telecomunicações;

- além do lançamento dos satélites de segunda geração Brasilsat B1 e B2, o País participa ativamente dos consórcios internacionais, tanto na operação de satélites quanto nos cabos ópticos oceânicos para os EUA (Américas-l), para a Europa e Ásia (Columbus) e para os países do Mercosul (Unisur);

- o nível de digitalização das redes também avança em vários estágios - centrais de trânsito,