Importância do conhecimento prévio
Resenha: Importância do conhecimento prévio. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: brendatavaares • 24/2/2015 • Resenha • 1.025 Palavras (5 Páginas) • 725 Visualizações
3. A Importância dos Conhecimentos Prévios
A compreensão de um texto somente é possível se o leitor já possuir
previamente algum conhecimento do qual possa partir para processar as
informações contidas no texto: só se compreende o que não se conhece a partir do
já conhecido. Não é interessante pensar que há sempre um aproveitamento de
nossas leituras anteriores para a leitura que estamos fazendo nesse momento?
Nossas leituras dependem, portanto, em grande parte, dos conhecimentos
que já possuímos, ou seja, de nossos conhecimentos prévios. As leituras que
precedem a leitura em questão, os conhecimentos adquiridos de maneira formal,
ou não, são fatores que possibilitam uma boa interpretação e compreensão do
texto, por exemplo: um médico tem mais facilidade em ler e compreender os
efeitos colaterais explicitados em uma bula de remédio do que um leigo, pois
estudou sobre o assunto e conhece-o.
Além disso, o sentido de um texto não é construído somente por meio de
elementos explícitos; a compreensão constitui um processo que requer cálculo
mental. As inferências constituem um exemplo prototípico de cálculo mental, pois
elas são o processo pelo qual o leitor adquire informação partindo de informações
textuais explicitamente apresentadas e levando em conta o contexto. Podemos definir inferência como um processo que permite gerar novos
sentidos, ou novas informações a partir do estabelecimento de relações entre as
informações que estão explícitas no texto e os nossos conhecimentos. Assim, por
exemplo, a partir da piadinha a seguir:
A professora perguntou para Nino:
- Você tem sete bombons. Como é que você faz para dividir com a sua
irmãzinha?
E o Nino responde:
- Dou quatro para mim e três para ela.
- O que é isso, Nino? Você ainda não sabe dividir?
- Eu sei. Mas minha irmã não sabe...
Podemos inferir, com base nas informações explícitas no texto, que Nino é
malandro, ou seja, deseja tirar vantagem da falta de conhecimento da irmãzinha,
pois, consciente de que ela não sabe fazer a operação de divisão, tem a intenção
de enganá-la. Essa informação não está dita explicitamente no texto, mas a
diferença na quantidade de bombons que ele distribuirá é vantajosa a seu favor. As
informações presentes no texto associadas a nossos conhecimentos socioculturais
sobre o comportamento das pessoas nos permitem construir uma avaliação a
respeito do personagem. Essa avaliação se dá por um processo inferencial.
Outro exemplo:
Um cão atravessava o rio com um pedaço de carne na boca.
Quando viu seu reflexo na água, pensou que fosse outro cão
carregando um pedaço de carne ainda maior. Soltou então o
pedaço que carregava e se jogou na água para pegar o outro.
Resultado: não ficou nem com um nem com outro, pois o primeiro
foi levado pela correnteza e o segundo não existia.
In: Fábulas de Esopo. Tradução de Antônio Carlos Vianna. Porto
Alegre: L&PM, 1997.
Com base na leitura do texto anterior, podemos inferir que a ambição
excessiva não traz benefícios. O texto não traz essa informação de forma explícita,
mas os fatos narrados nos conduzem a essa conclusão, por um processo de
raciocínio inferencial que uniu informações do texto ao que já conhecíamos
previamente.O conceito de conhecimento prévio engloba ainda conhecimentos de
diversas ordens: sobre a língua e seu funcionamento, sobre os textos e suas
estruturas, sobre o mundo em geral, sobre a especificidade da situação de
comunicação, além daqueles adquiridos por meio das experiências pessoais do
leitor.
Portanto, podemos identificar, entre outros, três grandes conjuntos de
conhecimentos prévios: o conhecimento linguístico, o conhecimento textual
e o conhecimento de mundo. Obviamente, esses três grandes conjuntos de
conhecimentos se articulam e a ativação de todos eles permite ao leitor transformar
uma estrutura isolada e fragmentada na memória numa entidade mais completa e
coerente.
O conhecimento linguístico representa a competência do falante em
relação à gramática de sua língua materna que, por sua vez, permite ao leitor
perceber a maneira pela qual o texto foi tecido: sua ligação interna, sua
textualidade, sua unidade. É um dos tipos de conhecimento do qual o indivíduo
lança mão, por exemplo,
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