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Interpretacao

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Por:   •  6/5/2014  •  1.715 Palavras (7 Páginas)  •  684 Visualizações

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PUCCAMP)

Dona Casemira vivia sozinha com seu cachorrinho. Era um cachorrinho preto e branco que Dona Casemira encontrara na rua um dia e levara para casa, para acompanhá-la na sua velhice. Pobre da Dona Casemira.

Dona Casemira acordava de manhã e chamava:

– Dudu!

O cachorro, que dormia na área de serviço do apartamento, levantava a cabeça.

– Vem, Dudu!

O cachorrinho não ia. Dona Casemira preparava a comida do cachorro e levava até ele.

– Está com fome, Dudu?

Dona Casemira botava o prato de comida na frente do cachorrinho.

– Come tudo, viu, Dudu?

Dona Casemira passava o dia inteiro falando com Dudu.

– Que dia feio, hein, Dudu?

– Vamos ver nossa novela, Dudu?

– Vamos dar uma volta, Dudu?

Dona Casemira e seu cachorrinho viveram juntos durante sete, oito anos. Até que Dona Casemira morreu. E no velório de Dona Casemira, lá estava o cachorrinho sentado num canto, com o olhar parado. A certa altura do velório o cachorrinho suspirou e disse:

– Pobre da dona Casemira...

Os parentes e amigos se entreolharam. Quem dissera aquilo?

Não havia dúvida. Tinha sido o cachorro.

– O que... o que foi que você disse? – perguntou um neto mais decidido, enquanto os outros recuavam, espantados.

– Pobre da Dona Casemira – repetiu o cachorro. – De certa maneira, me sinto um pouco culpado...

– Culpado por quê?

– Por nunca ter respondido às perguntas dela. (...) Agora é tarde.

A sensação foi enorme. Um cachorro falando! Chamem a TV!

– E por que – perguntou o neto mais decidido – você nunca respondeu?

– É que eu sempre interpretei como sendo perguntas retóricas..."

(Luís Fernando Verissimo, O Analista de Bagé. Porto Alegre:

L&PM Editores, 1981, p. 47-8)

Assinale a alternativa em que se analisa corretamente o tipo de humor criado pelo texto.

a) Combinação entre o macabro e o ridículo.

b) Contraste entre o lírico e o grotesco.

c) Seqüência de clímax e anticlímax.

d) Contraste entre o macabro e o irônico.

e) Combinação entre o fantástico e o irônico.

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(PUCCAMP)

Dona Casemira vivia sozinha com seu cachorrinho. Era um cachorrinho preto e branco que Dona Casemira encontrara na rua um dia e levara para casa, para acompanhá-la na sua velhice. Pobre da Dona Casemira.

Dona Casemira acordava de manhã e chamava:

– Dudu!

O cachorro, que dormia na área de serviço do apartamento, levantava a cabeça.

– Vem, Dudu!

O cachorrinho não ia. Dona Casemira preparava a comida do cachorro e levava até ele.

– Está com fome, Dudu?

Dona Casemira botava o prato de comida na frente do cachorrinho.

– Come tudo, viu, Dudu?

Dona Casemira passava o dia inteiro falando com Dudu.

– Que dia feio, hein, Dudu?

– Vamos ver nossa novela, Dudu?

– Vamos dar uma volta, Dudu?

Dona Casemira e seu cachorrinho viveram juntos durante sete, oito anos. Até que Dona Casemira morreu. E no velório de Dona Casemira, lá estava o cachorrinho sentado num canto, com o olhar parado. A certa altura do velório o cachorrinho suspirou e disse:

– Pobre da dona Casemira...

Os parentes e amigos se entreolharam. Quem dissera aquilo?

Não havia dúvida. Tinha sido o cachorro.

– O que... o que foi que você disse? – perguntou um neto mais decidido, enquanto os outros recuavam, espantados.

– Pobre da Dona Casemira – repetiu o cachorro. – De certa maneira, me sinto um pouco culpado...

– Culpado por quê?

– Por nunca ter respondido às perguntas dela. (...) Agora é tarde.

A sensação foi enorme. Um cachorro falando! Chamem a TV!

– E por que – perguntou o neto mais decidido – você nunca respondeu?

– É que eu sempre interpretei como sendo perguntas retóricas..."

(Luís Fernando Verissimo, O Analista de Bagé. Porto Alegre:

L&PM Editores, 1981, p. 47-8)

O narrador desse texto:

a) permanece isento em relação aos fatos narrados, jamais os comentando ou neles interferindo.

b) dá nome, a certa altura, ao sentimento que experimentava diante da vida da protagonista.

c) indica não ser indiferente à solidão em que vivia Dona Casemira.

d) é onisciente em relação a Dudu, mas não o é em relação à dona do cachorro.

e) participa discretamente da ação narrada,

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