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Deficiência Mental

Por:   •  8/12/2015  •  Trabalho acadêmico  •  29.334 Palavras (118 Páginas)  •  179 Visualizações

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INTRODUÇÃO

        A Sociedade Contemporânea, vive momentos de agitação e de transformação que colocam em causa o seu equilíbrio. Tal facto não é uma situação nova, a História ensina-nos que a evolução da vida na Terra nem sempre é pacífica. Sempre que o Mundo “pula e avança”, na sua evolução vertiginosa, causa conflitos. Esses conflitos são inevitáveis, mas urge que o Homem saiba viver e adaptar-se de forma a encontrar um equilíbrio para o mundo, para a Sociedade e para si, como Ser equilibrado e equilibrador.

        O Homem construiu grandes feitos, porém deve estar consciente das suas próprias limitações.

        “O Homem só se encontra quando distingue o Bem do Mal. Só se encontra a si próprio quando, pelos seus actos, decidiu para onde quer ir. Todos nós temos de nos reconquistar constantemente, vencendo a indecisão” (Jaspers, 1960, p. 59).

        Compete, também à escola como entidade organizada desenvolver em todos nós o espírito crítico, a reflexão necessária e uma atitude consciente, criativa e integradora relativamente à Sociedade e ao Mundo em que vivemos. É obrigação da escola ajudar a formar consciências que aceitem o portador de deficiência como um igual, detentor de todos os direitos de uma Sociedade justa e igual.

        Este princípio põe de parte a velha filosofia de ensino segregadora que colocava o portador de deficiência em escolas próprias e à margem de todos os outros sistemas.

           A promoção de uma escola inclusiva, passa pelo princípio de que o processo de ensino aprendizagem deve ser predominantemente orientado pelos princípios de igualdade de oportunidades educativas e sociais a que todos os alunos, sem excepção têm direito.


A filosofia educacional “perto da vista perto do coração”, aceita a diferença humana, respeita a diversidade cultural e social e em paralelo, a unidade da pessoa humana.

De acordo com esta corrente pedagógica, o portador de deficiencia será o indivíduo que tem uma maior ou menor dificuldade em seguir o processo regular de aprendizagem e que por isso tem necessidades educativas especiais.

           A educação dos alunos com necessidades educativas especiais implica assim, para além da colocação de crianças e jovens em escolas de ensino regular, alterações estruturais no plano da cultura pedagógica.

            O conceito de escola inclusiva vem por sua vez, reforçar o direito de todos os alunos a frequentarem o mesmo tipo de ensino, na medida em que preconiza que os objectivos educacionais e o plano de estudos são os mesmos para todos, independentemente das diferenças individuais de natureza física, psicológica, cognitiva ou social que possam surgir.

           A atenção às diferenças individuais e ao contexto de aprendizagem implica uma flexibilização da organização escolar, das estratégias de ensino, da gestão dos recursos e do currículo, de forma a proporcionar o desenvolvimento maximizado de todos.

Uma das maiores dificuldades que decorre da operacionalização destes princípios, no contexto de cada escola, diz respeito à concretização de um ensino diferenciado e à planificação e gestão dos recursos humanos e técnicos disponíveis para dar viabilidade.

              Este trabalho, debruça-se sobre a problemática da transição para a vida activa dos alunos portadores de deficiência mental, a qual está incluída nas N.E.E. permanentes, que exigem adaptações generalizadas do currículo, sendo este objecto

de uma avaliação sistemática, dinâmica e sequencial, de acordo com os progressos que os alunos demonstram ao longo  do seu percurso escolar.

        Está organizado em duas partes: a primeira inclui a fundamentação teórica da problemática subjacente às N.E.E., focalizando-se essencialmente a deficiência mental.        Enquanto professores procuramos conhecer mais de perto, esta realidade com a qual nos deparamos diariamente, com a intenção de futuramente ter uma acção mais adequada, pedagogicamente correcta aplicando a cada caso as metodologias apropriadas. É assim um trabalho que se destina sobretudo a ajudar os docentes que trabalham nesta problemática, daí não ser nossa intenção debruçarmo-nos sobre aspectos clínicos e técnicos da deficiência, dado não abrangerem a área de intervenção do professor, tem apenas um carácter estritamente pedagógico.

        Na segunda parte de teor prático, realizou-se uma investigação, procurando responder aos objectivos e questões formuladas neste trabalho.

        Recorreu-se a inquéritos e entrevistas afim de se recolher o máximo de informações para a realização de um estudo fiável, rigoroso e isento.

        O estudo foi realizado junto dos docentes do Agrupamento Vertical de S. João da Pesqueira e tinha como finalidade averiguar em que medida os professores de ensino regular e de apoio promovem a transição para a vida activa dos alunos portadores de deficiência mental.

        

        

  I-PRIMEIRA PARTE: INVESTIGAÇÃO

CAPÍTULO I

1- NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS

  1. - PERSPECTIVA HISTÓRICA

Partindo do tema proposto, colocado como fio condutor para todo o trabalho de investigação a desenvolver: A criança com deficiência mental e a transição para a vida activa, torna-se imperioso estudar o universo em que esta criança está inserida, que é o das Necessidades Educativas Especiais (N.E.E.). De acordo com Correia (1999), o conceito de N.E.E vem assim responder ao princípio da progressiva democratização das sociedades, reflectindo o postulado na filosofia da integração e proporcionando uma igualdade de direitos, nomeadamente no que diz respeito à não discriminação por razões de raça, religião, opinião, características intelectuais e físicas, a toda a criança e adolescente em idade escolar “ (p.47).

 Ao longo da História a problemática da deficiência, incluída nas N.E.E., não se tem equacionado da mesma forma. A perspectiva da deficiência andou sempre ligada a crenças sobrenaturais, demoníacas e supersticiosas. Estes aspectos veiculam a ignorância, que gera atitudes de culpa, compaixão desespero e indignação.

Uma primeira e primitiva segregação foi a supressão dos que eram então consideradas deficientes. Em Esparta uma comissão especial reconhecia a criança e dava-lhe ou não o direito de sobreviver conforme fosse bem ou mal configurada. Em Atenas eram abandonados nas florestas. Na Idade Média eram frequentes os apedrejamentos ou a morte nas fogueiras da Inquisição. Na China, os surdos eram lançados ao mar e na Gália eram sacrificados a teutatis por ocasião da festa do Agárico.

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