Declaração escrita do gênero de uma música de texto
Seminário: Declaração escrita do gênero de uma música de texto. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: evertonmarques • 15/12/2014 • Seminário • 2.634 Palavras (11 Páginas) • 198 Visualizações
Oficina de Ensino
Tema: Produção escrita a partir do gênero textual canção.
Público-alvo:xxxxxxx
Período de aplicação: 2 a 3 horas /aulas.
Conteúdos:
• Leitura;
• Regência;
• Concordância verbal e nominal;
• Figuras de linguagem;
• Adequabilidade linguística;
• Produção escrita.
Objetivo geral:
• Desenvolver habilidades discursivo-textuais por meio da análise da linguagem expressa no gênero canção e produção escrita.
Objetivos específicos:
• Interpretar o sentido global da música "Inútil" por meio de inferências das informações implícitas e explícitas no texto;
• Perceber a diferença de uso da linguagem em diferentes contextos de produção;
• Produzir um parágrafo dissertativo, usando os recursos próprios da linguagem formal.
Material utilizado
• Textos impressos
• CD e aparelho de som ou notebook e datashow (Caso a escola disponha);
• Quadro-branco e pincel.
Metodologia
• Leitura analítica do texto-base pelos alunos;
• Análise da linguagem, atentando para a escolha das palavras e das estruturas frasais, como elemento produtor dos diversos efeitos de sentido. Desse modo, o aluno será incentivado a relacionar as informações com os conhecimentos prévios.
DISPONIBILIZANDO CONHECIMENTO- CONTEXTO SÓCIO-HISTÓRICO-POLÍTICO DA MÚSICA
A música de Roger Moreira, produzida entre os anos de 1983 e 1984, é a que melhor caracteriza a situação do Brasil no que se refere não apenas a questões econômicas, mas também sociais. Com trechos que remontam momentos históricos do Brasil, a música adquiriu outra função além da artística: a de crítica social. Nesse mesmo período o movimento das “Diretas Já” se fazia presente no cotidiano das pessoas, o que pode ter servido como inspiração para a produção da música. O movimento propunha as eleições diretas para o cargo de Presidente da República, o que não ocorria por conta da Ditadura Militar. Desde os primeiros períodos da história do Brasil travam-se discussões sobre o regime político, por isso, cabe aqui um parêntese acerca do processo político no regime instaurado após 31 de março de 1964. “A emenda nº. 1 da Constituição de 1967 [...] previu-se a criação de um Colégio Eleitoral, composto de membros do Congresso e delegados das Assembleias Legislativas dos Estados. Geisel foi o primeiro presidente escolhido pelo Colégio Eleitoral” (FAUSTO, 2007, p. 489). Com base nessa citação compreendemos que vigorava o sistema de votação por eleição indireta, o que excluía a participação do cidadão “comum”.
Em 1982, ainda no mandato do último Presidente Militar, o general João Batista Figueiredo, ocorreram eleições diretas para nomear de vereadores a governadores dos Estados. No ano seguinte, o PT assumiu a luta de promover campanha pelas eleições diretas para presidente da República, a campanha pelas “Diretas Já”. A partir de então, o movimento se tornou quase uma preferência nacional (FAUSTO, 2007). Mas, houve uma rejeição por parte da Câmara dos Deputados, prosseguindo, assim, com a existência do Colégio Eleitoral, o qual foi extinto somente com o advento da Constituição de 1988. Observe as palavras de Fausto:
A emenda constitucional que pretendia introduzir as eleições diretas ficou conhecida como Emenda Dante de Oliveira [...] [Esta] não passou. Faltaram na Câmara dos Deputados somente 22 votos. Precisava de 320 votos [...] Desses votos, 55 eram de deputados do PDS que, apesar das pressões do governo e do partido, votaram a favor da emenda. De qualquer forma, tendo em vista a composição do Senado, era muito problemático que a emenda passasse no senado, caso fosse aprovado pela Câmara.
Nesse contexto, Inútil foi composta em abril de 1983, mas por problemas com a censura a música só foi lançada em outubro do mesmo ano. A recriminação ao governo consiste na postura explícita nos primeiros versos: A gente não sabemos / Escolher presidente [...]. A ideologia expressa é a de que o cidadão brasileiro, nessa época, não tinha o direito de escolher os seus representantes políticos, não porque “não sabemos”, como diz a canção, mas sim porque esse direito não era concedido aos que não formavam o “tripé econômico”, do qual fala Luz:
A ditadura se sustentava numa aliança de três grupos de interesses bem definidos, chamada de tripé econômico: os empresários nacionais [...]; as empresas estrangeiras [...]; e o Estado [...] O regime militar, na ótica dessa aliança dominante, havia alcançado nível supremo de qualidade ao excluir o povo, em especial os trabalhadores, da condição de participantes ativos do processo de decisão (grifos nossos).
Diante dessa exclusão da participação política o compositor se inclui na categoria dos excluídos para manifestar as suas inquietações, expressando um sentimento de inutilidade. Se não era permitido que o presidente fosse escolhido pelo povo, é porque esta classe era considerada “menor” e isso ocasionava um anseio de ser sem préstimo, tanto é que “A gente não sabemos / Nem escovar os dente”. Por esse ângulo, analisamos o discurso do locutor pelo viés da subjetividade posta por Benveniste. Conforme Benveniste (1966 apud BRANDÃO, 2004, p. 56), “introduz-se aquele que fala na sua fala [...] é na instância de discurso na qual eu designa o locutor que este se enuncia como sujeito” (grifo do autor). Sendo assim, o eu – espaço ocupado pelo locutor, nesse caso, Roger Rocha Moreira – se enuncia como sujeito participante da ação, ou seja, posiciona-se entre os indivíduos brasileiros sem direito ao exercício da cidadania. “Nesse sentido é que para a AD não existe o sujeito individual, mas apenas o sujeito ideológico: a ideologia se manifesta (é falada) através dele”. Brandão (2004, p. 9) citando Bakhtin, afirma que:
A
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