A INTERPRETAÇÃO DE GADAMER DA HERMENÊUTICA HEIDEGGERIANA

A INTERPRETAÇÃO DE GADAMER DA HERMENÊUTICA HEIDEGGERIANA

Neste artigo buscar-se-á compreender algumas influências da hermenêutica heideggeriana na hermenêutica gadameriana. É relevante a leitura que Gadamer faz em relação a estrutura temporal e histórica da facticidade (ou estrutura prévia da compreensão).

É neste contexto que Gadamer compreende um Heidegger que ressalta a condição humana na medida em que esta encontra-se absorvida por uma tradição que a determina, mas apesar disto o homem caracteriza-se enquanto um projeto em direção ao futuro e que está aberto a múltiplas possibilidades.

Gadamer nos afirma que os prejuízos (preconceitos) possuem um papel fundamental no processo de compreensão. Tal conceito é desenvolvido em Verdade e Método – a possui ampla influência em relação aquilo que Heidegger entende por compreensão. Segundo Gadamer (2005, p.14) “é só o reconhecimento do caráter essencialmente preconceituoso de toda a compreensão que pode levar o problema hermenêutico a sua real agudeza”.

Em sua obra Verdade e Método, Gadamer busca fazer uma análise de pontos hermenêuticos presentes na filosofia heideggeriana. No próprio Heidegger, é possível se verificar um retorno à vida que fora observada anteriormente por Husserl e Dilthey. Observa-se que Heidegger possui uma postura epistemológica diferenciada.

Heidegger não pretende desenvolver a sua filosofia hermenêutica a partir um cogito cartesiano ou de eu transcendental kantiano como fizera o seu mestre Husserl; na verdade Heidegger procura desenvolver uma hermenêutica da facticidade em que o Dasein consiste em algo dado e que serviria de base para qualquer investigação fenomenológica. Segundo Gadamer (Hhod, p.64) hermenêutica da facticidade “está diante do enigma que o ser aí que é jogado no aí, explicita a si mesmo, projeta-se continuamente rumo a possibilidades, ao que vem ao encontro de nós”.