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Humanismo CONTEXTO HISTÓRICO

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Por:   •  29/3/2014  •  Tese  •  978 Palavras (4 Páginas)  •  619 Visualizações

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Humanismo é o nome que se dá à produção escrita histórica literária do final da Idade Média e início da Moderna, ou seja, parte do século XV e início do XVI, mais precisamente, de 1434 a 1527. Três atividades mais destacadas compôs esse período: a produção historiográfica de Fernão Lopes, a produção poética dos nobres, por isso dita Poesia Palaciana, e a atividade teatral de Gil Vicente.

CONTEXTO HISTÓRICO

No final do século XV, a Europa passava por grandes mudanças, provocadas por invenções como a bússola, pela expansão marítima que incrementou a indústria naval e o desenvolvimento do comércio com a substituição da economia de subsistência, levando a agricultura a se tornar mais intensiva e regular.

Deu-se o crescimento urbano, especialmente das cidades portuárias, o florescimento de pequenas indústrias e todas as demais mudanças econômicas provenientes do Mercantilismo, inclusive o surgimento da burguesia.

Todas essas alterações foram agilizadas com o surgimento dos humanistas, estudiosos da cultura clássica antiga. Alguns eram ligados à Igreja; outros, artistas ou historiadores, independentes ou protegidos pro mecenas. Esses estudiosos tiveram uma importância muito grande porque divulgaram, de forma mais sistemáticas, os novos conceitos, além de identificaram e valorizarem direitos dos cidadãos.

Acabaram por situar o homem como senhor de seu próprio destino e elegeram-no como a razão de todo conhecimento, estabelecendo, para ele, um papel de destaque no processo universal e histórico.

Essas mudanças na consciência popular, aliadas ao fortalecimento da burguesia, graças à intensificação das atividades agrícolas, industriais e comerciais, foram, lenta e gradativamente, minando a estrutura e o espírito medievais.

Em Portugal, todas essas alterações se fizeram sentir, evidentemente, ainda que algumas pudessem chegar ali com menor força ou, talvez, difusas, sobretudo porque o impacto maior vivido pelos portugueses foi proporcionado pela Revolução de Avis ( 1383-1385 ), na qual D. João, mestre de Avis, foi ungido rei, após liderar o povo contra injunções de Castela.

Alguns fatores ligados a esse quadro histórico indicam sua influência no rumo que as manifestações artísticas tomaram em Portugal. São eles: as mudanças processadas no país pela Revolução de Avis; os efeitos mercantilistas; a conquista de Ceuta ( 1415 ), fato que daria início a um século de expansionismo lusitano; o envolvimento do homem comum com uma vida mais prática e menos lirismo cortês, morto em 1325; o interesse de novos nobres e reis por produções literárias diferentes do lirismo. Tudo isso explica a restrição do espaço para o exercício e a manifestação da imaginação poética, a marginalização da arte lírica e o fim do Trovadorismo. A partir daí, o ambiente se tornou mais propício à crônica e à prosa histórica, ao menos nas primeiras décadas do período.

CARACTERÍSTICAS

Culturalmente, a melhoria técnica da imprensa propiciou uma divulgação mais ampla e rápida do livro, democratizando um pouco o acesso a ele. O homem desse período passa a se interessar mais pelo saber, convivendo com a palavra escrita. Adquire novas idéias e outras culturas como a greco-latina.

Mas, sobretudo, o homem percebe-se capaz, importante e agente. Acreditando-se dotado de "livre arbítrio", isto é, capacidade de decisão sobre a própria vida, não mais determinada por Deus, afasta-se do teocentrismo, assumindo, lentamente, um comportamento baseado no antropocentrismo. Isto implica profundas transformações culturais. De uma postura religiosa e mística, o homem passa gradativamente a uma posição racionalista.

O Humanismo funcionará como um período de transição entre duas posturas. Por isso, a arte da época é marcada pela convivência de elementos espiritualistas ( teocêntricos ) e terrenos ( antropocêntricos ).

A historiografia, a poesia, a prosa doutrinária e o teatro apresentaram características específicas.

PROSA DOUTRINÁRIA

Com o aumento de interesse pela leitura , houve um significativo e rápido crescimento da cultura com o surgimento de bibliotecas e a intensificação de traduções de obras religiosas e profanas, além da atualização de escritos antigos. Esse envolvimento com o saber atingiu também a nobreza, a ponto de as crônicas históricas passarem a ser escritas pelos próprios reis, especialmente da dinastia de Avis, com os exemplos de D. João I, D.Duarte e D. Pedro.

Essa produção recebeu o nome de doutrinária, porque incluíam a atitude de transmitir ensinamentos sobre certas prática diárias, e sobre a vida. Alguns exemplos: Ensinança de bem cavalgar toda sela, em que se faz o elogio do esporte e da disciplina moral, e Leal Conselheiro, em que se estabelecem princípios de conduta moral para a nobreza m ambos de D. Duarte; livro de Montaria (D.João I) sobre a caça; e outros.

POESIA PALACIANA

Conforme já dito no capítulo relativo às crônicas históricas, o Mercantilismo e outros acontecimentos de âmbito português modificaram o gosto literário do público, diminuindo-o quanto à produção lírica, o que manteve a poesia enfraquecida durante um século (mais ou menos de 1350 a 1450). No entanto, em Portugal, graças à preferência do rei D.Afonso V ( 1438-1481), abriu-se um espaço na corte lusitana para a prática lírica e poética. Assim, essa atividade literária sobreviveu em Portugal, ainda que num espaço restrito, e recebeu o nome de Poesia Palaciana, também identificada por quatrocentista.

Essa produção poética tem uma certa limitação quanto aos conteúdos, temas e visão de mundo, porque seus autores, nobres e fidalgos, abordavam apenas realidades palacianas, como assuntos de montaria, festas, comportamentos em palácios, modas, trajes e outras banalidades sem implicação histórica abrangente. O amor era tratado de forma mais sensual do que no Trovadorismo, sendo menos intensa a idealização da mulher. Também, neste gênero poético , ocorre a sátira.

Formalmente são superiores à poesia trovadoresca, seja pela extensão dos poemas graças à cultura dos autores, seja pelo grau de inspiração, seja pela musicalidade ou mesmo pela variedade do metro estes dois últimos recursos conferiam a cada poema a chance de possuírem ritmo próprio. Os versos continuavam a ser as redondilhas e era normal o uso do mote. A diferença mais significativa em relação às cantigas do Trovadorismo é que as poesias palacianas foram desligadas da música, ou seja, o texto poético passou a ser feito para a leitura e declamação, não mais para o canto.

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