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Concepção De Literatura

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Por:   •  23/8/2014  •  2.405 Palavras (10 Páginas)  •  503 Visualizações

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Curso: PEDAGOGIA

Disciplina: LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS

Profª Esp. HELEN CRISTINE BIDO BRNADT DELLOSSO

e-mail: helen.dellosso@aedu.com

Leitura, texto e sentido

PLT nº225 cap.1 p. 9-35

(Recortes e amarras... Para acompanhamento da aula).

Concepção de leitura

Destacam algumas perguntas que são realmente importantes: O que é ler? Para que ler? Como ler?

Evidentemente as repostas revelarão uma concepção de leitura diferentes concepções de leitura decorrente da concepção de sujeito, de língua, de texto e de sentido que se adote.

Foco no autor

KOCH (2002) afirma que a concepção de língua como representação do pensamento corresponde à de sujeito psicológico, individual, dono de sua vontade e de suas ações. Trata-se de um sujeito visto como um ego que constrói uma representação mental e deseja que esta seja "captada" pelo interlocutor da maneira como foi mentalizada.

Nessa concepção de língua como representação do pensamento e de sujeito como senhor absoluto de suas ações e de seu dizer, o texto é visto como um produto - lógico - do pensamento (representação mental) do autor, nada mais cabendo ao leitor senão "captar" essa representação mental, juntamente com as intenções (psicológicas) do produtor, exercendo, pois, um papel passivo.

A leitura, assim, é entendida como a atividade de captação das ideias do autor, sem se levar em conta as experiências e os conhecimentos do leitor, a interação autor-texto-leitor com propósitos constituídos sociocognitivo-interacionalmente. O foco de atenção é, pois, o autor e suas intenções, e o sentido está centrado no autor, bastando tão-somente ao leitor captar essas intenções.

Foco no texto

Por sua vez, à concepção de língua como estrutura corresponde a de sujeito determinado, "assujeitado" pelo sistema, caracterizado por uma espécie de "não consciência". O princípio explicativo de todo e qualquer fenômeno e de todo e qualquer comportamento individual repousa sobre a consideração do sistema, quer linguístico, quer social.

Nessa concepção de língua como código - portanto, como mero instrumento de comunicação - e de sujeito como (pre)determinado pelo sistema, o texto é visto como simples produto da codificação de um emissor a ser decodificado pelo leitor/ouvinte, bastando a este, para tanto, o conhecimento do código utilizado.

Consequentemente, a leitura é uma atividade que exige do leitor o foco no texto, em sua linearidade, uma vez que "tudo está dito no dito". Se, na concepção anterior, ao leitor cabia o reconhecimento das intenções do autor, nesta concepção, cabe-lhe o reconhecimento do sentido das palavras e estruturas do texto. Em ambas, porém, o leitor é caracterizado por realizar uma atividade de reconhecimento, de reprodução.

Foco na interação autor-texto-leitor

Diferentemente das concepções anteriores, na concepção interacional (dialógica) da língua, os sujeitos são vistos como atores/ construtores sociais, sujeitos ativos que — dialogicamente — se constroem e são construídos no texto, considerado o próprio lugar da interação e da constituição dos interlocutores. Desse modo, há lugar, no texto, para toda uma gama de implícitos, dos mais variados tipos, somente detectáveis quando se tem, como pano de fundo, o contexto sociocognitivo dos participantes da interação.

Nessa perspectiva, o sentido de um texto é construído na interação texto-sujeitos e não algo que preexista a essa interação. A leitura é, pois, uma atividade interativa altamente complexa de produção de sentidos, que se realiza evidentemente com base nos elementos linguísticos presentes na superfície textual e na sua forma de organização, mas requer a mobilização de um vasto conjunto de saberes no interior do evento comunicativo.

A título de exemplificação do que acabamos de afirmar, vejamos a tirinha a seguir:

Fonte: Folha de S.Paulo, 13 abr. 2005.

Na tirinha, Garfield representa bem o papel do leitor que, em interação com o texto, constrói-lhe o sentido, considerando não só as informações explicitamente constituídas, como também o que é implicitamente sugerido, numa clara demonstração de que:

• a leitura é uma atividade na qual se leva em conta as experiências e os conhecimentos do leitor;

• a leitura de um texto exige do leitor bem mais que o conhecimento do código linguístico, uma vez que o texto não é simples produto da codificação de um emissor a ser decodificado por um receptor passivo.

Fundamentamo-nos, pois, em uma concepção sociocognitivo-inte-racional de língua que privilegia os sujeitos e seus conhecimentos em processos de interação. O lugar mesmo de interação — como já dissemos - é o texto cujo sentido "não está lá", mas é construído, considerando-se, para tanto, as "sinalizações" textuais dadas pelo autor e os conhecimentos do leitor, que, durante todo o processo de leitura, deve assumir uma atitude "responsiva ativa". Em outras pala¬vras, espera-se que o leitor, concorde ou não com as ideias do autor, complete-as, adapte-as etc., uma vez que "toda compreensão é prenhe de respostas e, de uma forma ou de outra, forçosamente, a produz" (BAKHTIN, 1992:290).

A interação: autor-texto-leitor

Nas considerações anteriores, explicitamos a concepção de leitura como uma atividade de produção de sentido. Pela consonância com nossa posição aqui assumida, merece destaque o trecho a seguir sobre leitura, extraído dos Parâmetros Curriculares de Língua Portuguesa:

A leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem etc. Não se trata de extrair informação, decodificando letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação, sem as quais não é possível proficiência. É o uso desses procedimentos que possibilita controlar

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