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Linguagem Corporal

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Por:   •  21/9/2013  •  1.757 Palavras (8 Páginas)  •  634 Visualizações

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AGRESSIVIDADE NA FAIXA ETÁRIA DE 2 A 6 ANOS

Sobre a afirmação de que o ambiente familiar é um dos, senão o principal fator influenciador dos comportamentos agressivos de crianças, acrescentamos a contribuição de Lisboa (2006), que nos coloca que, mesmo no período pré-natal, a criança já sente se é aceita ou não e isso poderá ter conseqüência no comportamento do bebê, além de que “As crianças ricas ou pobres, produtos de gestações não desejadas, dificilmente receberão os cuidados necessários ao seu bom desempenho emocional” (p.55).

Lisboa (2006) ainda afirma que:

A criança com menos de 5 anos, institucionalizada em internatos, orfanatos, creches, hospitais ou em qualquer outro lugar que a afaste de sua mãe, poderá vir a ter problemas na estruturação de sua personalidade. A privação materna exerce seus efeitos deletérios desde a sala de partos até o final da infância (LISBOA, 2006, p. 59-60)

Entendemos, então, que não é o fato da institucionalização em si que afeta a formação da personalidade da criança, mas a privação materna, se, por outro lado, mesmo nestes ambientes, a criança for devidamente cuidada, como num lar equilibrado, os efeitos deletérios descritos terão menos possibilidade de ocorrer. Porém, a realidade atual de muitas dessas instituições não propicia esse cuidado, já que uma só pessoa, em geral a pajem, é responsável por cuidar de várias crianças ao mesmo tempo, quebrando o vínculo natural mãe-criança.

Patterson (1982) estudou a agressividade no ambiente familiar e verificou que nas famílias, em que não há demonstrações de aprovação e afeto, as crianças são extremamente agressivas. Também ambientes familiares coercivos, com punições, ameaças, provocações entre os membros familiares, contribuem para o desenvolvimento da agressividade nas crianças.

Sobre esse assunto, Lisboa (2006, p. 55) se manifesta, em linguagem contundente, afirmando:

Eis como você cria uma criança violenta: ignore-a, humilhe-a e provoque-a. Grite um bocado. Mostre sua desaprovação a tudo o que ela fizer. Encoraje-a a brigar com irmãos e irmãs. Brigue bastante, especialmente no sentido físico, com seu parceiro conjugal na frente da criança. Bata-lhe bastante. Eu adicionaria: ameace-a, castigue-a, engane-a, minta-lhe, seja permissivo, ensine-a que o mundo é dos ‘vivos’, vangloriando-se diante dela de atos dos quais deveria se envergonhar (...).

De acordo com Goodenough, (apud SHAFFER, 2005), a agressividade se diferencia em duas etapas: nas crianças de 2 a 3 anos as agressões são mais físicas, por meio de chutes e tapas, já nas crianças de 3 a 5 anos as agressões são principalmente verbais, como dar apelidos e rir dos outros colegas.

Segundo Berger (2003, p. 202), as crianças são mais agressivas aos 4 que aos 2 anos, pois, “à medida que se tornam mais conscientes de si mesmas e de suas necessidades, as crianças têm maior probabilidade de defender seus próprios interesses”.

Nessa busca pela defesa dos próprios interesses, a criança esbarra na questão dos valores morais, ou seja, naquilo que é aceito como moralmente adequado em determinada sociedade.

Tanto o desenvolvimento cognitivo quanto as experiências sociais ajudam a criança a desenvolver, de forma progressiva, uma compreensão mais rica do significado das regras, leis e obrigações interpessoais, à medida que adquire essas novas compreensões por meio de uma seqüência invariável de estágios morais, cada qual evoluindo e substituindo seu antecessor e representando uma perspectiva mais madura ou avançada sobre assuntos morais (SHAFFER, 2005).

Nesse sentido, Piaget (1977) descreve que a criança passa por um momento inicial em sua trajetória de desenvolvimento cuja característica é o egocentrismo, em que se julga no centro do mundo e que todos ao seu redor vivem em função dela. Este autor relaciona o egocentrismo infantil com o comportamento moral da criança:

O egocentrismo infantil, longe de constituir um comportamento anti-social, segue sempre ao lado do constrangimento adulto. O egocentrismo só é pré-social em relação à cooperação. É preciso distinguir, em todos os domínios, dois tipos de relações sociais: a coação e a cooperação, a primeira implicando um elemento de respeito unilateral, de autoridade, de prestígio; a segunda uma simples troca entre indivíduos iguais. [...] A coação alia-se ao egocentrismo infantil: é por isso que a criança não pode estabelecer um contato verdadeiramente recíproco com o adulto, porque fica fechada no seu eu. [...] No tocante às regras morais, a criança intencionalmente se submete, mais ou menos por completo, às regras prescritas. Mas estas, permanecendo, de qualquer forma, exteriores à consciência do indivíduo, não transformam verdadeiramente seu comportamento. É por isso que a criança considera a regra como sagrada, embora não a praticando na realidade. (PIAGET, 1997, p. 53)

As crianças aprendem inicialmente suas obrigações morais pela imposição dos pais ou imposição do círculo social, pois elas não têm compreensão da regra (coação). Aprendem o que é certo e errado por meio da obrigação, não percebendo o porquê de estar certo ou errado. Para que o desenvolvimento da moral ocorra, Piaget (1994) sugere que são necessários espíritos que se interpenetrem e que se relacionem entre si, portanto, em igualdade e com reciprocidade, em realidades que não criem o respeito unilateral, mas sim o respeito mútuo, portanto, a cooperação.

Dessa forma, vemos que a agressividade parece estar ligada ao desenvolvimento da moral na criança, pois a criança que não respeita condutas morais, ou seja, não acata regras e tem dificuldade em controlar suas demonstrações emocionais, pode manifestar-se de forma agressiva. Este estado pode ser fruto de um ambiente coercivo, do aprendizado pela imposição dos adultos ou mais velhos, pela falta de afetividade positiva no ambiente familiar. Portanto, para que a agressividade diminua nessa faixa etária, é necessário proporcionar também à criança o desenvolvimento de condutas morais.

AGRESSIVIDADE NA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL

A agressividade na criança em fase pré-escolar muitas vezes aparece por fatores como desejo ou possessão de um espaço ou brinquedo ou mesmo na busca pela atenção de um adulto. Isso ocorre pelo fato dela apresentar características egocêntricas e ainda não possuir consciência clara das regras sociais impostas pelo ambiente.

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