Estudando o fenômeno da premissa
Pesquisas Acadêmicas: Estudando o fenômeno da premissa. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Onaibaf • 1/5/2014 • Pesquisas Acadêmicas • 2.379 Palavras (10 Páginas) • 231 Visualizações
Resumo
Neste artigo nos propomos a estudar o fenômeno da pressuposição, sob
dois pontos de vista diferentes: o linguístico e o pragmático. Tomamos
Ducrot como autor base para o estudo da pressuposição como fator
linguístico, pois sua preocupação concentra-se no que está inscrito na
língua, não nas ideologias que a circundam, já que prioriza o contexto
linguístico (e não o pragmático). Como base para o estudo da
pressuposição como fator pragmático, tomamos Autin que, por sua vez,
considera a pressuposição como uma condição de emprego do próprio
enunciado, vez que transfere a análise de uma sentença e de seus
constituintes para as condições de uso dessa sentença.
Palavras-chave: Pressuposição. Atos de fala. Fator linguistic. Fator
pragmático.
Abstract
In this assay we propose to study the phenomenon of the presupposition,
on two different points of view: the linguistic one and the pragmatic one.
We are in accordance to Ducrot to deal with the study of presupposition
as a linguistic factor; well he is concerned with what is inscribed in the
language, not about ideologies that goes around it, because he prioritizes
the linguistic context (not the pragmatic one).
As a basis to the study of the presupposition as a pragmatic factor we are
in accordance to Austin, who, on the other hand, considers the
presupposition as a condition to the employment of the enunciation, he
transfers the analysis of a sentence and its parts to the conditions of the
use of the sentence.
Key-words: Presupposition. Acts of speech. Linguistic factor. Pragmatic
factor.
1. Introdução
Com a publicação dos estudos de Saussurre, através da obra Curso de Lingüística
Geral, no início do século XX, as investigações sobre a linguagem passaram a ser reconhecidas, dando origem à ciência chamada Linguística. No começo, essa nova ciência não
era autônoma, submetia-se a outros estudos, como filosofia, lógica, história, crítica literária,
entre outras, mas, posteriormente, seu trabalho focalizou-se na investigação científica da
linguagem humana.
A importância da linguagem é inquestionável, já que foi necessária a criação de uma
ciência que se prestasse a investigá-la. É possível pensar na linguagem como um lugar onde
se manifestam as diferentes línguas naturais, que, por sua vez, se modificam constantemente,
já que não são estanques, mas vivas. Foi Saussurre que introduziu a ideia de língua como
instrumento de comunicação em oposição à ideia de língua como mera representação da
estrutura do pensamento.
Ao prosseguir com os estudos sobre a linguagem, pesquisadores começaram a
observar melhor as condições que governam a sua utilização, tecendo contrapontos entre
estrutura e uso. Foi assim que se deu início à Pragmática, que, segundo Fiorin (2002), procura
descobrir os vários princípios que governam os diferentes sentidos dados pelo uso da
linguagem.
Atualmente, os linguistas também se preocupam com a função social da linguagem,
levando em consideração que a língua é uma atividade social e histórica, realizada por sujeitos
racionais, que são capazes de avaliar, julgar, criticar, emitir juízos de valor, etc. Segundo
Koch (1984), a interação verbal por meio da língua é caracterizada pela argumentatividade, já
que toda ação verbal é dotada de intencionalidade e em todo discurso subjaz uma ideologia.
Pensando na linguagem como um lugar de intervenção social e ideológica por meio de
sujeitos que operam sobre a língua, nos propomos, neste trabalho, a estudar a pressuposição,
informações que podem ser inferidas a partir das sentenças, com a finalidade de perceber
conteúdos implícitos que permeiam e regulam as falas dos indivíduos. Serão propostas duas
perspectivas diferentes sobre a pressuposição: a primeira prioriza o contexto linguístico, com
uma concepção relacional, estrutural, em que o enunciado é sempre estratégico. A segunda,
por sua vez, prioriza o contexto pragmático, que se preocupa com o extralinguístico, com as
condições que devem ser satisfeitas para que o enunciado faça sentido e cumpra sua função.
Para contrapor as duas perspectivas, será proposta uma análise entre a teoria proposta
por Ducrot, estudioso que concentra seu trabalho no nível linguístico, pois defende que a
pressuposição está inscrita na língua; e a teoria proposta por Austin, filósofo de Oxford, que
concentra seu trabalho no campo pragmático, pois considera a pressuposição
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